Entre 2021 e 2025, pesquisadores da UFMG e UnB analisaram os impactos do home office na rotina profissional e concluíram que o modelo traz efeitos positivos sustentáveis
Desde janeiro de 2021, uma equipe de pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Universidade de Brasília (UnB) realizou um estudo longitudinal. O objetivo foi examinar os efeitos do trabalho remoto no cotidiano de profissionais brasileiros em diversas áreas, com foco na saúde emocional e no desempenho laboral. O coordenador do estudo, professor Roberto Dutra, divulgou os dados consolidados em maio de 2025, durante um seminário acadêmico na cidade de Belo Horizonte. Com base nos resultados, os pesquisadores observaram uma tendência consistente de aumento na satisfação, na concentração e no bem-estar de quem trabalhou remotamente. Dessa forma, o estudo propõe que o home office, quando estruturado, pode ser uma alternativa viável para determinados contextos organizacionais.
Principais benefícios observados ao longo da pesquisa
A análise considerou respostas de participantes que atuaram em home office parcial ou integral entre 2021 e 2025. A partir disso, foram mapeadas as principais percepções. A flexibilidade de horários favoreceu a conciliação entre demandas pessoais e profissionais, proporcionando melhor organização da rotina diária. A economia de tempo e energia decorrente da ausência de deslocamentos contribuiu para a redução de estresse e cansaço, segundo 78% dos entrevistados. A adaptação do ambiente de trabalho à realidade do profissional aumentou a sensação de conforto e autonomia. Já a redução da exposição ao estresse urbano, ao evitar trânsito e ambientes tensos, gerou um ambiente emocional mais equilibrado. Embora os resultados dependam de variáveis como setor, tipo de atividade e infraestrutura tecnológica, a tendência geral foi de percepção positiva.
Efeitos também foram percebidos no desempenho das empresas
Além dos impactos individuais, o estudo identificou reflexos no ambiente organizacional. Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), empresas que adotaram o home office entre 2020 e 2023 relataram melhorias na produtividade, apontadas por 62% das consultadas, especialmente em setores de tecnologia, istração e comunicação. A redução do absenteísmo foi associada ao maior conforto e autonomia dos profissionais. A retenção de talentos aumentou, com maior permanência de colaboradores em posições remotas, principalmente em cargos técnicos e de gestão. Entretanto, os pesquisadores destacam que tais benefícios exigem planejamento, metas claras e investimentos adequados em gestão digital.
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Modelo híbrido é apontado como alternativa funcional
A partir de 2023, o modelo híbrido tornou-se predominante em empresas de médio e grande porte. O estudo avalia que essa configuração favorece a transição entre o remoto e o presencial. O trabalho em casa oferece comodidade, enquanto os dias presenciais mantêm vínculos interpessoais e fortalecem a cultura organizacional. O equilíbrio entre os formatos atende melhor às necessidades operacionais sem comprometer o desempenho coletivo. Além disso, os encontros presenciais são considerados estratégicos para decisões, treinamentos e reforço de identidade institucional. O modelo híbrido surge como solução intermediária funcional e adaptável a diversos tipos de negócio.
Políticas organizacionais estruturadas são essenciais
A adoção do trabalho remoto, portanto, exige mais do que o à internet ou equipamentos, pois também requer planejamento estratégico e políticas internas bem definidas. Além disso, segundo estudo técnico da Fundação Instituto de istração (FIA), divulgado em dezembro de 2024, foram identificados diversos pontos críticos no modelo remoto. Entre eles, destacam-se a falta de padronização nos fluxos de comunicação, bem como a ausência de indicadores de produtividade e o baixo apoio à saúde mental. Por essa razão, os pesquisadores recomendam que as empresas invistam, ao mesmo tempo, em ferramentas digitais eficazes e metas realistas. Também sugerem, além disso, a criação de canais de e psicológico e treinamentos de adaptação para as equipes. Dessa forma, essas ações reduzem significativamente os riscos de sobrecarga, desmotivação contínua e queda na produtividade.
Conclusões indicam que o modelo remoto é sustentável em determinados contextos
O professor Roberto Dutra afirmou, ao encerrar a apresentação do relatório, que o home office não substitui o trabalho presencial, mas pode ser eficiente quando aplicado com estrutura. Segundo ele, entre 2021 e 2025, houve uma mudança significativa de mentalidade, pois os profissionais começaram a priorizar mais qualidade de vida e equilíbrio emocional. Além disso, uma pesquisa complementar do Instituto Datafolha, divulgada em abril de 2025, revelou que 71% dos trabalhadores brasileiros preferem jornadas que ofereçam algum nível de flexibilidade. Portanto, o estudo indica que o trabalho remoto representa, cada vez mais, uma possibilidade real de reorganizar o trabalho moderno com base empírica, institucional e social.