A aviação brasileira entra em colapso financeiro e busca soluções estruturais urgentes
A aviação comercial do Brasil vive uma fase crítica. Duas das maiores empresas do setor — Azul e Gol — recorreram à recuperação judicial entre 2024 e 2025. O movimento, embora previsível diante da pandemia e da valorização do dólar, escancara fragilidades históricas da aviação nacional.
Em 28 de maio de 2025, a Azul formalizou seu pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos, tornando-se a mais recente a aderir ao processo. Já a Gol, em janeiro de 2024, iniciou sua reestruturação para lidar com uma dívida estimada em R$ 20 bilhões. Juntas, essas ações revelam um setor pressionado por custos, câmbio e ausência de e estatal.
Azul e o Capítulo 11: uma manobra para sobreviver e seguir operando
O recurso ao Capítulo 11 da Lei de Falências dos EUA tornou-se um mecanismo-chave para essas empresas. O processo permite que as companhias sigam operando enquanto reorganizam suas dívidas. Segundo o CEO da Azul, John Rodgerson, a expectativa é eliminar cerca de US$ 2 bilhões em obrigações financeiras, o equivalente a R$ 11,28 bilhões.
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Esse endividamento foi impulsionado pela pandemia, pela disrupção na cadeia global de suprimentos e por oscilações econômicas severas. Ainda assim, a operação da empresa segue ativa, o que preserva empregos e rotas essenciais no território nacional.
Fatores macroeconômicos e estruturais moldaram o cenário atual
Vários fatores convergiram para desencadear esse colapso. Especialistas da UFMG, FGV, KPMG e consultorias independentes apontam como principais vilões:
- Alta do dólar frente ao real, tornando mais caras aquisições em moeda estrangeira;
- Combustíveis em alta, com destaque para o querosene de aviação;
- Juros crescentes, encarecendo financiamentos e dívidas existentes;
- Carga tributária elevada e burocracia fiscal;
- Queda drástica na demanda por agens durante e após o isolamento social.
Antes da crise sanitária global, o setor vivia um momento mais estável. Em 2019, por exemplo, os preços do petróleo estavam mais baixos, o real era mais valorizado e as taxas de juros em queda. No entanto, a pandemia derrubou as vendas de agens e reduziu a capacidade financeira das empresas.
Concorrência brutal e leasing internacional aumentam a vulnerabilidade
O ambiente competitivo entre companhias aéreas impõe outro obstáculo. Como explica Rodrigo Gallegos, da RGF Consultoria, o baixo poder de reajuste nas tarifas e a pressão por preços íveis complicam a geração de receita.
Além disso, a dependência de contratos de leasing de aeronaves é um risco adicional. Se a empresa não cumpre suas obrigações, os fornecedores estrangeiros podem retomar os aviões arrendados, prejudicando a operação.
Descasamento cambial e endividamento crônico no setor
Muitas despesas do setor aéreo são dolarizadas, como manutenção, aquisição de peças e arrendamento de aeronaves. Segundo Márcio Peppe, da KPMG, isso cria um descomo financeiro com as receitas obtidas em reais, exigindo constantes renegociações de dívidas.
Essas operações costumam empurrar os ivos para o futuro, mas mantêm as companhias sempre sob pressão.
Ausência de apoio estatal diferencia Brasil de outras economias
Enquanto EUA e Europa ofereceram linhas de crédito e estímulos ao setor aéreo, o Brasil ficou para trás. Marcus Quintella, da FGV Transportes, alerta que a falta de e governamental agravou a situação das companhias.
A recuperação judicial, portanto, tornou-se a única alternativa viável para manter o fluxo de caixa, investir em manutenção e honrar compromissos com funcionários e fornecedores.
Carga tributária e infraestrutura precária seguem como gargalos
Gianfranco Beting, ex-diretor de marketing da Azul, aponta falhas estruturais graves. Ele critica o sistema tributário brasileiro, confuso e oneroso, que exige equipe jurídica robusta para interpretar normas em constante mudança.
Ele também denuncia o preço elevado do querosene de aviação, considerado um dos mais caros do mundo, e a ineficiência na gestão do tráfego aéreo, que aumenta os tempos de voo.
Faltam estratégia e planejamento nacional para o transporte aéreo
Ingo Plöger, economista com atuação no setor, enfatiza que o Brasil carece de uma estratégia aérea regional sólida. Para ele, é inconcebível que apenas Rio de Janeiro e São Paulo concentrem os voos principais.
Sem um plano de longo prazo, as recuperações judiciais não arão de soluções paliativas. O futuro do setor depende de ações coordenadas, investimento em infraestrutura, políticas fiscais coerentes e visão estratégica de longo alcance.
Ué não falaram que a economia está bem? Podem mascarar os números mais um dos setores que mais sente no Brasil quando a recessão na economia é a aviação, já que em países pobres como o Brasil quem mais voa são colaboradores
em viagem de trabalho….as empresas para reduzir custos preferem fazer videoconferência e no último caso mandar seus colaboradores in loco…..o Brasileiro tem a economia que merece, em gostam tanto de atacar quem gera emprego que uma hora empreendedores abandonarão o banco….
Quem mudou a história da aviação no Brasil não foram nem a gol , nem a azul. Quem mudou a história foram a Cruzeiro, a Real , a Varig e a Vasp, todas que vieram depois já encontraram os “caminhos” abertos.
Infelizmente as dependências diárias. Contas fixas e variáveis. Como reportado a Alta USD destoa qualquer BRL.