O declínio do Egito dos faraós foi causado por instabilidade interna e fatores externos
O Egito Antigo prosperou por milênios graças ao ciclo regular das inundações do Nilo. Esse fenômeno permitia colheitas abundantes e garantia a estabilidade do poder faraônico. No entanto, essa prosperidade dependia de um equilíbrio frágil.
Pesquisas recentes indicam que períodos prolongados de seca afetaram severamente o Egito, levando à fome, revoltas e ao enfraquecimento do governo.
Mudanças climáticas e o enfraquecimento do império
Evidências científicas apontam que o Egito Antigo sofreu com um longo período de seca entre 1250 e 1100 a.C. Estudos publicados na revista Nature mostram que a região do Mediterrâneo experimentou uma queda significativa nas chuvas.
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A análise de anéis de árvores e núcleos de gelo coletados na Groenlândia e nos Alpes confirma essa redução pluviométrica. Além disso, medições isotópicas em sedimentos do Nilo indicam um menor fluxo de água durante esse período.
As consequências foram severas. A falta de inundações reduziu as terras férteis, comprometendo a produção de alimentos. O impacto foi sentido em todas as camadas sociais.
O Papiro Harris, documento do reinado de Ramsés IV, relata um cenário de escassez generalizada. “Os celeiros estavam vazios e as pessoas avam fome“, descreve um dos trechos do papiro.
Estudos arqueológicos indicam que a diversidade de plantas no Delta do Nilo diminuiu drasticamente nessa época. Depósitos de pólen fossilizado apontam para um processo progressivo de desertificação.
Esses fatores sugerem que as mudanças ambientais não somente afetaram a agricultura, mas também desestabilizaram a estrutura política do Egito.
Fome e revoltas internas
A queda na produtividade agrícola teve reflexos diretos na istração do império. Os textos encontrados em Deir el-Medina revelam que artesãos começaram a protestar contra o não recebimento de rações alimentares.
O Papiro Wilbour, documento fiscal do final do Novo Império, registra uma redistribuição desigual de terras férteis, sinalizando uma tentativa do governo de istrar a crise.
Um dos eventos mais marcantes desse período foi a revolta dos trabalhadores de Deir el-Medina. Esses artesãos, responsáveis pela construção dos túmulos reais, realizaram a primeira greve registrada na história. Em resposta, as autoridades distribuíram rações extras de alimentos, mas a insatisfação persistiu.
A crise alimentar também enfraqueceu o poder central. Governadores locais aram a exercer maior autonomia, especialmente no Alto Egito. Esse processo resultou na fragmentação do império, abrindo espaço para disputas internas pelo poder.
As invasões dos Povos do Mar
O Egito não foi o único império a sofrer com mudanças climáticas no final do segundo milênio a.C. A seca afetou diversas civilizações ao redor do Mediterrâneo, desencadeando grandes deslocamentos populacionais. Nesse contexto, surgem os Povos do Mar, grupos de migrantes que atacaram diversas regiões em busca de novas terras.
Entre 1200 e 1100 a.C., esses grupos invadiram o Egito. Inscrições do reinado de Ramsés III, encontradas no templo de Medinet Habu, descrevem batalhas intensas. O faraó afirma ter derrotado os invasores: “Nenhum país conseguiu enfrentá-los… mas eu permaneci firme e os empurrei de volta”.
Embora essa vitória tenha preservado temporariamente o império, o conflito agravou a crise interna. Os recursos militares e econômicos necessários para resistir aos ataques esgotaram ainda mais o reino, já fragilizado por secas e fome.
O declínio do Egito e a fragmentação do poder
Após a morte de Ramsés III, o Egito entrou em uma fase de instabilidade política. Golpes de estado se tornaram frequentes, e o poder central perdeu força. O país foi dividido entre diferentes dinastias locais, marcando o fim do Novo Império.
A relação entre clima e colapso político torna-se evidente ao analisar os eventos desse período. A seca prolongada reduziu a produção agrícola, gerou crises econômicas, fomentou revoltas e enfraqueceu a istração estatal. Esse enfraquecimento, por sua vez, facilitou as invasões estrangeiras e a fragmentação do poder.
Com informações de Science & Vie.