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O único homem com menos de 40 anos na lista dos mais poderosos do mundo: conheça o ‘dono’ do Reino da Arábia Saudita

Escrito por Jefferson S
Publicado em 01/06/2025 às 10:16
Retrato hiper-realista de Mohammed bin Salman em modo paisagem, usando thobe branco, bisht creme e ghutra vermelho e branco, com expressão confiante e iluminação dramática sobre fundo escuro.
Mohammed bin Salman, príncipe herdeiro da Arábia Saudita, em retrato hiper-realista paisagem com luz dramática e vestes tradicionais.

Mohammed bin Salman, príncipe herdeiro e primeiro-ministro saudita, concentra poder político, econômico e social ao implementar reformas ousadas e reprimir opositores, traçando os rumos do maior exportador de petróleo do planeta.

Mohammed bin Salman Al Saud, conhecido como MBS, é o único líder com menos de 40 anos incluído entre as pessoas mais influentes do planeta. Aos 39 anos, exerce de fato o comando absoluto do Reino da Arábia Saudita, atuando como príncipe herdeiro desde 21 de junho de 2017 e, desde 27 de setembro de 2022, também como primeiro-ministro.

Sob sua liderança, o país promoveu a ambiciosa “Vision 2030”, programa de diversificação econômica que visa reduzir a dependência do petróleo e modernizar a sociedade, ao mesmo tempo em que restringe liberdades políticas e reprime dissidentes. Neste artigo, você conhecerá a trajetória, as políticas e os desafios do jovem governante que molda o destino de uma das nações mais estratégicas do Oriente Médio.

Origens e formação

Mohammed bin Salman Al Saud – Wikipedia

Mohammed bin Salman nasceu em 31 de agosto de 1985, em Riade, filho do então príncipe Salman bin Abdulaziz (atual rei da Arábia Saudita) e de Fahda bint Falah Al Hithlain. Sétimo filho do rei Salman, é neto do fundador do país, Ibn Saud. Cresceu no ambiente do palácio real, ao lado dos irmãos Turki, Mashour, Fahda, Noura e Abdulaziz.

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Após concluir o ensino médio no King Abdulaziz Foundation for Research and Archives, Mohammed ingressou na King Saud University, onde se formou em Direito em 2007, obtendo o segundo melhor desempenho acadêmico de sua turma.

Ainda na universidade, envolveu-se em atividades de apoio ao Conselho Econômico e de Desenvolvimento, preparando-se para assumir funções públicas.

Ascensão política

Em dezembro de 2009, aos 24 anos, tornou-se conselheiro especial de seu pai, então governador da Província de Riade. Rapidamente, foi nomeado secretário-geral do Conselho Competitivo de Riade e membro de conselhos como o da Fundação Rei Abdulaziz para Pesquisa e Arquivos.

Em outubro de 2011, quando seu pai ou a ser vice-príncipe herdeiro, Mohammed sucedeu-o como chefe de gabinete do príncipe herdeiro Saud bin Nayef Al Saud.

Com a ascensão do rei Salman em janeiro de 2015, Mohammed foi nomeado ministro da Defesa e secretário-geral da Corte Real. Na função, coordenou a intervenção militar liderada pela Arábia Saudita no Iêmen, definindo-se como o “arquiteteto” das ações contra os rebeldes houthis.

Sob seu comando, a coalizão saudita iniciou ataques aéreos e bloqueios navais que, embora visassem restaurar o governo deposto no Iêmen, resultaram em uma prolongada guerra de desgaste.

Em 21 de junho de 2017, Mohammed bin Salman foi elevado ao posto de príncipe herdeiro, em substituição a Muhammad bin Nayef. A decisão, antecipada por relatórios de inteligência alemães, reforçou sua influência interna e externa.

Pouco depois, em novembro de 2017, promoveu uma ampla purga anticorrupção que resultou na prisão de dezenas de príncipes, empresários e altos funcionários no Ritz-Carlton de Riade, centralizando ainda mais o poder na Casa de Saúd.

Em 27 de setembro de 2022, o rei Salman delegou a Mohammed bin Salman o cargo de primeiro-ministro, tradicionalmente exercido pelo próprio soberano. A partir de então, MBS ou a acumular os três principais títulos executivos do Reino: príncipe herdeiro, primeiro-ministro e ministro da Defesa (até 2022).

Reformas internas e a visão “Vision 2030”

MBS diminuiu radicalmente a influência do clero wahhabi, limitando a autoridade da polícia religiosa, o Comitê para a Promoção da Virtude e a Prevenção do Vício deixou de poder deter ou interrogar cidadãos por violar normas de sharia.

Essa medida permitiu a reabertura de cinemas em 2018, a ampliação de eventos de entretenimento e a organização de shows de artistas internacionais, rompendo décadas de conservadorismo estrito.

Ainda em 2018, sob o slogan de modernização, o príncipe herdeiro pôs fim à proibição que impedia sauditas do sexo feminino de conduzir veículos.

No ano seguinte, suavizou o sistema de tutela masculina, autorizando mulheres com mais de 21 anos a emitir aporte e viajar sem consentimento dos guardiões.

Embora esses avanços tenham simbolizado maior liberdade para as mulheres, persistiram prisões e torturas de ativistas dos direitos femininos, como Loujain al-Hathloul, evidenciando o caráter seletivo das reformas.

Lançada em abril de 2016, a Vision 2030 é a grande bandeira de Mohammed bin Salman. O projeto prevê privatizações, redução de subsídios e atração de investimentos em turismo, tecnologia e entretenimento. Inclui a criação de zonas econômicas especiais, como NEOM, cidade futurista de US$ 500 bilhões à beira do Mar Vermelho, e projetos de geração nuclear e solar, com metas ambiciosas de neutralidade de carbono a partir da adoção de tecnologias de captura de carbono.

