A empresa australiana Viridis Mining and Minerals avança com seu ambicioso Projeto Colossus, buscando explorar terras raras em Minas Gerais e criar uma cadeia de suprimentos integrada no Brasil, com foco em sustentabilidade e inovação.
A Viridis Mining and Minerals (ASX: VMM) está no centro de um movimento estratégico para posicionar o Brasil no mapa global de produção de terras raras. Seu Projeto Colossus, localizado em Minas Gerais, promete ser um marco na exploração desses minerais críticos, essenciais para a transição energética e tecnologias de ponta.
Entenda os planos e as operações da Viridis no Brasil. Abordaremos as especificidades do Projeto Colossus, a t venture Viridion para verticalização da cadeia produtiva, a parceria inovadora com a UNIFAL-MG para pesquisa e desenvolvimento, e os desafios e oportunidades dessa iniciativa no crescente mercado de terras raras.
Viridis Mining and Minerals: foco estratégico nas terras raras brasileiras
A Viridis Mining and Minerals é uma empresa de exploração mineral listada na bolsa de valores da Austrália (ASX). Recentemente, a companhia direcionou seu foco principal para o desenvolvimento de projetos de Elementos de Terras Raras (ETR) de Argila Iônica Adsorvida (IAC) no Brasil. Um fator chave para a credibilidade da Viridis na execução de seus projetos no país é a presença de uma liderança executiva com profunda experiência local, incluindo profissionais com histórico na mineração brasileira de nióbio e terras raras.
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O objetivo estratégico da Viridis é ambicioso: desenvolver uma cadeia de suprimentos de terras raras totalmente integrada, com a visão de ser a primeira do gênero fora da China, principal produtor global atual.
Projeto Colossus: um gigante de terras raras de argila iônica em Minas Gerais
O principal empreendimento da Viridis no Brasil é o Projeto Colossus, situado no Complexo Alcalino de Poços de Caldas, em Minas Gerais, abrangendo também o município vizinho de Caldas. Esta região é conhecida por sua tradição na mineração. O projeto possui um recurso mineral global significativo, conforme o padrão JORC, de 493 milhões de toneladas (Mt) com teor médio de 2.508 partes por milhão (ppm) de Óxidos Totais de Terras Raras (TREO). O foco da exploração são os Óxidos Magnéticos de Terras Raras (MREO) de alto valor – como neodímio, praseodímio, disprósio e térbio – que também apresentam baixos níveis de impurezas e radionuclídeos.
O método de mineração planejado para o Colossus é a lavra a céu aberto, utilizando escavação direta, o que é facilitado pela natureza branda da mineralização em argilas iônicas, sem a necessidade de explosivos. O processamento do minério envolverá lixiviação com sulfato de amônio. O investimento inicial (CAPEX) para uma planta com capacidade de processar 5 milhões de toneladas por ano (Mtpa) é estimado entre US$287 milhões e US$373 milhões, com a primeira produção ou produção nominal prevista para ocorrer entre 2027 e 2028.
Viridion: verticalizando a cadeia produtiva das terras raras no Brasil
Para fortalecer sua estratégia de integração, a Viridis Mining and Minerals estabeleceu a t venture Viridion, em parceria com a também australiana Ionic Rare Earths (ASX: IXR). O objetivo da Viridion é se tornar a única fonte local de óxidos de terras raras separados e purificados no Brasil e na América Latina.
A iniciativa da Viridion se concentrará inicialmente na reciclagem de ímãs permanentes em fim de vida, como os encontrados em turbinas eólicas e equipamentos de ressonância magnética, utilizando a tecnologia proprietária RRT (Reciclagem de Ímãs) da Ionic Rare Earths. Além disso, a Viridion aplicará a Tecnologia de Separação Seletiva (SST) da parceira. Estima-se que este braço da operação possa atender até 7% da demanda global de MREO e ar importantes iniciativas de financiamento do governo brasileiro para minerais estratégicos.
Inovação e capacitação: a parceria com a UNIFAL-MG
Um pilar fundamental na estratégia da Viridis é a parceria com a Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL-MG) para a criação do Centro de Pesquisa e Processamento de Terras Raras (TR) no campus da universidade em Poços de Caldas. Este centro, com investimento previsto que pode superar R$ 50 milhões, tem o início de suas operações esperado para o segundo trimestre de 2026.
Os principais objetivos do TR incluem consolidar e aprimorar o Projeto Colossus através de uma planta em escala piloto. Esta planta permitirá validar tecnologias de processamento e parâmetros ambientais. Além disso, o centro visa formar mão de obra qualificada para o setor de terras raras e fomentar a inovação tecnológica no Brasil. A UNIFAL-MG ressalta que sua colaboração com a Viridis se restringe estritamente às atividades de pesquisa e desenvolvimento no TR, não envolvendo participação na extração mineral.
A abordagem da Viridis no Projeto Colossus
A Viridis Mining and Minerals declara um forte compromisso com práticas de mineração sustentáveis e responsáveis em seu Projeto Colossus. As medidas ambientais planejadas incluem sistemas de recirculação que permitem o reúso de 75% da água de processo, a eliminação de barragens de rejeitos tradicionais através do uso de empilhamento a seco de resíduos inertes, e a utilização de energia 100% renovável proveniente da rede elétrica (hidrelétrica e solar).
Espera-se que o projeto traga benefícios socioeconômicos para a região de Poços de Caldas e Caldas, como a geração de empregos (aproximadamente 120 diretos na mina e 40 no TR), o desenvolvimento da cadeia produtiva local e o aumento da arrecadação de royalties (CFEM) para os municípios. O processo de licenciamento ambiental está em andamento, com o Estudo de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) para as Concessões Norte do projeto submetido à Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM) de Minas Gerais e com audiência pública realizada em maio de 2025.