Projetos inacabados geram prejuízos bilionários, freiam o desenvolvimento e afetam a vida dos brasileiros e a construção nacional.
O Brasil enfrenta o fantasma das obras públicas inacabadas. São esqueletos de concreto, escolas sem uso, hospitais vazios. Um “cemitério de bilhões” em recursos e esperanças. Cerca de 14.000 projetos de construção abandonados somam R$144 bilhões, com R$10 bilhões já perdidos.
O retrato do desperdício na construção
A expressão “Cemitérios de Bilhões” significa potencial perdido e promessas não cumpridas. O impacto vai além do financeiro, gerando falta de serviços básicos e abalando a confiança pública. Os R$10 bilhões já aplicados sem retorno são apenas a ponta do iceberg. Custos de deterioração e oportunidades econômicas perdidas agravam o prejuízo da construção paralisada.
Números alarmantes nas obras inacabadas
A crise é vasta. Em 2019, o TCU apontou 14.000 obras paradas, somando R$144 bilhões (37,5% dos contratos ativos). Mais recentemente, o órgão indicou 8.600 obras federais paralisadas. A CGU, em 2024, revelou que, em municípios analisados, 39% das obras de emendas parlamentares sequer iniciaram e 5% estavam paradas. Falta um sistema único de monitoramento para a construção pública.
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Exemplo concreto do custo da construção parada: A paralisação de obras de infraestrutura, como trechos da rodovia BR-163, vital para o escoamento agrícola, ilustra bem o prejuízo. Segundo estudo da CBIC, trechos não concluídos desta construção rodoviária causaram perdas diárias estimadas em US$400.000 pela interrupção do tráfego de caminhões. A conclusão de corredores como o da BR-163 no Arco Norte poderia gerar ganhos anuais de US$765 milhões com a redução nos custos de frete.
Diversas falhas levam ao abandono de obras de construção, como:
Planejamento deficiente: Projetos mal elaborados desde o início.
Gestão frágil: Baixa capacidade técnica de municípios e estados.
Problemas financeiros: Falta de recursos, interrupção de fluxos, politização de verbas.
Falhas contratuais: Abandono por empresas, cultura de aditivos.
Entraves burocráticos: Legislação antiga, demora em licenças, irregularidades.
Impactos da construção inacabada
As consequências são severas:
- Prejuízo financeiro direto: R$10 bilhões perdidos, além de custos com deterioração.
- Impacto econômico: A CBIC (2018) estimou perda de 0,65% do PIB potencial ao ano.
- Danos sociais: Milhares de escolas e creches paralisadas (2.485 segundo a Transparência Brasil em 2022). Problemas em saneamento afetam a saúde pública.
- Degradação urbana: “Elefantes brancos” geram insegurança, desvalorizam imóveis e aumentam a descrença na política.
Desperdício na construção: setores e regiões críticas
O problema é mais grave em certas áreas:
Setores: Educação lidera o ranking de paralisações, com 2.485 escolas e creches paradas (Transparência Brasil, 2022). Saúde, saneamento e transporte também são muito afetados.
Regiões: Mais da metade das obras de educação paradas concentram-se em Maranhão, Pará, Bahia, Amazonas e Minas Gerais. Alarmantes 94% dessas obras são de responsabilidade municipal.
Podemos contar com alguma esperança?
Algumas ações buscam reverter o quadro da construção paralisada:
Pacto pela Educação: A Lei nº 14.719/2023, com R$4,1 bilhões, reduziu o número de obras de educação paralisadas ou inacabadas de 5.642 para 2.902 em um ano.
Fiscalização: CNJ, TCU e CGU atuam no diagnóstico e fiscalização.
Desafios: A dimensão do problema exige esforços contínuos e abrangentes.
Os “Cemitérios de Bilhões” são uma ferida aberta que exige ação urgente. É preciso mudar a cultura, focando em concluir obras de construção com eficiência e atacando as causas do abandono. Fortalecer a gestão, despolitizar investimentos e simplificar processos são os cruciais. O Brasil precisa transformar recursos públicos em benefícios reais para a população.