De loja de 20m² a império de R$10 bi: a ascensão e queda da Ricardo Eletro, marcada por escândalos, prisão do fundador e processo de falência.
Uma pequena loja em Minas Gerais virou uma gigante varejista. Chegou a ter 1.200 unidades e faturar R$ 10 bilhões. Essa é a história da Ricardo Eletro. Mas o auge durou pouco. Veio a crise financeira, lojas fecharam e milhares foram demitidos.
O fundador, Ricardo Nunes, chegou a ser preso por sonegação fiscal. A empresa entrou em um processo de falência. O que aconteceu com essa gigante?
De vendedor de mexericas a dono de loja: o início de Ricardo Nunes
Ricardo Nunes, fundador da Ricardo Eletro, nasceu em Divinópolis (MG) em 1970. Veio de família humilde e começou a trabalhar cedo. Aos 12 anos, vendia mexericas na feira. Depois vendeu picolés e balas. Aos 18, viajava a São Paulo para comprar bichos de pelúcia e revender em sua cidade.
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Em 1989, com apenas 20m² e R$ 5 mil, abriu sua primeira loja Ricardo Eletro. O foco inicial eram as pelúcias, mas logo adotou a política de preços baixos e expandiu para eletrodomésticos.
A expansão da Ricardo Eletro e a holding Máquina de Vendas
A Ricardo Eletro cresceu rapidamente. A estratégia de Nunes era agressiva. Abria lojas perto dos concorrentes e cobria suas ofertas para atrair clientes. Em 1999, abriu uma unidade em Belo Horizonte. A partir de 2002, iniciou forte expansão para outros estados. Em 2007, adquiriu a rede Mig (SP/GO). Lançou seu site de e-commerce em 2009.
O grande salto veio em 2010, com a fusão com a baiana Insinuante. Juntas, criaram a holding Máquina de Vendas, a segunda maior do setor no Brasil. O grupo ainda comprou City Lar, Eletroshopping, Salfer e Clique Eletro. Eventualmente, todas as lojas foram unificadas sob a marca Ricardo Eletro.
Auge em 2014 e a condenação do fundador por corrupção
Em 2014, a Ricardo Eletro atingiu seu pico. Eram cerca de 1.200 lojas em 23 estados e no DF. Tinha 28 mil funcionários e quase R$ 10 bilhões de receita anual. Ricardo Nunes era um rosto conhecido, aparecendo em comerciais de TV.
No entanto, já em 2011, Nunes havia sido condenado a 3 anos por corrupção ativa. Foi acusado de pagar propina a um auditor fiscal da Receita Federal. O auditor foi preso em flagrante saindo da Ricardo Eletro com dinheiro vivo. Nunes não foi preso na ocasião e até apareceu na lista da Forbes em 2013.
Recessão, dívidas e a recuperação judicial da Ricardo Eletro
O declínio da Ricardo Eletro começou em 2015. A recessão econômica brasileira afetou fortemente o varejo. As vendas caíram, os custos operacionais subiram e a concorrência online aumentou. A receita da empresa despencou cerca de 40%. O número de lojas e funcionários foi reduzido drasticamente.
Com dificuldades financeiras, a Ricardo Eletro entrou com pedido de Recuperação Judicial em agosto de 2018. O pedido foi aceito em janeiro de 2019, envolvendo dívidas de R$ 4 bilhões com 17 mil credores. Em 2019, Ricardo Nunes e sua família venderam toda a participação na empresa para o empresário Pedro Bianchi.
Golpe final? Pandemia, prisão de Ricardo Nunes e decretação de falência
A pandemia de Covid-19 em 2020 piorou a situação da Ricardo Eletro. Sob o comando de Pedro Bianchi, as últimas 300 lojas físicas foram fechadas. Mais 3 mil funcionários foram demitidos. Para agravar, em julho de 2020, Ricardo Nunes foi preso. A acusação era de sonegação de mais de R$ 400 milhões em ICMS em Minas Gerais.
Ele teria cobrado o imposto do consumidor, mas não reado ao estado. Nunes ou apenas um dia na prisão, mas o escândalo manchou ainda mais a imagem da marca. Em 2022, a justiça de SP decretou a falência da holding Máquina de Vendas três vezes, mas as decisões foram posteriormente revertidas.
O que restou? E-commerce Ricardo Eletro, lojas ‘Nossa Eletro’ e Ricardo Nunes Coach
Atualmente, a marca Ricardo Eletro sobrevive apenas no e-commerce. O site foi reformulado e opera como marketplace, mas tem reputação baixa em sites de reclamação. O grupo Máquina de Vendas, agora sob o comando de Pedro Bianchi, tenta um retorno ao varejo físico. E
m abril de 2023, inaugurou lojas com um novo nome: “Nossa Eletro”. Existem atualmente quatro unidades em Minas Gerais. Enquanto isso, Ricardo Nunes, o fundador, atua como coach e palestrante. Ele usa suas redes sociais e sua empresa R1 Educação para falar sobre negócios e empreendedorismo.