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O que aconteceu com Tramontina? Do fundador Valentin Tramontina à gigante global de R$ 10 bilhões presente em 120 países

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 02/05/2025 às 11:08
Atualizado em 07/05/2025 às 15:16
Valentin Tramontina fundou um império. Conheça a história da Tramontina, da ferraria à multinacional de R$ 10 bi, ando por gerações e desafios.
Valentin Tramontina fundou um império. Conheça a história da Tramontina, da ferraria à multinacional de R$ 10 bi, ando por gerações e desafios.

Da pequena ferraria no interior gaúcho à multinacional presente em 120 países: a história centenária de superação, inovação e sucesso da Tramontina.

A Tramontina é um verdadeiro orgulho nacional. A marca é famosa por suas facas, talheres e as. A empresa, hoje centenária, começou como uma pequena ferraria. Foi fundada no interior do Rio Grande do Sul. Atualmente, é uma multinacional com presença em mais de 120 países. Sua história começou em 1911, com Valentin Tramontina e sua esposa, Elisa De Cecco. A jornada foi marcada por desafios, superação familiar e crescimento constante.

A ferraria de Valentin Tramontina em Carlos Barbosa

O que aconteceu com Tramontina? Do fundador Valentin Tramontina à gigante global de R$ 10 bilhões presente em 120 países

Valentin Tramontina nasceu em 1893, em Bento Gonçalves (RS). Era filho de imigrantes italianos que chegaram ao Brasil em 1885. Aprendeu o ofício de funileiro e depois de ferreiro. Em 1910, comprou as ferramentas de um primo em Carlos Barbosa. No ano seguinte, 1911, abriu sua própria ferraria na cidade. O momento era oportuno, pois a chegada de uma linha de trem impulsionava a economia local. Inicialmente, Valentin, seu irmão Luiz e um funcionário fabricavam ferraduras. Realizavam também pequenos consertos para outras indústrias.

Em 1920, Valentin casou-se com Elisa. O casal teve três filhos: Henrique, Nilo e Ivo. A pequena oficina enfrentou dificuldades quando seu principal cliente se mudou. A solução surgiu com a produção de canivetes, aprendida com um primo de Elisa. O trabalho era artesanal, mas ou a ser o carro-chefe da empresa. Por volta de 1930, Valentin aproveitou um incêndio em uma empresa de cutelaria em Porto Alegre. Ele se ofereceu para recuperar facas danificadas. Com isso, aprendeu sobre novos modelos e ou a focar na produção de facas. A ferraria voltou a prosperar.

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A força de Elisa

A prosperidade foi interrompida por tragédias familiares. O filho mais velho, Henrique, morreu aos 9 anos. Valentin Tramontina ficou muito abalado e sua saúde piorou. Ele faleceu em 1939, aos 46 anos. No ano seguinte, 1940, o segundo filho, Nilo, também morreu, aos 17 anos. Elisa ficou sozinha com o filho mais novo, Ivo, de 14 anos.

Pensou em fechar a ferraria, mas decidiu continuar o negócio. ou a trabalhar arduamente na oficina. Para manter seus 13 colaboradores fiéis, repartiu um terreno em lotes e deu um para cada um. Elisa viajava sozinha de trem para Porto Alegre. Vendia facas e canivetes de porta em porta para conseguir pagar os funcionários.

Ivo Tramontina e Ruy Comazzon assumem o comando

Enquanto Elisa viajava, seu filho Ivo assumia o comando da fábrica. Os dois formaram uma dupla: Ivo cuidava da produção e Elisa das vendas. No entanto, a falta de estrutura istrativa ficou evidente. Um fiscal de impostos abordou Elisa, que desconhecia as normas tributárias. Perceberam que precisavam de ajuda na gestão.

Elisa pediu a uma amiga, Ana Comazzon, que seu filho Ruy trabalhasse na Tramontina. Ruy Comazzon era formado em Economia. Inicialmente, ajudou na contabilidade em suas horas livres. Logo, ele e Ivo começaram a planejar a reorganização da empresa. Ruy decidiu deixar a empresa da família para se dedicar integralmente à Tramontina, motivado pela afinidade com Ivo.

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Em 1954, a empresa foi registrada como Viúva Valentim Tramontina & Cia Ltda. ou a se chamar Tramontina Cutelaria, e Ruy tornou-se sócio. Após a morte de Elisa em 1961, Ivo (36 anos) e Ruy (33 anos) assumiram o comando definitivo. Ivo focava na produção, no chão de fábrica. Ruy cuidava das áreas istrativa e financeira.

Novas fábricas, novos produtos

Sob o comando de Ivo Tramontina e Ruy, a Tramontina expandiu e diversificou. Em 1959, abriram a Forjasul em Porto Alegre (depois Canoas) para peças forjadas. Em 1963, inauguraram uma fábrica de ferramentas em Garibaldi. A primeira exportação (facas para o Chile) ocorreu em 1969.

Em 1971, começaram a produzir talheres em Farroupilha, após receberem aço inoxidável excedente do Japão. Novas fábricas surgiram: materiais elétricos (1976) e equipamentos agrícolas e de jardinagem (1982). Adotaram um modelo de gestão descentralizado, com cada fábrica tendo metas próprias.

A Era Clóvis Tramontina

Clóvis Tramontina, filho de Ivo Tramontina, entrou na empresa em 1980 após formar-se em istração. Destacou-se na área comercial. Tomou medidas ousadas, como vender diretamente ao consumidor final. Conseguiu inserir a Tramontina em grandes redes varejistas, como Mappin e Pão de Açúcar. Frequentemente aceitava pedidos maiores que a capacidade produtiva imediata.

