Etanol de milho cresce de forma consistente e se consolida como parte da matriz energética nacional
De acordo com a União Nacional do Etanol de Milho (Unem), a produção brasileira do biocombustível aumentou de 520 milhões de litros em 2017 para 4,5 bilhões em 2022. Esse crescimento de 800% foi registrado ao longo de cinco anos, refletindo o avanço gradual e sustentado da cadeia produtiva. Atualmente, o país conta com 20 usinas dedicadas ao processamento do milho em etanol, somando capacidade instalada de cerca de 6 bilhões de litros por ano. O Mato Grosso é responsável por mais de 80% dessa produção, conforme dados da própria Unem. Esse dado mostra que a concentração regional segue sendo um fator logístico relevante para a competitividade do setor.
Mato Grosso lidera a produção com base agrícola sólida e logística favorável
A localização estratégica das usinas no norte do Mato Grosso favorece a logística de transporte e escoamento. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o estado colheu mais de 45 milhões de toneladas de milho em 2022. Esse volume foi responsável por garantir o fornecimento de matéria-prima para diversas usinas. De acordo com a Embrapa Milho e Sorgo, o milho safrinha tem apresentado desempenho ideal para o uso energético, inclusive em sistemas integrados. A vocação agrícola da região reforça o papel do Mato Grosso na consolidação do etanol de milho no Brasil.
Setor privado amplia investimentos com meta de dobrar capacidade até 2030
Empresas do setor, como a FS Bioenergia, anunciaram em 2023 a duplicação de suas unidades em cidades como Sorriso. Novos projetos também estão em andamento em Mato Grosso do Sul, Goiás e Paraná. Segundo projeções atualizadas pela Unem em janeiro de 2024, a produção nacional poderá alcançar 10 bilhões de litros por ano até 2030. Esses dados foram corroborados por levantamentos da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Embora a meta dependa de variáveis econômicas e políticas, as ações em andamento indicam tendência de continuidade no ritmo de crescimento.
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Produção gera impactos ambientais positivos e aproveita subprodutos do milho
O etanol de milho apresenta menor emissão de gases do efeito estufa. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, seu uso pode reduzir em até 70% as emissões de CO₂, quando comparado à gasolina. O processo industrial também gera o DDG, um subproduto utilizado para alimentação animal, como validado pela Embrapa. Outro subproduto é o óleo de milho, utilizado nas indústrias alimentícia e de biodiesel, diversificando a cadeia produtiva. Dessa forma, o etanol de milho tem gerado benefícios ambientais e econômicos com respaldo técnico e aplicação prática no agronegócio.
Logística melhora, e interiorização da produção se torna uma realidade
Desde 2021, iniciativas públicas e privadas vêm promovendo melhorias em infraestrutura. O Ministério da Infraestrutura cita projetos de expansão de rodovias e ferrovias que atendem polos agroindustriais do Centro-Oeste. Esse movimento viabilizou a chegada de novas usinas em regiões anteriormente fora do circuito produtivo. Relatórios da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), de 2023, apontam a geração de milhares de empregos no setor. A interiorização da produção contribui para o desenvolvimento econômico de forma integrada e sustentável, com resultados já perceptíveis em diversos estados.
Desafios do setor envolvem segurança regulatória e melhoria de armazenagem
Mesmo com os avanços, o setor enfrenta desafios estruturais. Estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV) de setembro de 2023 aponta que o ambiente regulatório ainda carece de maior previsibilidade para atrair novos investimentos. A capacidade de armazenagem também precisa acompanhar o ritmo de expansão da produção. Desde 2022, tramita no Congresso Nacional uma proposta de modernização do marco legal dos biocombustíveis. Enquanto isso, cooperativas e empresas vêm desenvolvendo soluções locais com foco em abastecimento sustentável e segurança operacional.
Tendências internacionais impulsionam perspectivas futuras para o etanol de milho
Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) divulgados em 2024 indicam que a demanda global por biocombustíveis deve dobrar até 2030. Esse cenário reforça o posicionamento do Brasil como fornecedor estratégico de energia renovável. A Agência Internacional de Energia (IEA) e a Organização das Nações Unidas (ONU) pressionam por soluções de baixo carbono. O etanol de milho se apresenta como uma das opções mais viáveis em países com forte produção agrícola, como o Brasil. A Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) afirma que a estrutura produtiva nacional está preparada para acompanhar esse crescimento.