Levantamento do IBGE mostra que o setor supermercadista foi o principal responsável pelo crescimento do varejo no país
As vendas em supermercados alcançaram, em março de 2025, o maior nível desde o início da série da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), iniciada no ano de 2000. Com isso, o segmento representou 56,4% do total de vendas no varejo e contribuiu diretamente para o resultado positivo do comércio varejista nacional. Os dados foram divulgados em 15 de maio de 2025.
Ritmo de crescimento é positivo, mas segue moderado segundo análise técnica do IBGE
Entre agosto de 2024 e março de 2025, apenas fevereiro apresentou um crescimento mais acentuado, de 1,2%. Isso evidencia que, embora haja expansão, ela ocorre de forma moderada. De acordo com o gerente da PMC, Cristiano Santos, o comportamento de consumo tem sido impactado por fatores como inflação e priorização de itens essenciais. Por esse motivo, o setor segue em crescimento sustentado, mas com limitações.
Inflação de alimentos interfere no volume de vendas ao longo do período
Segundo o IBGE, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para alimentos superou 1% em quatro dos sete meses entre outubro de 2024 e março de 2025. Esse cenário afetou o consumo em diferentes faixas de renda. Consequentemente, muitas famílias tiveram de adaptar seus hábitos, priorizando necessidades básicas e restringindo gastos em outras categorias.
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Comércio varejista nacional mantém trajetória de alta no primeiro trimestre de 2025
O varejo , como um todo, cresceu 0,8% em março, na comparação com fevereiro. Esse resultado representa o terceiro mês seguido de crescimento e confirma uma tendência de estabilização. A média móvel trimestral, por sua vez, ficou em 0,6%, o que, segundo o IBGE, reforça a percepção de que há uma trajetória positiva no consumo, embora condicionada à conjuntura econômica.
Setores de papelaria, informática e vestuário tem desempenho acima da média
Em março de 2025, seis das oito atividades pesquisadas pela PMC apresentaram crescimento. O destaque foi o setor de livros, jornais, revistas e papelaria, que cresceu 28,2%, influenciado pelo calendário escolar. Também registraram alta os segmentos de informática e material de escritório, com 3,0%; artigos de uso pessoal e doméstico, com 1,5%; produtos farmacêuticos, com 1,2%; e vestuário e calçados, também com 1,2%. Segundo os dados técnicos do IBGE, os resultados refletem ajustes sazonais e comportamentais do consumidor.
Móveis, eletrodomésticos e combustíveis apresentaram queda no mês
Dois segmentos apresentaram desempenho negativo em março. Móveis e eletrodomésticos recuaram 0,4%, enquanto combustíveis e lubrificantes sofreram retração de 2,1%. O IBGE atribui essas quedas a fatores como desaceleração no consumo de bens duráveis e variações nos preços de combustíveis, além da influência do crédito e do endividamento das famílias.
Varejo ampliado também registra crescimento com destaque para veículos
O chamado varejo ampliado, que inclui veículos, peças e materiais de construção, teve crescimento de 1,9% em março de 2025. Segundo o levantamento do IBGE, veículos e autopeças cresceram 1,7%, favorecidos por melhores condições de financiamento, enquanto materiais de construção registraram alta de 0,6%, impulsionados por reformas residenciais. Especialistas citaram a liberação de crédito e pequenas obras como fatores que influenciaram positivamente os resultados.
Comparação anual mostra que vendas em supermercados seguem estáveis, enquanto outros setores recuam
Na comparação entre março de 2025 e março de 2024, o volume total de vendas no varejo caiu 1,0%. Esse desempenho negativo foi observado em cinco dos oito setores monitorados. Os recuos mais significativos foram registrados em livros, jornais e papelaria, com queda de 6,9%, e em artigos de uso pessoal e doméstico, com retração de 6,3%. Contudo, alguns segmentos apresentaram crescimento anual, como móveis e eletrodomésticos, com alta de 3,3%; produtos farmacêuticos, com aumento de 2,1%; e vestuário, com elevação de 1,4%. O IBGE reforça que esses resultados refletem dinâmicas específicas, como comportamento do consumidor, sazonalidade e poder de compra.
Continuidade do crescimento nas vendas em supermercados depende de estabilidade econômica
Para o IBGE, o desempenho do varejo nos próximos meses dependerá de três fatores principais. O controle da inflação, especialmente de alimentos, é essencial para manter o consumo em alta. O o ao crédito precisa ocorrer em condições sustentáveis. Além disso, o reforço no poder de compra da população será decisivo para sustentar o ritmo de crescimento. Portanto, embora os dados do primeiro trimestre indiquem uma retomada gradual, a permanência desse movimento requer estabilidade macroeconômica e ações coordenadas de estímulo ao consumo consciente.