Guiana se torna um dos países que mais cresce no mundo graças ao petróleo. Mas a riqueza econômica esconde desafios graves: desigualdade, desemprego e exclusão social.
Na costa norte da América do Sul, um pequeno país desafia expectativas e se destaca no cenário global por um crescimento econômico vertiginoso.
A Guiana, vizinha do Brasil, viu sua economia dar um salto impressionante nos últimos anos, mas nem tudo é motivo para celebração.
Por trás dos números impressionantes e das promessas de riqueza, há histórias de desigualdade e desafios que ainda precisam ser enfrentados.
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Como uma nação com menos de 1 milhão de habitantes pode se tornar um dos maiores casos de crescimento econômico do mundo? E mais importante, como isso afeta quem vive lá?
O impacto do petróleo: um salto econômico sem precedentes
Entre 2019 e 2023, a Guiana experimentou um crescimento econômico de 184% em seu Produto Interno Bruto (PIB), segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI).
De acordo com uma matéria do jornal BBC Brasil, esse desempenho extraordinário é impulsionado pela exploração de vastas reservas de petróleo na costa do país, liderada pela petroleira americana ExxonMobil.
Em termos concretos, o PIB saltou de US$ 5,17 bilhões (R$ 27,7 bilhões) em 2019 para impressionantes US$ 14,7 bilhões (R$ 68,2 bilhões) em 2023.
Para se ter uma ideia, apenas em 2022, o crescimento foi de 62%, uma taxa dificilmente vista em economias modernas.
O PIB per capita, métrica que divide a riqueza total pelo número de habitantes, também disparou.
Conforme o Banco Mundial, o indicador subiu de US$ 6.477 (R$ 31 mil) em 2019 para US$ 18.199 (R$ 87 mil) em 2022. Esse montante supera mais que o dobro do PIB per capita brasileiro no mesmo período, que foi de US$ 8.917 (R$ 39,9 mil).
Uma “Dubai” sul-americana?
O ex-ministro da Economia do Brasil Paulo Guedes chegou a comparar a Guiana a uma “Dubai” emergente, devido à rapidez com que o país vem acumulando riquezas.
No entanto, essa analogia parece distante da realidade enfrentada por boa parte da população local.
Christine Rudder, uma jovem de 23 anos, personifica as dificuldades de muitos guianenses.
Moradora de Georgetown, capital da Guiana, ela vive a poucos metros da sede da ExxonMobil, mas nunca conseguiu um emprego na indústria petrolífera.
Para sobreviver, Christine vende salgados e doces em uma banca improvisada na calçada de sua casa.
“Os ricos ficaram mais ricos, e os pobres, mais pobres”, diz Christine, em entrevista à BBC News Brasil. Seu relato reflete a realidade de muitos guianenses, que ainda não sentiram os benefícios da explosão econômica.
Desemprego e desigualdade persistentes
Apesar do crescimento econômico espetacular, o desemprego continua sendo um grande desafio na Guiana.
De acordo com o Banco Mundial, a taxa de desemprego foi de 12,4% em 2022, mais que o dobro da média global, que é de 5,3%.
Entre os jovens, a situação é ainda mais preocupante: um em cada quatro, entre 15 e 24 anos, estava sem emprego formal em 2022.
A indústria petrolífera, ao exigir mão de obra altamente especializada, tem gerado empregos que, em grande parte, são ocupados por estrangeiros.
Trabalhadores dos Estados Unidos, Venezuela e Trinidade e Tobago são frequentemente contratados, enquanto muitos guianenses permanecem à margem. Adrian Smith, comerciante local, acredita que “apenas 10% ou 15% desses empregos ficam com nós”.
Conforme o consórcio liderado pela ExxonMobil, a capacitação de profissionais locais é um processo que demanda tempo.
A empresa promete investir US$ 100 milhões (R$ 495,5 milhões) em treinamentos ao longo da próxima década, valor que representa apenas 0,23% do total de investimentos planejados no país.
Contrastes sociais e pobreza
Apesar de avanços, a Guiana ainda apresenta profundas disparidades sociais. Dados de 2019 indicavam que 48,4% da população vivia na pobreza.
Contudo, não há informações atualizadas desde então, dificultando uma avaliação precisa.
Georgetown, a capital, é um reflexo das desigualdades.
Enquanto parte da população, majoritariamente de origem indiana, vive confortavelmente, comunidades de descendência africana enfrentam dificuldades com falta de saneamento e habitação adequada.
“O crescimento econômico não mudou magicamente a vida das pessoas”, ressalta Gerardo Noto, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).
O futuro da Guiana
Apesar dos desafios, especialistas mantêm certo otimismo sobre o futuro do país. Segundo Diletta Doretti, do Banco Mundial, programas educacionais e melhorias na saúde são os importantes para reduzir desigualdades.
O governo também tem investido em infraestrutura: em 2023, foram destinados US$ 650 milhões (R$ 3,2 bilhões) a obras como rodovias e portos, um aumento de 247% em comparação a 2019.
Porém, Christine Rudder, como muitos outros jovens guianenses, sonha com um futuro longe de sua terra natal. “É triste ter que sair do meu país para encontrar um emprego melhor”, lamenta.
Um modelo a seguir ou um alerta?
A história da Guiana levanta questões cruciais: como transformar riquezas naturais em benefícios concretos para toda a população? O país é um exemplo de oportunidade ou um aviso sobre os perigos da desigualdade?
E você, acredita que a Guiana conseguirá superar seus desafios e se tornar uma verdadeira “Dubai” sul-americana? Deixe sua opinião nos comentários!
Governo ditatorial e **** pode deixar uma população na miséria extrema. Basta a Guiana olhar para o vizinho. Lembrando que apenas uma commoditie pode sofrer altos e baixos do mercado.
É o momento de investir na educação, saúde, infraestrutura e turismo local, afinal possuem uma imensidão de floresta intacta.
A palavra corrupção ( ccorrrupção) é filtrada aqui como um palavrão…kkkk
Se o governo local não for ditatorial e ****, terá que investir na população local que não chega a um milhão de habitantes investindoo em infraestrutura, saúde e educação. Todavia, se os petrodólares forem desviados via corrupção para paraisos fiscais, como aconteceu na Venezuela, a miséria pode até piorar o que já era ruim antes da exploração do petróleo.