O governo federal voltou a postergar a decisão sobre a retomada das obras da usina nuclear de Angra 3, um projeto iniciado há mais de quatro décadas e que já consumiu bilhões de reais.
A decisão sobre a retomada das obras da usina nuclear de Angra 3, no litoral sul do Rio de Janeiro, foi mais uma vez adiada pelo governo federal.
A construção, iniciada há mais de 40 anos, tem 66% das obras concluídas, mas permanece paralisada.
Enquanto isso, especialistas e ex-ministros do Meio Ambiente que integram a Articulação Antinuclear Brasileira enviaram uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pedindo que o projeto seja definitivamente abandonado.
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Movimento antinuclear pede cancelamento definitivo de Angra 3
A Articulação Antinuclear Brasileira, formada por pesquisadores, cientistas e ex-ministros do Meio Ambiente, reforçou sua posição contra a energia nuclear e defendeu a redução do programa nuclear brasileiro.
Os principais argumentos incluem a limitação dos depósitos de lixo nuclear, os impactos socioambientais da energia atômica e o alto custo da construção e manutenção das usinas.
Além disso, o grupo aponta que Angra 3 se baseia em uma tecnologia considerada obsoleta, com equipamentos projetados há décadas e que não acompanharam os avanços da indústria nuclear.
Em janeiro de 2025, a entidade enviou uma carta oficial ao presidente Lula assinada por 300 personalidades, incluindo três ex-ministros do Meio Ambiente: Izabella Teixeira (2010-2016), José Carlos de Carvalho (2002-2003) e Carlos Minc (2008-2010).
No documento, os signatários argumentam que o Brasil não necessita de energia nuclear, pois possui recursos naturais abundantes para suprir sua demanda elétrica sem depender dessa fonte de geração.
Histórico da energia nuclear no brasil
As usinas nucleares brasileiras operam dentro da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, localizada em Angra dos Reis (RJ). Atualmente, o país conta com duas usinas em operação e uma terceira em construção:
- Angra 1 – Capacidade de 640 megawatts (MW)
- Angra 2 – Capacidade de 1.350 MW
- Angra 3 – Potência projetada de 1.405 MW
Caso seja concluída, a usina Angra 3 poderá gerar mais de 12 milhões de megawatts-hora por ano, o que poderia atender cerca de 4,5 milhões de pessoas.
No entanto, a obra vem enfrentando sucessivas paralisações desde sua concepção, na década de 1980.
Em 2015, as obras foram interrompidas devido a denúncias de corrupção investigadas pela Operação Lava Jato.
Em 2022, uma nova tentativa de retomada fracassou por falta de recursos e dificuldades na viabilização financeira do projeto.
Custos elevados e impactos ambientais preocupam especialistas
Conforme o portal UOL, além das preocupações ambientais, especialistas alertam que a energia nuclear custa mais caro ao consumidor.
Célio Bermann, professor do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (USP) e membro da Articulação Antinuclear Brasileira, explica que a energia gerada por fissão nuclear encarece a tarifa média de eletricidade no país.
Segundo ele, a energia nuclear custa até três vezes mais do que alternativas como eólica e solar.
O professor também destaca que o setor nuclear está estagnado no mundo, com exceção de alguns poucos países que ainda investem nesse tipo de energia: China, Índia e Rússia, seguidos de Coreia do Sul e Emirados Árabes Unidos.
Em contrapartida, na Alemanha, as três últimas usinas nucleares foram desligadas em 2023, encerrando completamente o uso dessa tecnologia no país.
Atualmente, há 447 reatores nucleares em operação no mundo, distribuídos em 30 países, conforme dados da Associação Nuclear Mundial.
Presidente da Eletronuclear rebate críticas e defende Angra 3
Por outro lado, o presidente da Eletronuclear, Raul Lycurgo Leite, contesta as críticas e afirma que a energia nuclear sofre preconceito.
Segundo ele, a percepção negativa sobre a tecnologia foi influenciada por produções cinematográficas que exageram os riscos da energia nuclear.
“Hollywood fez muito mal ao nuclear. Retratou sempre como um hecatombe. Fazem muito terrorismo nuclear, mas se a gente for ver os incidentes, o único grave que ocorreu foi Chernobyl“, argumenta.
Leite ressalta que nunca houve nenhum incidente grave em Angra 1 e 2, nem qualquer situação que colocasse em risco os trabalhadores, a população ou o meio ambiente.
Ele também minimiza o risco da radiação, afirmando que “as pessoas estão mais expostas à radiação quando voam de avião ou tomam banho de sol na praia de Guarapari, no Espírito Santo, do que dentro de uma usina nuclear”.
O executivo da Eletronuclear também contesta a afirmação de que Angra 3 possui tecnologia ultraada.
Segundo ele, a usina utilizará o mesmo tipo de reator PWR (Pressurized Water Reactor), que é o modelo mais usado no mundo.
Além disso, afirma que grande parte dos equipamentos já foi adquirida, enquanto os sistemas de monitoramento e controle ainda serão comprados, garantindo que não sejam desatualizados.
Ime financeiro e futuro de angra 3
O custo para concluir Angra 3 está estimado em R$ 23 bilhões, enquanto o abandono do projeto geraria um prejuízo de R$ 21 bilhões.
O governo federal discute o tema no Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), responsável por assessorar o presidente da República na formulação de políticas para o setor.
Até o momento, o governo ainda não tomou uma decisão definitiva sobre a retomada da obra.
No entanto, especialistas alertam que, independentemente do desfecho, o custo será bancado pelos cofres públicos.
“Quem paga a conta é o contribuinte”, reforça o presidente da Eletronuclear.
A previsão é que a usina possa entrar em operação comercial apenas em 2031, caso as obras sejam retomadas nos próximos anos.
Entre 2009 e 2023, já foram investidos R$ 12 bilhões na construção da unidade, que segue como um dos projetos mais polêmicos e caros da história da infraestrutura energética do Brasil.
“Articulação Antinuclear Brasileira” e cada uma 🤦