Agricultores em todo o mundo vêm enfrentando desafios cada vez maiores em meio a mudanças climáticas extremas e imprevisíveis.
Eventos como secas, inundações e geadas estão se tornando mais frequentes e intensos, com impactos significativos na produção de alimentos. O setor agropecuário brasileiro não é exceção e a recente safra de milho e soja foram afetadas pelas condições climáticas adversas. Como resultado, os produtores vêm enfrentando perdas econômicas significativas.
Diante disso, o seguro rural se torna um mecanismo importante para mitigar os riscos associados às mudanças climáticas. No entanto, um estudo realizado pelo Climate Policy Initiative (I) aponta que o seguro rural no Brasil não está acompanhando as crises climáticas, o que resulta em perdas crescentes para os produtores.
A importância do seguro rural
O seguro rural é uma ferramenta fundamental para proteger os agricultores das perdas causadas por eventos climáticos extremos. Ele permite que os produtores façam um planejamento mais seguro para o futuro, o que resulta em maior estabilidade econômica e sustentabilidade.
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No entanto, o seguro rural no Brasil não vem lidando de maneira adequada com a nova realidade climática. De acordo com a Superintendência de Seguros Privados (Susep), em 2022, as seguradoras e resseguradoras gastaram mais com indenização do que obtiveram com os prêmios arrecadados.
Isso se deve à falta de previsibilidade do clima e ao aumento da frequência de eventos climáticos extremos. Como resultado, o custo do seguro aumenta e a oferta diminui, dificultando o o dos produtores que não podem arcar com custos elevados.
Restrições no seguro rural
Além disso, o seguro rural no Brasil é altamente e concentrado nas regiões sul e centro-oeste. Embora a cultura da soja esteja se expandindo para regiões como Matopiba (Mato Grosso, Tocantins, Piauí e Bahia), o seguro não acompanha este movimento.
De acordo com o estudo do I, em 2010, a região do Matopiba era responsável por 10% da produção de soja, em uma década essa participação cresceu para 14%. Entretanto, em 2018, cerca de 1.000 municípios não possuíam seguro para a produção de soja.
Além disso, a produção brasileira de grãos é pouco segurada e há uma concentração em algumas culturas, com a soja sendo destaque, com 30% das apólices e com mais da metade do valor dos prêmios pagos em 2018, segundo a Susep.
A necessidade de aprimoramento das políticas públicas
É fundamental que as seguradoras adotem modelos mais elaborados na expansão da cobertura de seguros para as quais o histórico de sinistros é . Entre as recomendações dos pesquisadores para um aperfeiçoamento das políticas públicas está a de uma atuação em múltiplas frentes com articulação entre o poder público e o setor privado.
O governo deve estimular a expansão do seguro rural, investindo no Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural, reduzindo o custo de aquisição das apólices, aprimorando o Zoneamento Agrícola de Risco Climático e fortalecendo o mercado de resseguros no Brasil.
Em um cenário de maior risco, as resseguradoras se tornam cada vez mais importantes, acrescenta Priscila Souza, gerente sênior de pesquisa do I e coordenadora do estudo. A implementação de políticas públicas para a expansão do seguro rural é importante não apenas para a proteção dos produtores e para o desenvolvimento do setor, mas também para a evolução de uma agricultura sustentável e para a redução de gases de efeito estufa.
O seguro rural é uma ferramenta importante para proteger os agricultores das perdas associadas às mudanças climáticas. No entanto, as atuais políticas públicas não consideram adequadamente a nova realidade climática, o que resulta em perdas crescentes para os produtores.
Para enfrentar esses desafios e promover o desenvolvimento de uma agricultura mais sustentável, é necessário que o governo e o setor privado trabalhem juntos para aprimorar o seguro rural, expandindo a cobertura e reduzindo os custos. Este é um o crucial para proteger os agricultores e garantir a estabilidade econômica e sustentabilidade do setor agropecuário brasileiro.