Nos últimos anos, as terras raras se tornaram um dos recursos mais valiosos do planeta. Esses minerais são essenciais para a produção de baterias de carros elétricos, turbinas eólicas e eletrônicos de alta tecnologia. No entanto, a China domina cerca de 90% da produção global, tornando-se um player imbatível nesse setor.
Diante dessa dependência, startups estão buscando alternativas inovadoras para recuperar terras raras por meio da reciclagem. Uma dessas ideias vem da HyProMag, que encontrou nos discos rígidos antigos uma mina de ouro para extração desses elementos. Mas como isso funciona? E poderia essa solução desafiar o monopólio chinês?
O monopólio chinês das terras raras
As terras raras são um conjunto de 17 minerais usados em praticamente todas as indústrias modernas. Apesar do nome, elas não são tão raras na crosta terrestre, mas a dificuldade de extração e refino as torna extremamente valiosas. A China, ao longo das últimas décadas, investiu pesadamente na produção e processamento desses materiais, consolidando-se como a principal fornecedora mundial.
Essa dependência do Ocidente tem consequências políticas e econômicas. A China já utilizou a exportação de terras raras como uma ferramenta geopolítica, restringindo seu fornecimento para países em momentos de tensão comercial. Isso tem levado diversas nações a buscar alternativas para reduzir essa vulnerabilidade.
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Reciclagem de discos rígidos: um novo caminho
Com a crescente demanda por terras raras e as dificuldades em expandir a mineração fora da China, a reciclagem surge como uma solução viável. Discos rígidos antigos, por exemplo, contêm poderosos ímãs de neodímio, um dos elementos mais importantes das terras raras.
Empresas estão investindo nesse nicho para extrair esses materiais de maneira eficiente e sustentável. A HyProMag é uma das startups que apostam nessa abordagem inovadora, propondo um método avançado para recuperar terras raras de dispositivos antigos.
HyProMag e sua inovação na reciclagem
A HyProMag, fundada por especialistas da Universidade de Birmingham, desenvolveu um processo baseado na aplicação de hidrogênio puro. Funciona assim: discos rígidos são colocados em um tambor selado e expostos a hidrogênio, que penetra nas microfissuras dos ímãs de neodímio, fragmentando-os em pó.
Esse material então é separado de outros componentes, como aço, alumínio e níquel, permitindo sua reutilização para a produção de novos ímãs. O método é eficiente, gera poucos resíduos e tem um grande potencial de escalabilidade. A empresa estima que sua capacidade inicial seja de 25 a 30 toneladas por ano, mas espera crescer para 350 toneladas com uma nova planta na Alemanha e outras 1.000 toneladas em uma futura fábrica no Texas.
Cyclic Materials: um método diferente
Outra startup, a Cyclic Materials, também está na corrida pela reciclagem de terras raras, mas aposta em uma abordagem diferente. Em vez de separar apenas os ímãs dos discos rígidos, a empresa quebra os materiais até seu nível químico, permitindo uma maior flexibilidade no reaproveitamento.
Seu CEO, Ahmad Ghahreman, compara os dois métodos com a reciclagem de uma pizza. Segundo ele, a técnica da HyProMag transforma a pizza em massa pronta para reuso, enquanto a da Cyclic Materials separa cada ingrediente individualmente. Isso permitiria que as terras raras recicladas fossem usadas para diversas finalidades, não apenas na produção de novos ímãs.
A Cyclic Materials também está crescendo rápido. Em 2024, produziu 100 toneladas de óxidos de terras raras e espera atingir 600 toneladas até o fim do ano. Planeja construir novas fábricas nos EUA, Canadá e Europa, aumentando ainda mais sua capacidade de produção.
Excelente ideia da reciclagem, outros países devem seguir com a prática