Isso forçou a empresa a aumentar a produção e a se tornar mais focada no mercado. Clóvis cresceu na empresa, tornando-se gerente nacional de vendas. Preocupado com estoques parados, convenceu a diretoria a investir em publicidade na televisão em 1983. O primeiro comercial zerou os estoques rapidamente. A partir daí, a empresa ou a investir continuamente em marketing, com slogans conhecidos em todo o Brasil.

A internacionalização e a parceria com o Walmart

Em 1986, a Tramontina abriu uma fábrica de utensílios de madeira. No mesmo ano, deu um o crucial para a internacionalização. Inaugurou um escritório nos Estados Unidos (que se tornaria a Tramontina USA). O objetivo era entrar no maior mercado consumidor do mundo. A grande virada veio em 1989, com a entrada no Walmart.

A parceria foi um sucesso e impulsionou a expansão global da Tramontina, que acompanhou o crescimento da rede varejista. A empresa brasileira tornou-se uma das maiores fornecedoras do Walmart. Em 1990, entrou na rede Costco. Estar nessas grandes redes abriu portas em muitos países.

Sucessão familiar e o legado atual da Tramontina

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Em 1991, Ivo e Ruy escolheram seus sucessores. Clóvis Tramontina assumiu a presidência, e Eduardo Comazzon (filho de Ruy) a vice-presidência. A nova dupla replicou a parceria dos pais, com Clóvis Tramontina focado no comercial e Eduardo na parte analítica. A empresa continuou familiar e com capital fechado. A gestão seguiu descentralizada, mas acelerou em marketing e internacionalização. Em 2000, foi criado um setor formal de marketing. A empresa enfrentou a concorrência chinesa aumentando a escala de produção e importando alguns itens. Durante a pandemia de Covid-19, a produção local e o foco em itens para casa resultaram em grande crescimento.

Clóvis Tramontina deixou a presidência em 2021, após atingir a meta de R$ 10 bilhões de faturamento. Eduardo Comazzon assumiu, com Marcos Tramontina (filho de Clóvis) como vice. A empresa segue familiar. Em 2022, inaugurou uma fábrica de porcelana e faturou R$ 10,6 bilhões. Atualmente, produz mais de 22.000 itens diferentes. Possui 9 unidades industriais no Brasil, mais de 12 mil funcionários, e forte presença internacional com 20 operações no exterior e lojas próprias (T-Stores). As exportações representam 25% do faturamento, com destaque para os EUA e Alemanha. A marca Tramontina é conhecida por 97% dos brasileiros.

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Márcio
Márcio
02/05/2025 17:12

Brasil, um país de trabalhadores que lutam para pagar uma pesada carga tributária, ainda assim, sobressaem, fazem sucesso, geram empregos, parabéns a toda família tramontina.

Valter cristino silva
Valter cristino silva
Em resposta a  Márcio
03/05/2025 00:27

Concordo com você, tem que pular muitas pedras grandes para sobreviver.

Anyknkno Machado
Anyknkno Machado
Em resposta a  Márcio
03/05/2025 16:45

Dim ,estão de parabéns empresários vitoriosos e competentes no wue faze, mas se engana quem acredita que ozgsm tributos sbuzivos,até oelo contrário as empresas brasileiras nsis bem sucedidas tiveram benesses do governo e vultosos financiamentos dos bancos estatais e principalmente do bnds

Rodyhunter
Rodyhunter
Em resposta a  Anyknkno Machado
04/05/2025 08:28

O BNDS serve pra isso mesmo, gerar desenvolvimento das empresas nacionais, sejam grandes ou pequenas e não para um governo **** e **** encher os bolsos de seus amigos. E vai aprender a usar o corretor ortográfico.

Wilyam Frederichy
Wilyam Frederichy
Em resposta a  Rodyhunter
04/05/2025 11:48

Ele falou certo sim você que está com seu viés político onde que governo tá dando dinheiro para você os amiguinhos rapaz vai se informar o BNDS tá tendo é lucro

Irio Souza rosa
Irio Souza rosa
02/05/2025 17:12

Exemplo de resiliência e honestidade

Neuza
Neuza
Em resposta a  Irio Souza rosa
03/05/2025 14:34

Parabéns Tramontina 👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻

Gbmartins
Gbmartins
02/05/2025 17:25

História super bonita. Exemplo para o mundo.

Sônia Belini
Sônia Belini
Em resposta a  Gbmartins
02/05/2025 18:13

Exemplos como este hoje em dia é muito difícil de se ver. É muito doloroso ver que a humanidade deixou de fazer a sua parte. Está certo que as coisas mudaram, mas honra, honestidade, perseverança e vontade de vencer deveriam ser prioridade em qualquer época.

DARC DIAS DE SOUSA
DARC DIAS DE SOUSA
Em resposta a  Sônia Belini
03/05/2025 18:36

Essa é a hora em que nós Brasileiros temos que nos orgulhar de ser Brasileiros. Apesar de todas as dificuldades impostas por governos corruptos e impostos exorbitantes. Ainda existe esta resiliência do Brasleiro que enfrentando a dura realidade do nosso país. Fazem coisas grandiosas acontecerem. Parabéns a estes grandes brasileiros. Que não deixaram o sonho da Tramontina se acabar! Sempre fui e sou um grande irador e consumidor da Tramontina, pela qualidade impecável de seus produtos!👏👏👏👏

Bruno Teles

Falo sobre tecnologia, inovação, petróleo e gás. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro. Com mais de 7.000 artigos publicados nos sites G, Naval Porto Estaleiro, Mineração Brasil e Obras Construção Civil. Sugestão de pauta? Manda no [email protected]

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