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‘O filho do pedreiro não quer ser pedreiro’: escassez de mão de obra chega na construção civil e está cada vez mais difícil encontrar trabalhadores

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 24/04/2025 às 16:33
Construção civil vive um apagão de trabalhadores: jovens abandonam profissões tradicionais e o setor busca se reinventar com tecnologia e qualificação.
Construção civil vive um apagão de trabalhadores: jovens abandonam profissões tradicionais e o setor busca se reinventar com tecnologia e qualificação.

Construção civil brasileira enfrenta um apagão silencioso de mão de obra, onde jovens rejeitam profissões tradicionais e preferem novas ocupações com mais tecnologia, conforto e flexibilidade, deixando um vazio nos canteiros de obras pelo país.

A escassez de trabalhadores qualificados tem sido um grande desafio para a construção civil no Brasil.

Atualmente, o setor enfrenta dificuldades para preencher vagas, especialmente em áreas como pedreiro, carpinteiro e outros profissionais que desempenham funções essenciais nas obras.

De acordo com Raphael Lafetá, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil de Minas Gerais (Sinduscon-MG), a falta de mão de obra qualificada é uma “crise” que tem afetado diretamente o crescimento do setor.

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Em entrevista à rádio Itatiaia, Lafetá detalhou o que chama de “apagão de trabalhadores” no setor da construção.

Segundo ele, o afastamento da nova geração desses ofícios tradicionais tem raízes nas opções de trabalho oferecidas por novas tecnologias e profissões liberais.

“O filho do pedreiro não quer ser pedreiro. O filho do carpinteiro não quer ser carpinteiro”, afirmou o presidente do Sinduscon-MG.

Ele acredita que o surgimento de novas oportunidades, como motoristas de aplicativos e entregadores, tem atraído muitos jovens para esses novos caminhos, afastando-os de funções consideradas mais tradicionais e braçais.

Em 2024, o número de trabalhadores no setor da construção civil atingiu cerca de três milhões, um número considerado baixo se comparado ao potencial de crescimento.

De acordo com Lafetá, esse total de empregos foi alcançado já em 2011, e desde então o número de vagas tem se mantido estagnado, principalmente devido à falta de interesse da nova geração por esses trabalhos.

“Estamos com dificuldade para crescer exatamente por conta da falta de aptidão da nova geração em trabalhar com esses serviços”, afirmou o presidente do sindicato em sua entrevista ao programa Chamada Geral.

O cenário atual e as dificuldades enfrentadas

O Brasil, como um dos maiores mercados da construção civil da América Latina, enfrenta uma realidade desafiadora no que diz respeito à qualificação e ao interesse pela profissão.

A escassez de mão de obra qualificada tem afetado empreendimentos de todos os tamanhos, desde grandes obras de infraestrutura até a construção de casas e apartamentos.

Para Lafetá, a principal causa desse cenário é o desinteresse das novas gerações por profissões manuais.

Esse fenômeno pode ser atribuído a uma mudança cultural que vem sendo impulsionada pelas novas formas de trabalho que se tornaram mais atraentes, como os empregos relacionados à economia digital, onde os jovens podem, em muitos casos, escolher horários flexíveis e começar a trabalhar sem a necessidade de longos períodos de aprendizado.

Além disso, a pandemia de COVID-19 também influenciou esse movimento, com muitos trabalhadores da construção civil migrando para outras áreas ou até mesmo abandonando a profissão devido às incertezas econômicas e ao fechamento temporário das obras.

Como atrair novos trabalhadores para a construção civil?

A falta de profissionais qualificados é um obstáculo significativo para o crescimento do setor, mas, segundo Lafetá, a tecnologia pode ser a chave para atrair novas gerações para a construção civil.

O presidente do Sinduscon-MG explicou que o uso de ferramentas modernas e a incorporação de tecnologias no canteiro de obras são algumas das estratégias para renovar a imagem da profissão e atrair um público mais jovem.

A aposta está na capacitação e no treinamento de novos trabalhadores para que eles percebam que, embora o trabalho continue sendo o de pedreiro ou carpinteiro, os materiais e as ferramentas são mais avançados.

O uso de computadores, softwares especializados e máquinas modernas tem transformado o ambiente de trabalho na construção civil, tornando-o mais dinâmico e, de certa forma, mais atrativo para os jovens que buscam inovação no mercado de trabalho.

Salários e benefícios: fatores que não atraem os jovens

Um ponto que também foi abordado por Lafetá é a questão salarial.

Embora os salários na construção civil estejam entre os mais altos para empregos de entrada no Brasil, isso não tem sido suficiente para atrair novos profissionais.

“O segundo maior salário de entrada no Brasil é o da construção civil, perdendo apenas para o funcionalismo público e, às vezes, para a área de informática”, afirmou.

Porém, apesar dessa remuneração, a falta de atração para a profissão continua.

A percepção de que as funções da construção civil são árduas e envolvem trabalhos braçais e pesados acaba afastando os jovens, que preferem opções de trabalho mais confortáveis e com menos exigências físicas.

Além disso, o trabalho no setor da construção civil, muitas vezes, exige longas jornadas e exposição a condições adversas, o que também desmotiva aqueles que buscam um estilo de vida mais flexível.

O futuro da construção civil e as oportunidades de carreira

Apesar dos desafios, Lafetá acredita que a construção civil ainda oferece um grande potencial de crescimento para aqueles que decidirem seguir essa carreira.

Ele enfatizou que a construção civil não é apenas um trabalho temporário ou uma ocupação de baixo prestígio, mas sim uma profissão com potencial para progressão de carreira.

“É possível começar como pedreiro e, com o tempo, estudar e se tornar engenheiro”, afirmou Lafetá.

O presidente do sindicato acredita que, ao mostrar que a construção civil oferece oportunidades de crescimento e desenvolvimento, mais jovens podem se interessar pela área.

O setor também tem investido em programas de qualificação profissional, oferecendo cursos e treinamentos para que os trabalhadores possam se atualizar e aprender novas habilidades, além de aprender a utilizar as tecnologias mais avançadas que estão transformando o setor.

O papel das empresas e do governo

Lafetá também ressaltou a importância de ações conjuntas entre as empresas do setor e o governo para atrair mais jovens para a construção civil.

Para ele, o governo deve oferecer incentivos e políticas públicas que ajudem a modernizar a imagem da profissão e a formar uma nova geração de profissionais qualificados.

A criação de programas de incentivo, subsídios e bolsas de estudo pode ajudar a tornar as profissões da construção civil mais atraentes.

Além disso, as próprias empresas precisam investir mais em tecnologias e mostrar aos novos trabalhadores que a construção civil oferece não só um emprego, mas uma carreira de longo prazo com perspectivas de crescimento e estabilidade financeira.

A pergunta que fica é

O que mais pode ser feito para atrair a geração atual para as profissões tradicionais da construção civil, e como as empresas podem tornar essas ocupações mais atraentes no mundo digital e tecnológico em que vivemos?

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, agens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: [email protected]. Não aceitamos currículos!

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