A câmera digital que se tornou febre no Brasil, vendeu milhões com marketing agressivo, sumiu sem explicação e hoje é lembrada como símbolo de uma era marcada por tecnologia limitada, promessas ousadas e consumidores atraídos pelo apelo do parcelamento.
Você se lembra da TekPix? A câmera que virou febre no Brasil no início dos anos 2000 chegou a vender mais de R$ 4 milhões em um único dia e transformou-se em um fenômeno de marketing e consumo, mas sua trajetória foi tão rápida quanto seu desaparecimento.
Segundo dados de mercado, a empresa por trás da TekPix, a Tecnomania, faturava até R$ 1 milhão diariamente em vendas diretas por telefone, mas não conseguiu se adaptar à revolução dos smartphones e acabou sumindo misteriosamente do mercado brasileiro.
Antes da popularização dos celulares com câmera e dos serviços de streaming, a rotina de entretenimento doméstico girava em torno da televisão ligada no horário nobre.
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Foi nesse cenário que surgiu o icônico comercial da TekPix, apresentado pelo carismático vendedor Juarez, cujo bordão “Vamos falar de coisa boa, vamos falar de TekPix!” marcou uma geração.
A promessa? Um aparelho “9 em 1”, capaz de substituir câmeras fotográficas, filmadoras, MP3 players e até rádios, com preço ível e parcelamento facilitado, atraindo principalmente famílias das cidades do interior.
Estratégia de marketing que fez a diferença
O sucesso da TekPix não se deveu apenas ao produto em si, mas sobretudo à estratégia agressiva de marketing e à forma de venda direta ao consumidor, que eliminava intermediários e facilitava a aquisição.
De acordo com especialistas em marketing, a Tecnomania soube criar uma percepção de valor superior ao custo real do produto, vendendo câmeras fabricadas na China por cerca de R$ 300 a valores que variavam entre R$ 958 e R$ 3.516, garantindo margens de lucro muito altas.
O modelo de negócio era simples e eficaz: o produto era anunciado exaustivamente na TV aberta em horários de grande audiência, principalmente no fim da noite, quando o público-alvo estava mais receptivo.
O telefone era a principal porta de venda, e a facilidade do pagamento parcelado em várias vezes permitia que milhares de brasileiros comprassem a TekPix sem grandes barreiras financeiras.
No auge, a Tecnomania chegou a vender cerca de 1.300 unidades por dia, o que significava um faturamento diário entre R$ 2,9 milhões e R$ 4,5 milhões — números surpreendentes para um aparelho que, na prática, entregava qualidade técnica modesta.
A chegada dos smartphones e o declínio da TekPix
Porém, o que muitos não sabiam é que o sucesso da TekPix estava mais ligado ao marketing do que à inovação tecnológica.
O produto não acompanhava os avanços do mercado e apresentava falhas que foram reveladas com o tempo.
Em 2013, a chegada dos smartphones com câmeras cada vez mais avançadas e conectividade à internet provocou o declínio irreversível da TekPix, que não conseguiu se reinventar.
Sites especializados e consumidores aram a comparar os dispositivos e apontar a baixa qualidade do produto, principalmente pelo preço elevado e pela falta de recursos modernos.
O fenômeno TekPix, assim, entrou em declínio acelerado, e a empresa sumiu do mercado sem explicações oficiais.
O que antes parecia ser uma revolução tecnológica brasileira revelou-se um modelo insustentável frente à transformação digital global.
Legado e lições do fenômeno TekPix
Conforme análise de especialistas em tecnologia, a incapacidade da Tecnomania de investir em inovação e a dependência exclusiva de um marketing agressivo levaram à obsolescência da marca.
O legado da TekPix permanece, no entanto, como um estudo sobre o impacto do marketing e do comportamento do consumidor brasileiro nas primeiras décadas do século XXI.
O bordão e a figura do vendedor Juarez são lembrados com nostalgia por quem viveu aquela época, enquanto o caso é frequentemente citado em cursos de publicidade e istração como exemplo de sucesso temporário aliado a desafios de sustentabilidade.
Nos dias atuais, com a tecnologia de smartphones dominando o mercado de câmeras digitais, é quase inimaginável que uma câmera “9 em 1” tenha conseguido tamanho impacto comercial.
No entanto, a trajetória da TekPix evidencia a força do marketing no Brasil e a importância da adaptação constante em um mercado tecnológico em rápida evolução.
Mas. a pergunta que não quer calar: você já viu ou teve uma Tekpix? Deixe sua resposta nos comentários! Até a próxima!