Megaprojeto vai criar no Pacífico uma península artificial com 200 hectares, centro financeiro, marinas e praias privadas: obra deve ser concluída até 2029
Imagine caminhar por uma imensa península artificial no litoral do Pacífico, cercada por arranha-céus, praias privadas, marinas, parques aquáticos e um moderno centro financeiro. Tudo isso com ares de Dubai… mas na América do Sul. Não é um sonho distante: é o novo megaproyecto que o Peru acaba de lançar, apostando alto na transformação da região do Callao em um novo polo de investimentos, turismo e inovação urbana.
O projeto, um dos mais ambiciosos da América Latina, pretende conquistar do mar 200 hectares de terreno artificial, criando um novo distrito que promete revolucionar a paisagem urbana do país. E não estamos falando de uma simples expansão costeira, mas de uma construção inspirada em empreendimentos de ponta como as famosas ilhas artificiais de Dubai.
Um projeto que já saiu do papel
Embora soe futurista, o projeto já está em andamento. A ideia surgiu no final de 2023, quando o Ministério da Habitação deu sinal verde para a iniciativa privada que lidera a proposta, com o apoio da Proinversión, agência estatal responsável por promover investimentos no Peru.
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Em entrevista à rádio peruana RPP Notícias, Mario Hernández, diretor da Direção Especial de Projetos da Proinversión, explicou:
“Temos esse projeto na Proinversión desde o final do ano ado, com uma avaliação favorável que permite sua execução. Estamos falando da criação de uma península com cerca de 2 milhões de metros quadrados, ou seja, 200 hectares. Para dar uma ideia, o menor distrito de Lima, Lince, tem apenas 3 hectares”, detalhou.
Por que o Callao?
A escolha de instalar a península no Callao não é por acaso. O porto é a saída natural para o mar de Lima e de toda a região central do Peru, com um grande fluxo de mercadorias, serviços e pessoas. É uma zona estratégica tanto do ponto de vista econômico quanto logístico.
“É a saída para o mar da região de Lima e Callao. Há uma alta concentração populacional, o que se traduz em demanda. Por isso, esse projeto é chave para a expansão urbana e econômica da região”, destacou Hernández.
Como será a península artificial
O novo distrito não incluirá apenas moradias; a ideia é criar um espaço vibrante e multifuncional. Estão previstos bairros residenciais de alto padrão, áreas comerciais, centros de negócios, hotéis, restaurantes, marinas para iates, praias públicas e privadas, parques recreativos e espaços para atividades aquáticas.
“Além dos empreendimentos imobiliários, haverá atividades marítimas, píeres, parques aquáticos e praias de uso público e privado”, explicou Hernández.
Um dos aspectos mais inovadores do projeto é que pretende replicar as tecnologias empregadas em Dubai para construir ilhas artificiais, adaptadas às condições locais do Pacífico peruano. Segundo Hernández:
“É um projeto disruptivo para a costa do Pacífico. O Peru, e em particular Lima e Callao, merecem projetos desse nível de inovação tecnológica.”
Processo complexo e grande impacto econômico
O projeto, que será desenvolvido pela iniciativa privada em um modelo de parceria público-privada, envolve um investimento estimado em 800 milhões de dólares. A expectativa é de que gere milhares de empregos tanto na fase de construção quanto nas futuras operações comerciais e turísticas.
“O emprego sustentável é um componente essencial. Mais do que empregos temporários na construção, o objetivo é gerar trabalho formal e estável nas empresas que se instalarão na península”, ressaltou Hernández.
Quanto ao processo de concessão, ele não será automático. A empresa proponente apresenta a ideia, o Estado a revisa e pode propor ajustes. Em seguida, publica-se uma declaração de interesse, permitindo que outras empresas apresentem propostas alternativas. Se não surgirem concorrentes, o projeto é adjudicado diretamente à empresa original.
Quando a península ficará pronta?
Os prazos são ambiciosos, mas realistas. Hernández destacou que não se trata de uma obra que será concluída rapidamente. O plano é adjudicar o projeto até o final de 2025 e iniciar as obras em seguida.
“Criar 200 hectares de solo urbano não é algo que se faz em um trimestre. Esperamos adjudicar o projeto até o final deste ano, e a construção deverá levar alguns anos”, explicou. A meta é que a península esteja operacional em 2029.
Um projeto que pode transformar o urbanismo do Peru
Se tudo correr como previsto, este megaproyecto posicionará o Callao como um novo centro urbano de referência, comparável aos empreendimentos mais modernos do mundo. Além disso, será um atrativo para investimentos estrangeiros e turismo, com potencial para impulsionar a economia peruana como um todo.
Especialistas como o arquiteto e urbanista peruano Augusto Ortiz de Zevallos acreditam que projetos como este representam uma grande oportunidade para modernizar o tecido urbano do país. Em entrevista ao jornal El Comercio, ele comentou:
“O desafio é garantir que o projeto não se torne um enclave de luxo, mas que seja integrado à cidade, com ibilidade e serviços para todos.”
Por sua vez, a Proinversión já declarou que o objetivo é criar um ambiente inclusivo e sustentável, com infraestrutura de última geração e um planejamento urbano que atenda às necessidades da população local.
De olho no futuro
Além do impacto imediato, este projeto pode abrir caminho para novos desenvolvimentos costeiros no Peru e em outros países da América Latina. Penínsulas e ilhas artificiais estão cada vez mais populares em cidades que precisam expandir sua oferta imobiliária e turística devido à saturação de seus centros históricos.
Exemplos bem-sucedidos como as Palm Islands em Dubai, a ilha Odaiba em Tóquio ou os novos empreendimentos no Mar Cáspio no Cazaquistão mostram que esses projetos são viáveis e podem trazer benefícios significativos.
O Peru parece decidido a seguir essa tendência. E se o megaproyecto do Callao alcançar seus objetivos, poderá marcar o início de uma nova era de inovação urbana no litoral do Pacífico sul-americano.