Imagens captadas por uma câmera de segurança mostram, pela primeira vez, o deslizamento lateral direito em uma falha tectônica ativa. Veja o vídeo que pode redefinir estudos sísmicos.
A terra literalmente se parte ao meio enquanto uma câmera registra tudo. Uma estrada, uma cerca e de repente, a paisagem desliza como gelo flutuando à deriva.
Um fenômeno sem precedentes foi documentado em Mianmar: pela primeira vez na história, uma câmera de segurança teria captado o momento exato em que uma falha tectônica se rompe durante um terremoto, mostrando como a terra literalmente se divide ao meio.
Em 28 de março de 2025, um devastador terremoto de magnitude 7,7 sacudiu o sudeste asiático, com epicentro próximo a Mandalay, a segunda maior cidade de Mianmar. A câmera de segurança que documentou esse evento extraordinário estava instalada no projeto solar Green Power Energy, na localidade de Tha Pyay Wa, registrando com uma clareza nunca antes vista o momento preciso em que uma falha se rompe na superfície durante um sismo de grande magnitude
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Vídeo viral mostra ruptura superficial em tempo real
O vídeo, que se tornou viral após ser inicialmente compartilhado no Facebook e depois no Reddit, começa com uma cena aparentemente tranquila: uma estrada de entrada, uma cerca de segurança e colinas empoeiradas no horizonte. Tudo parece normal até que surge um tremor quase imperceptível. A cerca começa a vibrar suavemente, como um presságio do que está por vir.
Em questão de segundos, a cena se transforma completamente. A cerca se solta do seu mecanismo, o cimento da estrada se racha e, diante dos olhos atônitos dos espectadores, o lado direito da paisagem desliza vários metros, como se fosse uma gigantesca placa de gelo flutuando à deriva. É a própria terra se dividindo — um processo geológico que normalmente ocorre oculto sob a superfície e que, pela primeira vez, foi documentado com nitidez extraordinária.
Especialistas em geofísica destacam valor científico único
“Até onde sei, este é o melhor vídeo que temos de uma ruptura superficial durante um terremoto de grande magnitude”, declarou ao Live Science Rick Aster, geofísico da Universidade Estadual do Colorado, que sugere que essas imagens podem ser objeto de futuros estudos acadêmicos. Seu colega John Vidale, da Universidade do Sul da Califórnia, concorda: jamais haviam visto uma gravação que mostrasse de forma tão clara e detalhada como a crosta terrestre se rompe até a superfície.
O terremoto ocorreu ao longo da Falha de Sagaing, uma importante fratura tectônica que atravessa Mianmar de norte a sul. Essa falha é semelhante à famosa Falha de San Andreas, na Califórnia: ambas são falhas de deslizamento, onde as placas tectônicas se movem horizontalmente uma ao lado da outra. Segundo explica Aster, o movimento que vemos no vídeo se estende da superfície até uma profundidade entre 20 e 30 quilômetros.
Segundo relata o site EarthSky, o vídeo mostra claramente um exemplo de deslizamento lateral direito: o lado direito da terra se desloca além do outro, confirmando a natureza da Falha de Sagaing como ponto de encontro entre a placa Indiana e a placa de Sunda.
Crise humanitária em Mianmar após o desastre sísmico
Além do espetáculo geológico, a tragédia humana foi devastadora. Segundo as últimas estimativas da ONU, mais de 3.800 pessoas perderam a vida e milhares ficaram feridas. A catástrofe atingiu um país que já enfrentava uma situação extremamente complexa, com uma ditadura militar no poder e uma guerra civil em andamento.
A crise ainda não acabou: com a temporada de monções se aproximando, a ONU alerta que as comunidades afetadas enfrentam agora o risco adicional de deslizamentos de terra e inundações, o que pode agravar ainda mais a situação humanitária na região.
Agora, pesquisadores esperam poder utilizar essa gravação para compreender melhor a dinâmica das falhas superficiais. Aster não tem dúvidas: se for possível precisar os detalhes de localização e contexto, o vídeo provavelmente será objeto de publicações científicas.