Decisão surpreendente da França de construir uma penitenciária de segurança máxima em plena Floresta Amazônica reacende discussões sobre estratégias internacionais de combate ao narcotráfico, vigilância extrema e isolamento geopolítico no coração de uma das regiões mais remotas do planeta.
O governo da França surpreendeu o mundo ao anunciar a construção de uma prisão de segurança máxima no meio da Floresta Amazônica, mais precisamente na cidade de Saint-Laurent-du-Maroni, na Guiana sa.
A medida, revelada em abril de 2025, tem como foco conter o avanço do narcotráfico e combater organizações criminosas internacionais com atuação transfronteiriça, além de isolar indivíduos considerados altamente perigosos.
A penitenciária, que deve ser concluída até 2028, terá capacidade para abrigar até 500 detentos, incluindo traficantes de drogas de alto escalão e extremistas islâmicos condenados por terrorismo.
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A iniciativa, anunciada pelo ministro francês do Interior e da Justiça, Gérald Darmanin, visa estabelecer um novo paradigma de isolamento total para criminosos que representam ameaça grave à segurança nacional e internacional.
Um presídio na selva: estratégia ousada e polêmica
Instalar uma prisão em plena Amazônia pode parecer estranho à primeira vista, mas a localização tem motivações estratégicas.
A Guiana sa, território ultramarino da França na América do Sul, é uma das portas de entrada do tráfico de drogas entre a América do Sul e a Europa.
Próxima ao Brasil e ao Suriname, a região é usada como rota por redes de narcotráfico que utilizam mulas para transportar cocaína até aeroportos europeus.
Segundo o governo francês, isolar os presos na floresta densa dificultará qualquer tipo de contato com suas redes criminosas.
O projeto ainda prevê o uso de tecnologias avançadas para reforçar a vigilância, como drones, bloqueadores de sinal de celular e câmeras de monitoramento 24 horas por dia.
As medidas visam tornar impossível qualquer comunicação não autorizada com o mundo exterior.
“Decidi estabelecer a terceira prisão de segurança máxima da França na Guiana”, declarou Darmanin, ao jornal Le Journal du Dimanche (JDD).
“Será um regime prisional extremamente rigoroso com um objetivo: colocar os traficantes de drogas mais perigosos fora de circulação”, completou.
Histórico de presídios na Guiana sa
Embora a ideia soe moderna, a Guiana sa já foi palco de prisões notórias no ado.
Durante o período colonial, o território abrigou diversas colônias penais conhecidas por sua brutalidade, como a temida Ilha do Diabo, onde o capitão Alfred Dreyfus foi injustamente preso no século XIX.
O novo projeto resgata, em certa medida, a ideia de confinamento extremo por meio do isolamento geográfico, agora com justificativas modernas e foco em tecnologia e segurança máxima.
O novo presídio custará cerca de € 400 milhões (aproximadamente R$ 2,5 bilhões), e sua estrutura contará com alas específicas para presos de alta periculosidade e uma área separada com 15 vagas exclusivas para radicais islâmicos ou indivíduos condenados por terrorismo.
Alta tecnologia e vigilância total
Além da localização isolada, o novo presídio francês será equipado com os mais avançados sistemas de controle penitenciário já usados na Europa.
Estão previstos bloqueadores de sinal para impedir o uso de celulares, sensores de movimento, drones de patrulha aérea, reconhecimento facial e limitações rigorosas no tempo de banho de sol e visitas.
A proposta é eliminar qualquer possibilidade de comando remoto de crimes por parte dos detentos, algo que ainda é uma realidade mesmo em penitenciárias de alta segurança em outras partes do mundo.
De acordo com Darmanin, a unidade terá um “regime carcerário extremamente rígido” justamente para eliminar a influência externa e evitar fugas, motins ou ações coordenadas de dentro da prisão.
Reações dentro e fora da França
A decisão de instalar a penitenciária na Guiana sa gerou reações diversas.
Especialistas em direitos humanos alertam para os riscos de superisolamento e desumanização do tratamento penal, além das implicações ambientais da construção em uma área sensível da Amazônia.
Por outro lado, autoridades locais veem com bons olhos o investimento, que pode gerar empregos e desenvolver a infraestrutura da região.
Líderes políticos da França e do Parlamento Europeu, no entanto, têm debatido se a distância geográfica pode representar obstáculos à fiscalização e ao acompanhamento jurídico dos detentos.
A resposta do governo francês tem sido clara: o combate ao narcotráfico internacional exige medidas duras e inovadoras, especialmente frente à crescente sofisticação das redes criminosas que atuam entre continentes.
A Guiana sa como peça-chave contra o narcotráfico
A escolha da Guiana sa também sinaliza o reposicionamento da França como um ator mais direto na geopolítica antidrogas do hemisfério sul.
Com fronteiras terrestres com o Brasil e o Suriname, e o fluvial à região amazônica, a Guiana é um ponto estratégico no mapa do crime internacional, especialmente para o tráfico de cocaína produzida em países como Colômbia, Bolívia e Peru.
A região tem sido usada por narcotraficantes que aliciam jovens guianenses para atuarem como “mulas” em voos rumo à Europa.
Somente em 2023, mais de 1.500 casos de tráfico de drogas foram registrados nos aeroportos da Guiana sa, segundo dados da polícia local.
A prisão de segurança máxima surge, nesse contexto, como uma resposta direta ao uso recorrente do território como corredor logístico do narcotráfico internacional.
A construção de uma prisão de segurança máxima no meio da Floresta Amazônica marca um capítulo inusitado e estratégico na luta global contra o crime organizado.
A aposta da França em isolamento geográfico extremo, aliado à vigilância tecnológica de ponta, poderá se tornar um modelo — ou um experimento controverso — no combate à criminalidade transnacional.
Você acha que o isolamento em plena Amazônia pode mesmo frear o narcotráfico ou essa decisão pode gerar novas polêmicas e desafios? Comente abaixo e participe da conversa.