Entenda como a Petrobras pretende aplicar preços diferentes para o gás de cozinha usado por residências e indústrias, e quais medidas estão sendo analisadas
A Petrobras está avaliando a adoção de uma política de preços segmentada para o gás liquefeito de petróleo (GLP), utilizado principalmente como gás de cozinha. A proposta vem sendo discutida desde abril de 2024, após análises internas indicarem crescimento no consumo industrial do produto, conforme reportado pelo jornal O Globo. A mudança tem como objetivo principal assegurar que o abastecimento para uso residencial continue sendo priorizado. O aumento do consumo por empresas tem provocado desequilíbrios que refletem diretamente nos preços pagos pelos consumidores finais.
O governo iniciou leilões como medida temporária
Como resposta inicial, a Petrobras iniciou, em maio de 2024, leilões específicos de GLP para tentar conter a pressão da demanda industrial. De acordo com a Agência Brasil, o governo planejou a medida como forma de direcionar parte do fornecimento para o uso residencial. Caso esses leilões não obtenham os resultados esperados, a empresa considera aplicar uma diferenciação de preços entre os setores residencial e industrial. Essa possível separação de valores ainda está em estudo e dependerá de avaliações técnicas e regulatórias.
Diferença entre o preço de refinaria e o valor final preocupa
Em abril de 2024, a Petrobras informava que o valor médio do botijão de 13 kg nas refinarias era de aproximadamente R$ 36. No entanto, conforme levantamento do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), alguns revendedores chegam a vender esse mesmo botijão por até R$ 170 em determinadas regiões do país. As margens de lucro acumuladas nas etapas de distribuição e revenda explicam, principalmente, essa diferença. Como a estatal não regula o preço final, ela exerce controle limitado sobre esse processo.
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Venda da Liquigás em 2020 reduziu a capacidade de intervenção
A Petrobras perdeu um canal importante de atuação na cadeia de distribuição do GLP desde que vendeu a Liquigás, em novembro de 2020, para o consórcio formado por Copagaz e Nacional Gás. A própria empresa realizou a venda durante o plano de desinvestimentos conduzido na gestão de Roberto Castello Branco. Sem uma distribuidora própria, a empresa ou a depender integralmente do mercado para levar o produto até o consumidor. Isso dificultou ações mais diretas para moderação de preços.
Segmentação de preços não é inédita
O Brasil já aplicou a segmentação de preços entre GLP residencial e industrial anteriormente, especialmente na década de 1990. A proposta da Petrobras agora é semelhante: estabelecer valores distintos, caso fique comprovado que o uso industrial está pressionando a oferta voltada às residências. Em declarações feitas à imprensa em abril de 2024, a atual presidente da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou que a diferenciação está em avaliação, mas que qualquer decisão dependerá de análise técnica e jurídica.
Medidas complementares estão sendo avaliadas
A Petrobras também avalia outras estratégias para garantir equilíbrio no mercado de GLP. Entre elas estão o reforço no monitoramento da cadeia de distribuição, o diálogo com a Agência Nacional do Petróleo (ANP), parcerias com o Ministério de Minas e Energia e campanhas educativas sobre o uso e a precificação do GLP. Essas ações estão sendo desenvolvidas com base em relatórios internos e em conformidade com diretrizes regulatórias e de mercado.
Foco permanece no consumidor residencial
A companhia destaca que a prioridade continua sendo o consumidor residencial, especialmente as famílias de baixa renda que mais dependem do gás de cozinha. A presidente da empresa reiterou esse compromisso em entrevista concedida à TV Brasil em maio de 2024. Segundo ela, todas as medidas analisadas visam preservar o o da população a um recurso essencial no dia a dia.
Relatórios técnicos serão apresentados ao governo
Ainda no primeiro semestre de 2025, a Petrobras deve apresentar novos relatórios ao Ministério de Minas e Energia. Os documentos trarão dados atualizados sobre o perfil de consumo do GLP por segmento e devem embasar propostas para políticas públicas e possíveis ajustes regulatórios. Além disso, estudos estão sendo realizados com apoio da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), com o objetivo de garantir maior transparência e previsibilidade na formação de preços do gás de cozinha.