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China pode forçar uma paralisação global de todas as montadoras do mundo

Escrito por Noel Budeguer
Publicado em 04/06/2025 às 12:03
Atualizado em 06/06/2025 às 13:29
China - carros - carros elétricos - montadoras -
Todas as montadoras do mundo estão em alerta vermelho: a China pode forçar uma paralisação global

A crise dos ímãs chineses escancara um problema global: sem eles, carros, aviões e eletrodomésticos podem sair de cena

A tensão entre China e Estados Unidos ganhou um novo capítulo — e agora quem pode pagar a conta são as grandes montadoras de carros. A crise na exportação de ímãs de terras raras ameaça paralisar linhas de montagem em todo o planeta.

Um ingrediente invisível que move a indústria

Eles não aparecem nos comerciais de TV nem são discutidos em rodinhas de bar, mas os ímãs permanentes de terras raras estão por trás de praticamente todos os carros modernos. Esses pequenos componentes fazem girar motores, acionar sensores, manter a estabilidade do veículo e garantir segurança a cada freada.

O problema é que cerca de 90% da capacidade global de refino desses ímãs está nas mãos da China, que desde abril ou a exigir uma licença especial para exportá-los. O processo é burocrático, lento e pouco transparente — o que já provocou uma queda de 50% nas exportações chinesas do material no último mês, segundo dados da Reuters.

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Montadoras soam o alarme: paralisação pode ocorrer em semanas

Em uma carta enviada em 9 de maio ao governo dos EUA, a Aliança para Inovação Automotiva — que representa marcas como General Motors, Toyota, Hyundai e Volkswagen — e a associação MEMA alertaram sobre o risco real de que fábricas sejam forçadas a parar suas atividades por falta de ímãs.

“Sem o confiável a esses elementos e ímãs, os fornecedores automotivos não poderão fabricar componentes essenciais”, diz o documento. A lista de itens afetados inclui desde sensores ABS até sistemas de direção elétrica, câmeras, transmissões e cintos de segurança.

John Bozzella (Aliança) e Bill Long (MEMA), que lideram as associações, reforçaram o alerta em entrevista à Reuters e agradeceram o envolvimento direto da istração Trump. As negociações têm incluído nomes como Scott Bessent, secretário do Tesouro, e Jamieson Greer, representante comercial dos EUA, que estiveram em reuniões com diplomatas chineses em Genebra.

Mas o ime permanece. Segundo Greer, Pequim se comprometeu a liberar as exportações, mas “ainda não vimos o fluxo desses minerais críticos como deveria estar ocorrendo”, declarou à CNBC.

Reações em cadeia: impacto global e novas tensões com Pequim

A pressão não vem apenas das fábricas americanas. A alemã Bosch, uma das maiores fornecedoras de autopeças do mundo, afirmou que seus fornecedores estão enfrentando barreiras severas. Um porta-voz da empresa classificou os novos trâmites chineses como “complexos e demorados”.

Na Índia, o cenário também é preocupante. Montadoras locais disseram que, se as licenças não forem liberadas rapidamente, a produção será suspensa a partir de junho. Algumas autorizações já foram concedidas, incluindo para fornecedores da Volkswagen, mas a lentidão no processo segue gerando tensão entre os fabricantes.

No último dia 31, o presidente Donald Trump foi direto: “A China, talvez sem surpresa para alguns, VIOLOU TOTALMENTE SEU ACORDO CONOSCO”, escreveu na rede Truth Social. A frase fazia referência ao pacto firmado entre os dois países para suspender temporariamente barreiras comerciais — acordo que, segundo os EUA, a China descumpriu.

A resposta veio rápido. A embaixada chinesa em Washington rebateu a acusação e afirmou que os próprios EUA estão impondo restrições severas à exportação de semicondutores, em clara retaliação geopolítica.

O Brasil no radar: dependência, risco e oportunidade

Embora o foco das tensões esteja entre Washington e Pequim, países como o Brasil também são impactados. A indústria nacional, que ainda depende em larga escala de componentes importados para montagem de veículos, pode enfrentar gargalos caso a crise se intensifique. Por outro lado, o cenário pode abrir portas para a exploração de reservas de terras raras no território brasileiro, especialmente nos estados de Goiás e Amazonas, como destacou a Agência Nacional de Mineração.

Em um contexto em que segurança nacional, independência tecnológica e cadeias produtivas globais se misturam, a disputa pelos ímãs de terras raras mostra que a geopolítica da produção industrial está longe de ser apenas uma questão comercial. Se nada for resolvido nas próximas semanas, o cenário pode se agravar com paralisações em série, aumento de preços e novas retaliações entre potências.

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Noel Budeguer

Sou jornalista argentino, actualmente radicado en Río de Janeiro, Brasil, con trayectoria enfocada en la cobertura de temas militares, defensa, ciencia, tecnología, energía y geopolítica. Mi objetivo es traducir información técnica y compleja en contenidos accesibles y relevantes para un público amplio, siempre manteniendo el rigor periodístico. Sou apaixonado por explorar como a tecnologia y defensa impactam a sociedade eo desenvolvimento econômico. https://muckrack.com/noel-budeguer?

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