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Pesquisadores descobrem nova espécie de réptil no Rio Grande do Sul: fóssil tem 235 milhões de anos e ajuda a entender a pré-história do Brasil

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 04/06/2025 às 09:56
Pesquisadores descobrem nova espécie de réptil
Foto: IA

Pesquisadores realizam descoberta no Rio Grande do Sul que muda a compreensão do ado. Nova espécie de réptil com 235 milhões de anos é descoberta e réplica pode ser vista em museu.

Uma nova descoberta paleontológica no Brasil tem despertado a atenção da comunidade científica internacional. Pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em colaboração com colegas argentinos, identificaram uma nova espécie de réptil a partir de um fóssil encontrado no município de Santa Cruz do Sul, no interior do Rio Grande do Sul. Com impressionantes 235 milhões de anos, o fóssil representa um importante elo na compreensão da fauna do período Triássico e da origem dos dinossauros.

O achado, publicado na revista científica Scientific Reports, reforça a importância do território brasileiro como um dos mais relevantes do mundo para o estudo da vida pré-histórica. A nova espécie de réptil foi batizada de Itaguyra occulta, em homenagem à região do achado e ao longo período em que o fóssil permaneceu “escondido” nas coleções científicas antes de ser estudado em profundidade.

O contexto da descoberta no Rio Grande do Sul

O material consiste em partes da cintura pélvica do animal — mais especificamente, o ílio e o ísquio, ossos que compõem o quadril e ajudam na locomoção. A análise revelou que os ossos pertencem a um tipo raro de réptil do grupo dos silessaurídeos — animais considerados próximos aos dinossauros, mas ainda fora do grupo propriamente dito.

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Esse tipo de réptil viveu durante o período Triássico, logo após a maior extinção em massa da história da Terra, que ocorreu há cerca de 252 milhões de anos. Os pesquisadores estimam que o animal media cerca de 1 metro de comprimento e era herbívoro ou onívoro, o que indica uma dieta relativamente diversificada. Ele caminhava sobre quatro patas e possuía uma estrutura corporal leve, adaptada para se locomover em ambientes terrestres e possivelmente florestas abertas.

A importância científica da nova espécie de réptil

A nova espécie de réptil descoberta no Rio Grande do Sul contribui significativamente para o entendimento da evolução dos primeiros dinossauros e de seus parentes próximos. Até recentemente, havia uma lacuna de informações sobre os animais que viveram entre 237 e 233 milhões de anos atrás — um período conhecido como “hiato do Carniano”. O fóssil de Itaguyra occulta se insere justamente nesse intervalo, oferecendo pistas valiosas sobre a transição entre os répteis primitivos e os primeiros dinossauros verdadeiros.

Além disso, a presença desse fóssil em território brasileiro ajuda a confirmar a hipótese de que o supercontinente Gondwana — do qual a América do Sul fazia parte — foi um centro importante para a diversificação de espécies durante o Triássico. Descobertas semelhantes já haviam sido feitas na Argentina, mas esta é a primeira vez que um silessaurídeo com essas características é identificado no Brasil.

O papel dos pesquisadores brasileiros

Os responsáveis pela descoberta são pesquisadores experientes da UFRGS, liderados pelo paleontólogo Rodrigo Müller, um dos principais nomes da paleontologia brasileira na atualidade. A nova espécie ajuda a preencher uma lacuna essencial para a compreensão da fauna do Triássico médio e superior, período em que os dinossauros começaram a dominar os ecossistemas terrestres.

Os pesquisadores utilizaram tomografias computadorizadas e análises morfológicas comparativas para determinar que os ossos pertenciam a um novo táxon. O estudo também contou com a colaboração de especialistas do Museu Argentino de Ciências Naturais, o que reforça a importância da cooperação internacional no avanço da paleontologia.

O nome Itaguyra occulta combina termos indígenas e latinos: “Itaguyra” faz referência ao local da descoberta, enquanto “occulta” significa “oculta” ou “escondida”, em alusão ao longo período em que o fóssil permaneceu desconhecido.

Divulgação e exposição do fóssil

Para ampliar o alcance da descoberta e despertar o interesse do público geral, uma réplica em tamanho real do Itaguyra occulta foi instalada no Museu Municipal Aristides Carlos Rodrigues, em Candelária (RS), um dos polos de paleontologia do estado. A escultura, feita com base nos dados anatômicos reais, oferece aos visitantes uma visualização imersiva de como era o animal em vida.

A exposição faz parte de uma iniciativa para valorizar a ciência local e mostrar a relevância da paleontologia gaúcha. O Rio Grande do Sul é conhecido por seu rico registro fossilífero, com dezenas de sítios que revelam espécies extintas desde o período Permiano até o Cretáceo.

Além disso, a divulgação da nova espécie em veículos de comunicação e revistas científicas contribui para o fortalecimento da imagem da paleontologia brasileira no cenário global. Descobertas como esta reforçam o potencial do Brasil como um celeiro de pesquisas relevantes sobre a história da vida na Terra.

Itaguyra occulta e a missão de revelar os segredos da Terra

A identificação da nova espécie de réptil Itaguyra occulta representa um marco significativo na paleontologia brasileira e internacional. Com aproximadamente 235 milhões de anos, o fóssil preservado no Rio Grande do Sul oferece evidências cruciais sobre a fauna do Triássico, período fundamental para entender a transição evolutiva que levou ao surgimento dos dinossauros. Trata-se de uma peça-chave para reconstruir o quebra-cabeça da história da vida no planeta.

A descoberta no interior gaúcho reforça, de forma contundente, a importância de investir em ciência, preservação de acervos paleontológicos e na formação de pesquisadores capacitados. O achado também evidencia o valor inestimável das coleções científicas mantidas por universidades brasileiras, como a da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde o fóssil ficou armazenado por décadas até ser corretamente identificado por meio de análises modernas.

Por fim, a descoberta dessa nova espécie nos convida a refletir sobre o papel transformador da ciência. A missão fundamental da paleontologia é revelar os segredos ocultos sob nossos pés — e cada fóssil recuperado, estudado e compartilhado amplia nossa compreensão sobre a diversidade da vida, as mudanças climáticas do ado e os caminhos evolutivos que moldaram a Terra como a conhecemos hoje.

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Valdemar Medeiros

Jornalista em formação, especialista na criação de conteúdos com foco em ações de SEO. Escreve sobre Indústria Automotiva, Energias Renováveis e Ciência e Tecnologia

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