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Super-Terra: Planeta gigante 10 vezes maior que a Terra é descoberto em órbita instável a 2.472 anos-luz de distância

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 10/06/2025 às 10:45
super-Terra, planeta
Uma ilustração mostrando uma comparação aproximada de tamanho entre a Terra, uma superTerra e um gigante gasoso do tamanho de Netuno.(Crédito da imagem: Robert Lea (criado com Canva))

Kepler-725c foi identificado por meio de variações gravitacionais e só permanece na zona habitável durante parte de sua órbita elíptica.

Uma nova descoberta agitou a comunidade científica: um exo planeta do tipo super-Terra foi identificado orbitando uma estrela a 2.472 anos-luz da Terra.

O super-Terra, chamado Kepler-725c, tem uma característica incomum que o torna ainda mais intrigante. Ele só permanece em uma região potencialmente habitável durante parte de sua órbita.

Além disso, sua detecção foi feita de forma indireta, sem que os cientistas sequer o vissem transitar na frente da estrela.

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Detectado sem ser visto

A descoberta do Kepler-725c não foi feita por imagens ou por observação direta. Os cientistas utilizaram um método conhecido como TTV, sigla para “variações de tempo de trânsito”.

Normalmente, planetas são detectados quando am na frente de sua estrela, causando uma leve queda no brilho observado. Esse é o método tradicional de trânsito, usado pelo telescópio espacial Kepler da NASA, responsável por mais de 3.300 descobertas confirmadas de exoplanetas.

Contudo, essa técnica tem limitações. Ela favorece planetas com órbitas curtas e exige um alinhamento perfeito com o campo de visão da Terra. Pequenas inclinações podem impedir a detecção.

A técnica TTV supera esse obstáculo. Quando um planeta visível transita sua estrela com atrasos ou adiantamentos, essas variações podem indicar a presença de outro planeta invisível afetando sua órbita com força gravitacional.

Influência gravitacional

Foi o que aconteceu com o planeta Kepler-725b, um gigante gasoso com período orbital de 39,64 dias. Os pesquisadores analisaram irregularidades no trânsito desse planeta e descobriram que ele estava sendo influenciado por outro corpo.

Assim, foi possível inferir a existência do Kepler-725c, mesmo sem vê-lo. Os dados também permitiram determinar sua massa e órbita.

O estudo foi liderado por Sun Leilei, dos Observatórios de Yunnan, na Academia Chinesa de Ciências. Em comunicado, ele afirmou que a equipe conseguiu identificar com sucesso os parâmetros orbitais do planeta oculto com base nas variações observadas em Kepler-725b.

Dez vezes a massa da Terra

Kepler-725c tem uma massa estimada em cerca de 10 vezes a da Terra. Isso o coloca entre os maiores exemplos de super-Terras — planetas rochosos de grande porte, para os quais ainda não existe equivalente conhecido no nosso sistema solar.

As propriedades dessas super-Terras ainda geram debates na comunidade científica. Não se sabe ao certo como seriam suas atmosferas, se teriam placas tectônicas ou como sua gravidade afetaria a possibilidade de vida.

O que se sabe até agora é que Kepler-725c possui uma órbita bastante elíptica, com excentricidade de 0,44. Para efeito de comparação, a Terra tem uma excentricidade muito menor, quase circular, de 0,0167. Isso significa que, ao longo de sua órbita, Kepler-725c se aproxima bastante de sua estrela em alguns momentos e se afasta muito em outros.

agens curtas pela zona habitável

Devido à sua órbita alongada, o planeta entra e sai da chamada zona habitável — a faixa ao redor da estrela onde a temperatura permitiria a existência de água líquida na superfície.

Apesar de receber em média 1,4 vez mais calor do que a Terra, essa média esconde variações significativas. Em determinados momentos do ano orbital, o planeta recebe muito menos radiação.

Caso Kepler-725c possua uma atmosfera, essas mudanças drásticas no aquecimento poderiam afetar severamente seu clima. A zona habitável não acompanha o planeta ao longo de sua trajetória elíptica.

Ele é potencialmente habitável apenas por uma fração de seus 207,5 dias de “ano”. Isso levanta uma questão: seria possível existir vida em um ambiente que muda tanto ao longo do tempo?

Essas dúvidas vêm sendo discutidas teoricamente há anos. Mas a confirmação da existência de Kepler-725c transforma essas suposições em perguntas reais.

Apesar da descoberta, os cientistas não poderão analisar sua atmosfera com o telescópio espacial James Webb, pois o planeta não transita diretamente sua estrela. Esse tipo de análise depende da luz da estrela atravessando a atmosfera do planeta, algo impossível neste caso.

Futuro das descobertas via TTV

A boa notícia é que a técnica TTV promete revelar outros mundos semelhantes. Quando a sonda PLATO da Agência Espacial Europeia for lançada, em 2026, espera-se que muitos outros exoplanetas possam ser detectados por meio dessa tecnologia.

A vantagem do método TTV é justamente permitir a identificação de planetas mais distantes, com órbitas amplas, que não podem ser observados em trânsito tradicional.

Sun Leilei destacou que a descoberta do Kepler-725c reforça o potencial do método para encontrar planetas de baixa massa em zonas habitáveis ao redor de estrelas parecidas com o Sol. Isso amplia as possibilidades na busca por mundos que possam abrigar vida.

A confirmação da existência de Kepler-725c foi publicada na revista científica Nature Astronomy na terça-feira, 3 de junho. A descoberta não apenas amplia o catálogo de exoplanetas conhecidos, como também reforça a importância de técnicas alternativas de observação.

A ciência ganha uma nova ferramenta para explorar os mistérios do universo — e a busca por vida fora da Terra ganha mais um candidato para observação.

Mesmo sem ser visível, Kepler-725c já ocupa lugar importante na astronomia atual. Um planeta gigante, em órbita instável, que a por uma zona habitável apenas por pouco tempo — e que foi descoberto apenas por seus efeitos em outro planeta.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail [email protected].

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