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Por que os EUA estão enviando caças F-16 que estavam em cemitério para a Ucrânia

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 01/05/2025 às 15:57
caças F-16, F-16
Foto: Reprodução

Os Estados Unidos decidiram enviar caças F-16 aposentados para a Ucrânia

A Força Aérea dos Estados Unidos confirmou que caças F-16 aposentados estão sendo enviados para a Ucrânia.

As aeronaves, em estado inoperante, estão sendo utilizadas para fornecer peças de reposição à frota crescente de F-16s doados por países europeus.

A informação veio à tona após a divulgação de imagens de jatos desmontados carregados em uma aeronave de transporte ucraniana no Arizona.

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Envio de fuselagens inoperantes

As imagens, que circularam nas redes sociais na semana ada, mostram pelo menos três F-16 parcialmente desmontados, embalados em plástico, sendo colocados a bordo de um Antonov An-124 no Aeroporto Internacional de Tucson.

Os caças estavam sem asas, caudas, motores e radomos. Rastreamento de voo indica que o avião seguiu para a Polônia, com destino final presumido na Ucrânia.

A Força Aérea dos EUA confirmou que os jatos foram retirados do “cemitério” de aeronaves localizado na Base Aérea Davis-Monthan, também em Tucson.

O local é conhecido formalmente como 309º Grupo de Manutenção e Regeneração Aeroespacial.

Segundo o comunicado, as fuselagens não estão aptas para voo e foram fornecidas apenas com o objetivo de servir como fonte de peças.

Sem motores ou radares

Um porta-voz da Força Aérea esclareceu que os F-16 enviados estão fora de uso e não possuem motores, radares ou outros componentes essenciais.

Por isso, não poderiam ser reconstituídos para missões de combate.

As aeronaves foram aposentadas e retiradas do uso ativo nos Estados Unidos, e agora desempenham um papel logístico ao fornecer e à frota ucraniana.

Ainda não se sabe exatamente quais variantes dos F-16 foram enviadas.

A presença de determinadas antenas sugere que se trata de modelos mais antigos do tipo ADF Block 15, anteriormente utilizados pela Guarda Aérea Nacional.

A Força Aérea se recusou a fornecer mais detalhes sobre o número total de fuselagens ou os modelos exatos.

Centro de transporte militar

O Aeroporto de Rzeszów-Jasionka, na Polônia, foi o destino final do An-124.

O local se consolidou como um importante ponto de trânsito para o transporte de material militar enviado por países ocidentais à Ucrânia.

A proximidade com a fronteira ucraniana facilita a logística e reduz os riscos durante o deslocamento.

A entrega dessas fuselagens reforça os esforços do Ocidente para manter os F-16 ucranianos em operação.

Embora não aumentem o número de aeronaves em condições de voo, elas são fundamentais para garantir a manutenção dos caças que já estão sendo utilizados em combate.

Frota crescente de F-16

Até o momento, cerca de 85 F-16 operacionais foram prometidos à Ucrânia por diferentes países europeus.

A Holanda se comprometeu com 24 jatos, a Dinamarca com 19, a Noruega com 12 e a Bélgica com até 30. A Noruega também informou que enviaria outras 10 aeronaves exclusivamente para fornecer peças.

Alguns desses jatos estão sendo usados em centros de treinamento.

Um exemplo é o Centro Europeu de Treinamento de F-16, localizado na Romênia, onde pilotos ucranianos recebem instrução antes de operar as aeronaves em combate.

Escassez e desgaste de aeronaves

Apesar das promessas, muitos dos F-16 ainda não chegaram à linha de frente. A escassez de peças de reposição tem sido um obstáculo.

A Bélgica, por exemplo, relatou dificuldades em manter o cronograma de entrega por conta do baixo estoque de peças.

Além disso, os F-16 que chegaram à Ucrânia enfrentam o desgaste do uso em combate. Em agosto de 2024, a Força Aérea Ucraniana confirmou a perda de seu primeiro F-16 e de um piloto durante uma missão. O piloto, Oleksii Mes, morreu ao tentar interceptar um míssil russo.

No mês ado, em 12 de abril, um segundo F-16 foi abatido. O piloto Pavlo Ivanov morreu na operação.

Segundo informações não confirmadas, a aeronave teria sido atingida por um míssil S-400, disparado por forças russas. O presidente Volodymyr Zelensky concedeu a Ivanov o título de Herói da Ucrânia.

Os F-16 estão no cemitério da Base Aérea Davis-Monthan, no Arizona. O 309º Grupo de Manutenção e Regeneração Aeroespacial estava convertendo esses F-16 em alvos para drones. 
Foto da Força Aérea dos EUA/Sargento Desiree N. Palacios. Sargento Desiree N. Palacios.

Armas e equipamentos utilizados

Apesar das perdas, os F-16 continuam em uso. Imagens recentes mostram os caças equipados com mísseis AIM-9X Sidewinder e AIM-120 AMRAAM para combate aéreo. Também foram vistos com versões mais antigas do Sidewinder, como o AIM-9L/M.

Para missões ar-solo, os jatos ucranianos usam bombas guiadas GBU-39/B, transportadas em racks BRU-61. Essa configuração permite o lançamento de múltiplas bombas com alta precisão.

Outro componente importante é o pod de guerra eletrônica AN/ALQ-131, instalado na parte inferior da fuselagem.

Ele aumenta a capacidade de sobrevivência do caça ao interferir com radares inimigos. Os F-16 também têm sistemas internos de guerra eletrônica, com sensores e torres especializadas que identificam ameaças e ativam contramedidas.

Falta de reabastecimento em voo

Um desafio constante para a Força Aérea Ucraniana é a limitação no tempo de voo.

O país não tem capacidade para reabastecimento aéreo, o que exige que os caças voem com tanques externos de combustível. As missões se tornam mais curtas e dependem de bases próximas ao fronte de combate.

A configuração padrão dos F-16 ucranianos inclui três tanques de combustível externos, permitindo maior alcance.

Essa escolha tem sido recorrente nas imagens divulgadas, indicando a tentativa de compensar a limitação de infraestrutura.

Situação dos F-16 nos EUA

Nos Estados Unidos, os estoques de F-16 também estão diminuindo. Os modelos mais antigos e ainda aptos ao voo foram transferidos para programas de treinamento e uso como aeronaves “agressoras” em simulações de combate. Outros foram incorporados ao programa QF-16, que transforma os jatos em alvos aéreos não tripulados.

Em setembro de 2024, o inventário do Pentágono mostrava 150 F-16A, 27 F-16B, 143 F-16C e 22 F-16D armazenados. A maioria não está mais em condições de voo, o que limita o envio de unidades completas a aliados.

A incorporação do F-16 representa um desafio técnico e logístico para a Ucrânia. O modelo é totalmente diferente das aeronaves soviéticas que o país utilizava. A adaptação envolve o treinamento de pilotos, pessoal de manutenção, infraestrutura e cadeia de suprimentos.

Além disso, muitos dos caças fornecidos são antigos. Isso exige um esforço maior para manter os jatos em operação, o que torna o envio de peças e fuselagens desmontadas ainda mais estratégico.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail [email protected].

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