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Uso da madeira na construção civil pode ser chave para mitigar mudanças climáticas, apontam pesquisadores da Unesp

Publicado em 19/05/2025 às 16:36
Especialistas da Unesp destacam o uso da madeira como solução sustentável na construção civil. Estudo propõe políticas globais para reduzir o uso de combustíveis fósseis e promover a sustentabilidade no setor.
Especialistas da Unesp destacam o uso da madeira como solução sustentável na construção civil. Estudo propõe políticas globais para reduzir o uso de combustíveis fósseis e promover a sustentabilidade no setor. Imagem: Canva.
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Especialistas da Unesp destacam o uso da madeira como solução sustentável na construção civil. Estudo propõe políticas globais para reduzir o uso de combustíveis fósseis e promover a sustentabilidade no setor.

Estudo publicado na revista Nature Reviews Materials, com participação de docentes da Unesp, propõe políticas globais para ampliar o uso de materiais sustentáveis, com destaque para a madeira, no setor da construção civil — responsável por 35% das emissões do uso de combustíveis fósseis no mundo.

Construção civil é responsável por parte expressiva das emissões globais

O combate ao aquecimento global a, necessariamente, pela transformação do setor da construção civil.

Atualmente, essa indústria responde por aproximadamente 35% das emissões de gases de efeito estufa (GEE) associadas ao uso de combustíveis fósseis — que, no total, representam cerca de 80% das emissões globais, conforme o mais recente relatório do Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), de 2023.

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A construção civil, por sua natureza transversal e escala global, demanda energia intensiva tanto na produção e transporte de materiais quanto nas etapas de edificação e demolição.

Segundo o Relatório de Status Global sobre Edificações e Construção, divulgado pela ONU em 2023, o setor precisa reduzir em 37% sua intensidade energética até 2030, em comparação com os níveis de 2015, para que as metas do Acordo de Paris sejam alcançadas.

Materiais biológicos como solução para a sustentabilidade

Nesse contexto, materiais biológicos, como a madeira, surgem como alternativas promissoras para uma construção civil mais sustentável.

Foi exatamente esse o foco de um artigo recém-publicado na revista científica Nature Reviews Materials.

A pesquisa, assinada por Victor de Araújo e André Christoforo, professores da pós-graduação em Engenharia Civil da Unesp de Ilha Solteira, em parceria com o professor Maximilian Pramreiter, da Universidade de Recursos Naturais e Ciências da Vida de Viena, propõe políticas globais para estimular o uso desses materiais.

Segundo os autores, é essencial que haja um plano de ação compartilhado entre nações, ultraando as estratégias isoladas de países ou blocos, como acontece hoje com Brasil e União Europeia.

Madeira ainda enfrenta barreiras para ampla adoção

Apesar de seus benefícios ambientais, a madeira ainda enfrenta obstáculos significativos para se tornar protagonista na construção civil.

Os pesquisadores projetam que, mesmo em um cenário otimista, sua participação no mix de materiais da União Europeia deve atingir no máximo 9,5% até 2030 — número ainda tímido diante da urgência climática.

Ao longo do artigo, são citados exemplos de projetos emblemáticos que já utilizam madeira como principal componente, como o edifício Mjøstårnet (Noruega), o Ascent MKE (EUA) e o 25 King (Austrália).

No entanto, os autores também identificam falhas nos marcos regulatórios, políticas fiscais e mecanismos de incentivo em diversos países.

Mesmo em nações com vocação florestal, como Brasil e países asiáticos, ainda há subutilização da madeira na construção. Além disso, práticas ilegais de extração continuam ocorrendo, inclusive na Europa, segundo os autores.

A pesquisa alerta para a necessidade de políticas nacionais mais rigorosas, que não apenas incentivem o uso da madeira, mas exijam sua origem legal e responsável. A proposta dos autores é clara: combinar fiscalização rigorosa com programas globais de incentivo ao manejo florestal sustentável.

Madeira engenheirada: tecnologia e sustentabilidade aliadas

A madeira engenheirada representa um avanço técnico e ambiental significativo.

Produzida a partir de espécies de crescimento rápido, como pinus e eucalipto, essa tecnologia abrange cerca de 20 tipos de produtos industriais — de painéis a vigas estruturais —, além de sistemas construtivos híbridos que combinam madeira, aço e concreto.

Conforme destacado por Pramreiter, o uso da madeira permite o sequestro de carbono ao longo de seu ciclo produtivo.

Durante o crescimento das árvores, o CO₂ é naturalmente capturado por meio da fotossíntese, e o carbono permanece armazenado na madeira utilizada nas construções por décadas.

Reflorestamento pode ampliar uso sem prejudicar produção agrícola

Uma das vantagens do uso da madeira engenheirada é a possibilidade de expandir sua produção sem a necessidade de desmatar florestas nativas.

Araújo ressalta que há vastas áreas degradadas e improdutivas no Brasil, na África, na Ásia e nos Estados Unidos que poderiam ser reflorestadas com eucaliptos e pinheiros, sem afetar a produção de alimentos.

O segredo está em sequestrar o máximo de carbono possível enquanto fornecemos bens e serviços essenciais para uma população crescente, afirma Pramreiter.

A rotação entre plantio e colheita, que pode ocorrer em ciclos de 10 a 15 anos, garante a renovação contínua da matéria-prima sem impactos ambientais severos.

Construção civil sustentável e globalmente conectada

Para os pesquisadores da Unesp e seus parceiros internacionais, o futuro da construção civil a pelo fortalecimento de políticas públicas globais que promovam o uso sustentável da madeira e outros materiais biológicos.

Isso requer vontade política, cooperação internacional e investimentos em tecnologia e fiscalização.

Enquanto os efeitos das mudanças climáticas se agravam, soluções como o uso da madeira engenheirada ganham protagonismo como uma alternativa viável, escalável e ambientalmente responsável.

O desafio agora é transformar conhecimento técnico e evidências científicas em ação política e prática construtiva.

Fonte: Jornal da Unesp

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Andriely Medeiros de Araújo

Sou graduanda e atuo como redatora no Click Petróleo e Gás, onde escrevo sobre vagas, concursos, cursos, indústria e temas relacionados. Com cerca de dois anos de experiência na área, já publiquei mais de 3.500 artigos em diversos sites e, diariamente, me dedico a produzir conteúdos informativos e verídicos. Tenho uma grande paixão pela escrita, leitura e cinema.

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