Esquecida pelo governo peruano, a província de Purús vive uma realidade brasileira, com moradores falando português, usando o real e pedindo formalmente para mudar de bandeira.
No coração da Amazônia, na fronteira com o Acre, existe uma província peruana chamada Purús onde o cotidiano se assemelha mais ao Brasil do que ao Peru. Seus habitantes falam português, utilizam o real como moeda e consomem produtos brasileiros, reflexo de um isolamento geográfico e de um sentimento de abandono pelo estado peruano.
Esta situação levou lideranças locais de Purús a formalizarem um pedido para que a região seja anexada ao Brasil. Uma história real e complexa que envolve identidade, sobrevivência e delicadas questões geopolíticas na América do Sul.
Isolamento geográfico e a forte influência brasileira em Purús
Purús é uma província vasta, com cerca de 17.000 km² (quase o tamanho de Sergipe), mas com uma população de apenas aproximadamente 4.000 pessoas. Localizada na região de Ucayali, no sudeste do Peru, seu o é extremamente limitado, sem rodovias ou ferrovias conectando sua capital, Porto Esperança, ao restante do país. O rio Purús é a principal via logística.
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A economia é de subsistência, e a presença do estado peruano é mínima. Em contraste, a conexão com o Brasil, especialmente com a cidade acriana de Santa Rosa do Purús, a menos de 100 km, é vital. Produtos básicos, combustível e medicamentos vêm do lado brasileiro. Em Purús, a cultura brasileira se faz presente: a língua portuguesa é comum, rádios sintonizam estações do Acre e até a seleção brasileira de futebol é mais popular.
O histórico pedido de anexação de Purús ao Brasil
O sentimento de abandono por parte do governo peruano, que nunca realizou investimentos significativos em infraestrutura, saúde ou educação em Purús, culminou em uma ação drástica. Em 2005, lideranças indígenas, comunitárias e políticas de Porto Esperança registraram em ata uma proposta para solicitar oficialmente ao Brasil a anexação da província.
Um abaixo-assinado acompanhou o pedido, com o argumento central de que os habitantes se sentiam mais brasileiros e viam no país vizinho a única esperança de progresso. Este clamor foi reiterado em 2014 e 2016, à medida que a dependência de serviços brasileiros, principalmente de saúde, se intensificava.
A complexa resposta diplomática dos governos de Peru e Brasil
Diante da inusitada solicitação de Purús, a reação dos governos envolvidos foi cautelosa. O Peru emitiu notas formais reafirmando sua soberania sobre o território, mas sem apresentar planos concretos de desenvolvimento para a região, que continua com altos índices de pobreza e analfabetismo.
O Brasil, por sua vez, optou pelo silêncio diplomático. Aceitar a anexação de um território estrangeiro, mesmo que a pedido da população local, violaria tratados internacionais como a carta da OEA e princípios do direito internacional sobre a integridade territorial dos estados. Tal ato poderia abrir um precedente geopolítico considerado perigoso para a estabilidade regional.