Paraná e Santa Catarina vivenciam boom econômico e populacional, mas enfrentam uma crise hídrica, pressão sobre serviços e infraestrutura, levantando alertas sobre um futuro desafiador e a possibilidade de uma grave crise sistêmica.
Os estados de Santa Catarina e Paraná destacam-se por um forte crescimento econômico e demográfico. Impulsionados por um turismo robusto e um fluxo migratório expressivo, tanto de estrangeiros quanto de brasileiros, esses estados aquecem a economia, elevando arrecadação e empregos, como visto em fevereiro de 2025. Contudo, este progresso mascara sinais preocupantes e uma nova crise.
O adensamento populacional e a atividade econômica pressionam recursos naturais e a infraestrutura existente. Uma severa crise hídrica já afeta o Paraná, comprometendo agricultura, indústria, o abastecimento doméstico e a gestão da Sanepar, enquanto a expansão urbana acelerada, como em Maringá, e a pressão sobre saúde e educação geram apreensão.
O ímã sulista
Santa Catarina consolidou sua posição como destino turístico. Em janeiro de 2025, recebeu 198.720 turistas internacionais, um aumento de 71% sobre janeiro de 2024 (116.209). Esse desempenho levou o estado, em fevereiro de 2025, ao segundo maior crescimento turístico do país (13,7%). Pesquisa da Fecomércio SC (verão 2025) mostrou predominância de visitantes de 41 a 60 anos (54,4%) e gasto médio por grupo de R$ 9.349 (+41%). Argentinos foram 28,8% do total (45,5% em Florianópolis), gastando 35% a mais, impulsionados pelo câmbio favorável. Essa dependência, porém, sinaliza vulnerabilidade.
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O Paraná também se destaca. Em 2024, experimentou crescimento de 13% na chegada de turistas internacionais (mais de 894.000). Fevereiro de 2025 viu o turismo paranaense liderar o crescimento no Brasil (+6,5% sobre janeiro; +9,9% sobre fev/2024). No primeiro trimestre de 2025, o Paraná recebeu mais de 426.000 turistas internacionais (+18% vs ano anterior), com 42% argentinos (179.000+) e 36% paraguaios (154.000). Juntos, representam 78% dos visitantes, evidenciando interdependência e sensibilidade a instabilidades.
Além do turismo, os estados atraem novos moradores
No Paraná, dados do SISMIGRA (1º semestre de 2024) indicavam 175.902 migrantes residentes; 196 municípios abrigam 195 nacionalidades. Entre 2018 e 2022, foi o segundo estado em crescimento na contratação formal de imigrantes. Em 2022, liderou em volume absoluto (8.379 pessoas, 23,4% do total nacional). Principais nacionalidades formais em 2022: venezuelanos (14.507), haitianos (9.156), paraguaios (6.475) e argentinos (1.038). Jorge Calado (IPARDES) nota imigrantes de países em crise e de nações desenvolvidas, refletindo investimentos. Santin Roveda (Secretário de Justiça) afirma que o governo oferece e.
Santa Catarina liderou o crescimento na contratação formal de imigrantes entre 2018 e 2022 (saldo de +29.639).
A migração interna de brasileiros para o Paraná, segundo a premissa da análise, é motivada por oportunidades, qualidade de vida e segurança. Um estudo do IPEA indica que profissionais qualificados buscam carreira e qualidade de vida, sendo Curitiba um polo. A segurança é um fator plausível, mas carece de dados diretos como principal motor.
Os frutos (e custos) do crescimento
O influxo populacional e o ambiente de negócios dinâmico geram dividendos econômicos, mas também prenunciam uma possível crise de gestão.
O Paraná liderou o crescimento da atividade econômica no Brasil em fevereiro de 2025, com aumento de 8,1% sobre o mês anterior (IBCR/Ipardes), o dobro da média nacional (4,1%). Em Santa Catarina, o robusto crescimento turístico e o alto gasto dos visitantes indicam significativa estimulação econômica.
No Paraná, foram criados 39.176 novos postos formais em fevereiro de 2025 (CAGED), o terceiro maior volume nacional. No primeiro trimestre de 2025, o estado gerou 60.757 novas vagas. Santa Catarina e Paraná também se destacam na contratação de mão de obra imigrante.
Autoridades paranaenses atribuem o desempenho a políticas de fomento. Ulisses Maia (Secretário de Planejamento do PR) destaca o papel da iniciativa privada e ações como desburocratização, incentivos fiscais e investimentos em infraestrutura. Jorge Calado (IPARDES) relaciona o desempenho à atração de trabalhadores e investimentos. Contudo, o otimismo oficial contrasta com desafios emergentes, como a crise hídrica, que são menos enfatizados.
Crise hídrica e pressões urbanas emergentes
O Paraná enfrenta uma crise hídrica crítica. O setor agrícola sofreu perdas bilionárias: R$ 1,5 bilhão em 2024 e mais de R$ 360 milhões no início de 2025 devido à estiagem. Nas cidades, o impacto é sentido. Ponta Grossa enfrenta problemas de abastecimento desde janeiro de 2025 (redução de 7-10%). Outras cidades como Curitiba e Londrina também registram cortes.
A Sanepar atribui a crise ao calor e consumo elevado, reportando investimentos e projeções futuras. A partir de maio de 2025, as tarifas foram reajustadas em 3,7753%, elevando a tarifa básica média para R$6,83/m³, o que preocupa a população. Críticos como o deputado Arilson Chiorato atribuem a responsabilidade à falta de investimento e má gestão da Sanepar e do governo, não apenas a fatores climáticos. A crise hídrica parece ser uma combinação de clima, deficiências de governança e infraestrutura, agravada pelo crescimento.
Pressões sobre o tecido urbano e social
A expansão urbana de Maringá em 2024 (com aprovação de mais de 1.200 hectares, não os 3.400.000 ha mencionados na premissa) gerou controvérsias. O Poder Executivo vetou parcialmente a medida devido a preocupações com impactos em áreas de tratamento de esgoto, preservação ambiental, falta de estudos de mobilidade e saneamento, e o risco de aumento dos custos dos serviços públicos.
A chegada massiva de novos moradores sobrecarrega serviços públicos como saúde e educação, especialmente em cidades menores. O mercado imobiliário aquece, com valorização em cidades de Santa Catarina (Balneário Camboriú, Itapema) e Paraná (Curitiba). Embora o Índice de Gini de 2023 seja positivo para ambos os estados (PR com 0,463; SC com 0,418, o menor do país), estudos apontam alta segregação racial e econômica em cidades como Curitiba e Florianópolis, indicando que os benefícios do crescimento podem não estar sendo distribuídos equitativamente, potencializando uma crise social.
Maringa receber uma expansão urbana nem com os quatro centros mil habitantes não solucionaram caótico enchentes quando chove problemático anacrônico de infraestrutura,certo poder executivo ter vetado da cidades,si for por esta istração pública a cidade cresce populacional mais esvai a perda de qualidade
Londrina/PR