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Esse raro iceberg negro pode ter 100.000 anos

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 06/06/2025 às 22:48
iceberg
Image credits: Hallur Antoniussen.

Iceberg negro flagrado na costa de Labrador intriga cientistas com possíveis origens envolvendo sujeira, cinzas vulcânicas e até impacto de asteroide.

Em meio às águas frias do Atlântico Norte, icebergs são visão comum. Porém, em maio, um iceberg chamou atenção pela sua aparência incomum.

Ao largo da costa de Labrador, um pescador capturou a imagem de um bloco de gelo completamente negro, destoando dos tradicionais blocos brancos da região.

Um registro raro e surpreendente

Hallur Antoniussen, pescador natural das Ilhas Faroé, foi o autor da fotografia. Ele estava a bordo do navio de pesca de camarão Saputi, a mais de 100 quilômetros da costa de Labrador, quando avistou o fenômeno através do guindaste do barco.

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É tudo preto. Quase em forma de diamante”, descreveu Antoniussen. Apesar de seus 50 anos de experiência pescando na costa da Groenlândia, ele afirmou jamais ter presenciado algo semelhante.

A imagem rapidamente ganhou repercussão nas redes sociais. No Facebook, onde foi publicada, recebeu milhares de comentários. Alguns usuários brincaram com a aparência inusitada do iceberg. “É um Oil Berg”, escreveu um internauta. Outro comentou: “Parece um mamute-lanoso gigante!“.

Possíveis explicações para a coloração incomum

Intrigados, especialistas buscaram compreender o fenômeno. A emissora CBC procurou Lev Tarasov, físico e modelador de sistemas glaciais da Universidade Memorial, para analisar o caso.

Segundo Tarasov, a explicação mais provável está relacionada à sujeira acumulada no gelo durante milhares de anos.

As geleiras da Groenlândia, de onde provavelmente veio o iceberg, funcionam como gigantescas máquinas de desgaste. Enquanto se movem lentamente em direção ao mar, essas geleiras raspam o leito rochoso sob elas.

Esse atrito transforma as rochas em pó fino e escuro, que acaba ficando preso dentro do gelo. Com o tempo, essas partículas ficam congeladas nas camadas mais profundas.

A jornada do gelo ao longo dos séculos

De acordo com Tarasov, algumas correntes de gelo na Groenlândia podem se mover até 20 quilômetros por ano, o que equivale a alguns metros por hora.

Essas correntes agem como esteiras transportadoras, levando o gelo antigo e carregado de detritos para o litoral, onde eventualmente se desprendem na forma de icebergs.

Geralmente, os icebergs desprendidos possuem coloração branca ou azul-clara, mas, ocasionalmente, blocos mais antigos e saturados de detritos acabam surgindo com tonalidades escuras.

Tarasov estima que o gelo do iceberg negro tenha, no mínimo, 1.000 anos. Contudo, ele não descarta a possibilidade de ser ainda mais antigo, podendo alcançar até 100.000 anos.

Outras hipóteses consideradas pelos cientistas

Sem a coleta de amostras diretas, é impossível determinar com exatidão a origem dos materiais escuros. Por isso, outras teorias também são avaliadas pelos especialistas. Uma delas envolve a presença de cinzas vulcânicas aprisionadas no gelo ao longo dos séculos.

Geleiras, ao avançarem, podem acumular fuligem resultante de incêndios florestais ou camadas de cinzas vulcânicas depositadas por erupções. Essas partículas acabam congeladas no interior do gelo.

A Islândia, conhecida por sua intensa atividade vulcânica, e os pontos críticos subglaciais sob a Groenlândia são citados como possíveis fontes desse material.

Além disso, Tarasov menciona uma hipótese ainda mais incomum. Há registros de um impacto de asteroide no noroeste da Groenlândia, na cratera de Hiawatha. Se o iceberg negro tiver se originado próximo a essa região, pode conter poeira resultante da colisão cósmica ocorrida há centenas de milhares de anos.

Apesar de sua aparência exótica, o destino do iceberg negro segue o curso natural desses blocos de gelo. Conforme deriva em direção ao sul, pela Baía de Baffin e pela costa de Labrador, o iceberg continua a derreter gradualmente.

Segundo Tarasov, provavelmente a maior parte do gelo limpo já se dissolveu, restando apenas o núcleo denso e carregado de detritos. Este fragmento final, mais pesado e compacto, representa os últimos vestígios do iceberg original, agora em lenta desintegração.

Mesmo com as teorias levantadas, o iceberg negro segue envolto em certo mistério, destacando-se como um raro e fascinante exemplo das forças naturais que atuam sobre as geleiras ao longo de milênios.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail [email protected].

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