Durante o expediente de novembro de 2017, dezenas de príncipes e magnatas foram detidos sob acusação de corrupção, resultando na apreensão de bilhões de dólares em ativos, estimados entre US$ 300 bilhões e US$ 800 bilhões.

A ação, que incluiu relatos de tortura e intimidação no Ritz-Carlton de Riade, consolidou MBS como figura central do poder, mas também gerou reprovação internacional por métodos coercitivos e ausência de devido processo legal.

Política externa e confrontos regionais

Como ministro da Defesa, Mohammed orquestrou a intervenção militar contra os houthis. Embora justifique a operação como defesa dos interesses sauditas e busca de restaurar o governo exilado, a campanha causou uma grave crise humanitária, mais de 50 000 crianças morreram de fome até 2017 — e críticas de organizações internacionais por supostos crimes de guerra.

Em junho de 2017, a Arábia Saudita, ao lado de Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Egito, impôs bloqueio diplomático e econômico ao Catar, acusando-o de financiar terrorismo e ter laços estreitos com o Irã. A ruptura só foi revertida em janeiro de 2021, após intermediação do Kuwait e dos EUA, resultando no acordo de Al-’Ula.

Em 2018, tornou-se o primeiro membro da Casa de Saúd a demonstrar publicamente apoio ao direito de Israel existir. MBS participou de reuniões discretas com líderes israelenses em NEOM e declarou que, pessoalmente, não se importava com a causa palestina, embora reconhecesse sua relevância interna para o povo saudita. Em setembro de 2024, afirmou que só normalizaria relações com Israel mediante reconhecimento de um Estado palestino com Jerusalém Oriental como capital.

MBS consolidou laços pragmáticos com Vladimir Putin, coordenando cortes de produção de petróleo via OPEP+ para influenciar preços internacionais.

Em dezembro de 2022, recebeu Xi Jinping em visita histórica, elevando a cooperação econômica a “parceria estratégica integral” e acordando t ventures de tecnologia militar, como produção local de drones.

A neutralidade saudita no conflito Rússia-Ucrânia e a recusa em aumentar a extração de petróleo para pressionar Moscou evidenciam a autonomia saudita no tabuleiro geopolítico.

Desafios internos e controvérsias

Em paralelo às reformas econômicas, MBS liderou um governo autoritário que reprimiu severamente críticos políticos, ativistas e jornalistas, o caso mais emblemático é o assassinato do colunista Jamal Khashoggi, em outubro de 2018, dentro do consulado saudita em Istambul.

Organizações internacionais, como a ONU e a CIA, concluíram que o príncipe herdeiro ordenou a operação. Apesar disso, nenhum processo judicial contra ele foi aberto, e teve imunidade garantida ao assumir o cargo de primeiro-ministro em 2022.

A purga de 2017, que levou detidos a relatos de tortura, sem julgamentos justos nem chance de defesa, exemplificou a consolidação de poder via intimidação. Em 2020, o ex-oficial de inteligência Saad al-Jabri entrou com ação nos EUA, alegando que MBS tentou assassiná-lo no Canadá. A detenção de familiares de al-Jabri e a emissão de nota de extradição pela Interpol consolidaram o clima de medo entre opositores.

Embora a Vision 2030 ambicione diversificar a economia, a Arábia Saudita ainda depende em 70% de suas receitas das vendas de petróleo. Projetos bilionários, como NEOM, Neom Bay e Qiddiya, exigem investimento maciço em infraestrutura, mas enfrentam atrasos, custos crescentes e incertezas geopolíticas que podem prejudicar a atração de capital estrangeiro.

Reconhecimento e influência global

Apesar das controvérsias internas, MBS figura consistentemente na lista da Forbes de líderes mais poderosos do mundo, em 2018, foi classificado como o oitavo, em 2019, o sexto. Em 2023, logo atrás de Xi Jinping e Vladimir Putin, manteve presença entre os dez primeiros.

Sua popularidade jovem doméstica, especialmente entre a nova geração saudita, justifica as reformas sociais, cinemas, esportes, entretenimento e abertura gradual a investimentos estrangeiros. Internacionalmente, exerce papel central como mediador em conflitos, hospedando Zelensky em março de 2025 para negociações de paz na Guerra da Ucrânia, e atraindo chefes de Estado para somar legitimidade às suas iniciativas.

Mohammed bin Salman é hoje a face de uma Arábia Saudita em transição: ao decretar audaciosas reformas sociais e econômicas, aproxima o Reino de padrões internacionais de entretenimento, turismo e comércio, ao mesmo tempo em que reforça um aparato repressivo contra opositores.

Seu projeto Vision 2030 promete transformar a economia petrolífera em uma potência diversificada, mas seus métodos autoritários e o legado da Guerra no Iêmen podem minar a estabilidade interna.

Aos 39 anos, MBS representa a geração emergente de líderes globais, mas a combinação de ambição e centralização de poder coloca em jogo o futuro de direitos humanos e governança no maior exportador de petróleo do mundo.

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Jefferson S

Profissional com experiência militar no Exército, Inteligência Setorial e Gestão do Conhecimento no Sebrae-RJ e no Mercado Financeiro por meio de um escritório da XP Investimentos. Trago um olhar único sobre a indústria energética, conectando inovação, defesa e geopolítica. Transformo cenários complexos em conteúdo relevante sobre o futuro do setor de petróleo, gás e energia. Envie uma sugestão de pauta para: [email protected]

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