Acordo visa promover preservação ambiental com impacto direto na captura de carbono e recuperação de áreas degradadas
O BNDES e a Petrobras anunciaram nesta segunda-feira, 31, uma iniciativa para combater o desmatamento e incentivar a recuperação ambiental na Amazônia. O projeto, chamado ProFloresta+, vai restaurar até 50 mil hectares de áreas degradadas, o equivalente a 50 mil campos de futebol.
A meta é ambiciosa: capturar 15 milhões de toneladas de carbono, o mesmo que 8,94 milhões de carros emitem por ano.
Parceria inédita entre empresas públicas
O ProFloresta+ é o primeiro programa de créditos de carbono com apoio direto de um financiador público, o BNDES.
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A Petrobras entra como compradora dos créditos. A ideia é simples: reflorestar e vender o carbono armazenado pelas árvores. Mas a execução envolve bilhões de reais e uma logística complexa.
Na primeira fase, será publicado um edital para contratar até 5 milhões de créditos de carbono. Isso deve cobrir 15 mil hectares e gerar mais de R$ 450 milhões em investimentos. Além disso, o programa criará cerca de 4.500 empregos diretos só na restauração.
A consulta ao mercado já começou. Empresas interessadas podem contribuir com sugestões para o edital e o contrato padrão.
O processo está sendo conduzido com transparência, o que deve ajudar a criar uma referência sólida para futuros projetos no setor.
Como vai funcionar o ProFloresta+
Os projetos selecionados devem utilizar espécies nativas e respeitar critérios técnicos rigorosos. Os créditos de carbono gerados serão comprados pela Petrobras em contratos de longo prazo. Esses contratos garantirão segurança financeira para os desenvolvedores dos projetos.
O BNDES vai oferecer linhas de crédito especiais, como o Fundo Clima. Isso permitirá que pequenos e médios projetos tenham o ao financiamento necessário, com prazos e taxas compatíveis com o tipo de atividade.
Para a Petrobras, a iniciativa é estratégica. Segundo a presidenta da empresa, Magda Chambriard, o programa vai permitir cumprir compromissos climáticos com créditos de alta qualidade, além de fortalecer o setor de restauração no Brasil.
Transparência e padrão para o mercado
Um dos diferenciais do ProFloresta+ é a criação de um contrato padrão, com parâmetros técnicos públicos. Isso dá mais previsibilidade e segurança jurídica para todas as partes envolvidas. É a primeira vez que uma transação de carbono de restauração será feita de forma tão transparente no país.
O projeto recebeu apoio técnico do Nature Investment Lab (NIL), que atuou como facilitador junto a especialistas. O NIL é uma iniciativa voltada a soluções baseadas na natureza, com foco em modelos de negócio replicáveis.
O Instituto Clima e Sociedade (iCS) também participa, junto com entidades como Agroícone e Imaflora, responsáveis pela definição dos critérios técnicos e socioambientais. O escritório Mattos Filho fez a assessoria jurídica. Toda essa estrutura pretende servir como modelo para novas iniciativas semelhantes.
Um o importante para a Amazônia
A diretora Socioambiental do BNDES, Tereza Campello, destaca que o projeto se soma a outros esforços do banco para proteger o bioma amazônico. Ela lembra que o Arco do Desmatamento — uma das regiões mais críticas da floresta — está no centro das ações.
A proposta é transformá-lo no Arco da Restauração, um símbolo de recuperação ambiental e social. Segundo Campello, a crise climática exige ações urgentes e coordenadas, especialmente nas áreas mais degradadas da floresta.
Maurício Tolmasquim, diretor de Transição Energética da Petrobras, completa: o objetivo é estabelecer um contrato que sirva de referência para todo o mercado de carbono de restauração no Brasil, com alto nível de integridade técnica e ambiental.
Como participar da consulta
Empresas e instituições interessadas em participar da consulta ao mercado devem enviar um e-mail para profloresta@petrobrclickpetroleoegas-br.noticiasdoriogrande.com.br solicitando inscrição. A partir daí, receberão o material completo com a minuta do edital e do contrato de compra de créditos.