Enquanto enfrenta queda de lucros, demissões e perda de mercado na China, a Volkswagen surpreende ao vender mais currywursts do que carros em 2024 — e aposta em um futuro elétrico
A Volkswagen encerrou 2024 com um dado que surpreendeu até mesmo os especialistas do setor automotivo: vendeu mais salsichas do que carros.
A empresa, símbolo da indústria alemã, comercializou 8,5 milhões de unidades de seu currywurst, superando os 5,2 milhões de veículos entregues globalmente. O número representa um crescimento de 200 mil salsichas em relação ao ano anterior.
Currywurst: o trunfo da Volkswagen
Criado em 1973 para alimentar os funcionários nos refeitórios da empresa, o currywurst da Volkswagen se tornou um produto simbólico. A salsicha, servida com molho de tomate apimentado e acompanhada de batatas fritas, é vendida em supermercados de 12 países.
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Além disso, pode ser encontrada nos 30 refeitórios da empresa, em quiosques internos e em lojas próximas às fábricas.
A importância do produto é tão grande que ele possui até um número de peça oficial no catálogo da marca: 199.398.500 A. Segundo Gunnar Kilian, diretor de recursos humanos do grupo, o currywurst virou “muito mais do que um simples lanche; ele é um ícone“.
Polêmica no cardápio
A relação da empresa com a salsicha é tão forte que sua tentativa de retirá-la do cardápio em 2021 gerou protestos. A substituição por opções vegetarianas no refeitório da sede em Wolfsburg foi mal recebida.
Entre os críticos estava o ex-chanceler alemão Gerhard Schröder, que defendeu o prato como “uma barra energética para trabalhadores da produção“.
Em 2023, após a repercussão negativa, a Volkswagen voltou atrás e reintroduziu o currywurst em suas unidades. Desde então, as vendas aumentaram ainda mais.
Queda no lucro e crise estrutural
Apesar do sucesso inesperado do currywurst, a situação financeira da montadora é preocupante. O lucro líquido da empresa caiu 30,4% em 2024. A receita teve um leve crescimento de 0,7%, mas não foi suficiente para compensar as perdas, principalmente no mercado chinês.
A China, principal destino dos veículos da Volkswagen, registrou o menor nível de entregas da marca em mais de uma década. Enquanto isso, concorrentes chinesas, como a BYD, avançaram com modelos elétricos mais baratos, desbancando a VW como a líder de vendas no país.
Fábricas ameaçadas e demissões em massa
Diante da pressão econômica, a Volkswagen esteve perto de fechar fábricas na Alemanha pela primeira vez. Embora tenha conseguido evitar o fechamento, anunciou a demissão de 35 mil funcionários nos próximos anos.
A empresa também suspendeu temporariamente seu programa de segurança no trabalho, que garantia estabilidade até 2029.
Somente após negociações com sindicatos, em dezembro, o programa foi prorrogado até 2030. Mesmo assim, o clima entre os trabalhadores continua incerto.
Desafios externos e tarifas americanas
Além dos problemas internos, a Volkswagen enfrenta pressões externas. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou impor tarifas sobre a importação de carros vindos da Europa e do México. A montadora tem fábricas nesses países que abastecem o mercado americano.
O cenário ainda é agravado por incertezas geopolíticas e aumento nas restrições comerciais, fatores que dificultam os planos de recuperação da empresa.
Esperança no carro elétrico
Apesar das dificuldades, a montadora aposta na eletrificação como caminho para a recuperação. Em 2025, espera um crescimento de mais de 5% na receita. A empresa também revelou planos para lançar seu carro elétrico mais ível até 2027.
O modelo, chamado ID. Every1, deverá custar cerca de 20 mil euros (R$ 128,6 mil) e será voltado ao público que busca veículos elétricos a preços mais baixos. A meta é competir com os rivais chineses e recuperar espaço no mercado global.
O contraste entre o sucesso do currywurst e os problemas enfrentados pela Volkswagen mostra os desafios atuais da indústria automotiva.
A empresa, que já foi símbolo de força e inovação, agora se apoia em sua tradicional salsicha enquanto tenta reinventar sua presença no setor. A missão de voltar ao topo está em curso, mas o caminho é longo e cheio de obstáculos.
Com informações de Xataka.