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Por que a China está comprando burros no mundo? Entenda a febre do Ejiao, o impacto na espécie e por que a criação não é solução

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 28/04/2025 às 19:46
Atualizado em 01/05/2025 às 11:58
Por Que a China Está Comprando Burros do Mundo Todo? O Segredo do Ejiao
Por Que a China Está Comprando Burros do Mundo Todo? O Segredo do Ejiao

China está comprando burros globalmente para produzir ejiao, uma gelatina tradicional. A demanda crescente ameaça a espécie e causa problemas sociais e econômicos em vários países.

A China está comprando burros em grande escala no mercado internacional desde 2010. Essa procura intensa e crescente coloca o animal em risco de extinção em várias regiões, especialmente na África.

Mas por que esse interesse específico nos burros? A resposta está em um produto tradicional chinês chamado ejiao, feito a partir da pele do animal.

Ejiao: a gelatina de burro milenar cobiçada pela China

Ejiao

O ejiao (lê-se “ê-jiau”) é uma gelatina tradicional. É produzida com o colágeno encontrado na pele dos burros. Seu uso na China remonta a milênios, principalmente na medicina tradicional. Historicamente, era um remédio caro e às cortes imperiais. Acreditava-se que fortalecia o sangue, melhorava o sono e equilibrava energias.

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Pesquisas mais recentes mencionam outros supostos benefícios. Entre eles: retardar o envelhecimento, aumentar a libido e auxiliar em tratamentos contra o câncer. Hoje, o ejiao é extremamente popular na China. É encontrado em tônicos, cápsulas, cremes cosméticos e até alimentos, como bolos e frutas cobertas com a gelatina.

O impacto global da procura chinesa por burros

O consumo de ejiao disparou na China. Nos anos 90, a indústria precisava de cerca de 200 mil peles de burro por ano. Essa demanda era atendida pela produção interna chinesa. Atualmente, a necessidade anual saltou para 4 a 6 milhões de peles.

Esse número representa cerca de 10% da população mundial de burros. Se o ritmo continuar, a espécie pode ser extinta globalmente em menos de 10 anos. A própria população de burros na China caiu 76% desde 1992. Com a falta de animais no país, a China está comprando burros no exterior. Começou na Ásia, depois foi para México, Brasil e principalmente África.

Crise na África e Brasil: roubos e abate ilegal

A África concentra mais de 40% dos burros do planeta. Nesses países, os burros são vitais para a economia rural. Servem para transporte de carga, arado de lavouras e proteção de rebanhos. A intensa procura pela China está comprando burros e fez o preço disparar.

Isso levou ao aumento do roubo desses animais. Bandidos roubam burros até de pequenas propriedades. Os animais são levados para abatedouros, muitas vezes clandestinos. A pele é retirada, seca e enviada em caixas para a China. Frequentemente, a carcaça do animal é descartada, desperdiçando alimento.

A proibição do abate de burros na África e a situação no Brasil

A situação se tornou um problema econômico e de segurança. Governos começaram a agir. Em fevereiro de 2025, a União Africana aprovou a proibição do abate de burros para exportação de pele. A medida visa frear o declínio da população animal e vale para os 55 países membros. No Brasil, uma situação parecida ocorreu.

Um acordo com a China em 2012 regulamentou a exportação de peles. O abate cresceu tanto que a população de burros diminuiu mais de 60% entre 2017 e 2022. A Justiça chegou a proibir o abate na Bahia em 2018, mas a proibição foi derrubada em 2019. O Brasil hoje abastece a demanda chinesa por ejiao e a vietnamita por carne de burro.

Por que simplesmente não criar mais burros?

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Se a pele do burro se tornou tão valiosa, por que não criar mais animais? A resposta é que a criação de burros em larga escala não é economicamente viável. A gestação é muito longa (cerca de 12 meses). A média é menos de um filhote por ano por fêmea. A gravidez da égua (que gera o burro ao cruzar com jumento) é delicada, com alto risco de aborto.

Além disso, burros e mulas (fêmeas) são geralmente estéreis por serem híbridos. Isso impede a reprodução em massa sem o cruzamento constante de jumentos e éguas, que é caro e demorado. Os burros também precisam de cerca de 4 anos para que sua pele esteja apta para extração. O custo de criar o animal por tanto tempo (alimentação, cuidados) ultraa o valor da pele.

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Durval candiani
Durval candiani
04/05/2025 04:17

Ah se a China importar todos **** e jegues do Brasil,vai ser uma boa pra nós,pq assim os que ficarem aqui ,os mais bons ,saberão votar e assim acaba com a festa dos abestados ****…kkkkk

Jardel monteiro
Jardel monteiro
03/05/2025 14:50

Ter como símbolo de ideologia política entre essa discussão e desprezível :
O **** é o mais forte resistente atua tanto em longas caminhadas ou curtas ,carrega pesso e ao longo da história do mundo teve grande influencia no uso das construções e tração, apesar de ser chamado de **** é mais inteligente que muitos outros animais e se força fosse sinônimo de inteligência o ****,mula ou cavalo andava montado em cima do homem

Raimundo Nonato
Raimundo Nonato
03/05/2025 04:31

Já estou vendo os eleitores do **** em extinção

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Bruno Teles

Falo sobre tecnologia, inovação, petróleo e gás. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro. Com mais de 7.000 artigos publicados nos sites G, Naval Porto Estaleiro, Mineração Brasil e Obras Construção Civil. Sugestão de pauta? Manda no [email protected]

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