Solar Coca-Cola transforma caroços de açaí em biomassa sustentável no Pará, reduzindo custos de produção e promovendo inovação ambiental no setor industrial
O açaí, fruto típico da Amazônia, conquistou o mundo nas últimas décadas. Rico em propriedades nutricionais e com sabor marcante, ele se tornou ingrediente de sorvetes, sucos e pratos típicos brasileiros. Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o consumo do açaí cresce 15% ao ano e gera mais de R$ 40 milhões em receita para o país.
Pará lidera a produção nacional
O estado do Pará é o principal responsável por esse sucesso. Segundo a Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa), 90,4% da produção nacional de açaí vem da região, que produziu 1,7 milhão de toneladas em 2022.
Esse crescimento estimula a economia local, valoriza a Amazônia no comércio internacional e gera renda para pequenos e médios produtores.
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No entanto, o aumento da produção também trouxe um desafio ambiental: o descarte inadequado dos caroços de açaí. Esse resíduo, se não tratado corretamente, pode gerar problemas ao meio ambiente.
Iniciativa sustentável da Solar Coca-Cola
De olho nessa questão, a Solar Coca-Cola, responsável pela fabricação e distribuição da marca no Norte, Nordeste, Mato Grosso, Goiás e Tocantins, criou uma solução inovadora.
Desde 2020, a empresa transforma os caroços descartados na região metropolitana de Belém em biomassa para abastecer as caldeiras de suas duas fábricas paraenses.
Desafios na implantação do projeto
A ideia surgiu quando Luene Rossi, coordenadora de Sistema de Gestão Integrada (SGI) da Solar, buscava alternativas mais sustentáveis e econômicas que a madeira para aquecer as caldeiras.
“Da concepção da ideia aos resultados consolidados foram quatro anos. Tivemos como desafios mudar a matriz sem parar a produção, a pandemia da Covid-19, encontrar a condição adequada do caroço de açaí e desenvolver parcerias”, explicou Luene.
Resultados e impacto ambiental
Desde a implementação, a Solar Coca-Cola já transformou 10 mil toneladas de caroços de açaí em biomassa. Somente em 2024, foram 2 mil toneladas.
Embora não divulgue a economia total, a empresa afirma que houve uma redução média anual de 49% nos custos de produção em comparação ao uso de gás natural.
A logística de coleta dos caroços em Belém envolve parcerias com associações locais de açaizeiros. Após a coleta, os caroços são ressecados ao sol antes de serem encaminhados às caldeiras.
“Eles ficam tomando sol para ressecar e depois vão direto para a caldeira”, contou Luciano Gomes, diretor da regional norte da Solar Coca-Cola.
Aproveitamento total dos resíduos
O projeto ainda dá um destino final às cinzas geradas pela queima dos caroços. Parte é utilizada na compostagem e outra parte é encaminhada para uma indústria de cimento parceira. “O caroço de açaí acaba tendo um ciclo de vida completo”, destacou o diretor.
Com informações de Um Só Planeta.