Um novo estudo trouxe um alerta para a agricultura: o uso frequente de inseticidas pode estar favorecendo o surgimento e fortalecimento de certas ervas daninhas em plantações de milho e soja. A descoberta preocupa produtores e especialistas em manejo agrícola.
Um novo estudo levanta um alerta para os produtores rurais que utilizam inseticidas preventivamente. A pesquisa, conduzida por especialistas da Penn State, revela que esse uso pode, de forma inesperada, aumentar a presença de ervas daninhas em plantações de milho e soja.
O resultado contraria a ideia comum de que mais inseticidas sempre significam campos mais limpos e produtivos.
Estudo comparou três métodos de manejo
Os pesquisadores analisaram diferentes estratégias de controle de pragas em plantações agrícolas no Penn State Russell E. Larson Agricultural Research Center. Ao todo, foram avaliados três planos de tratamento:
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- Aplicação preventiva de inseticidas no plantio;
- Manejo Integrado de Pragas (MIP), com inseticidas aplicados somente quando havia pragas em níveis preocupantes;
- Nenhum uso de inseticidas.
Além disso, cada tratamento foi testado com e sem culturas de cobertura — plantas usadas para proteger o solo após a colheita principal.
O estudo durou três anos. Durante esse tempo, a equipe observou a biomassa das culturas de cobertura, o comportamento de insetos predadores, a predação de sementes de ervas daninhas, o número de ervas daninhas presentes e a produtividade das lavouras.
Aumento de buva em campos tratados
Uma das principais descobertas foi o aumento de ervas daninhas — especialmente a buva — em campos que receberam inseticidas preventivos e não tinham culturas de cobertura.
Já nos campos com cobertura vegetal, esse aumento não aconteceu, mesmo quando os inseticidas foram usados.
Segundo o professor John Tooker, da Faculdade de Ciências Agrárias da Penn State, a explicação mais provável é que os inseticidas afetaram insetos benéficos, como besouros, formigas e grilos, que normalmente ajudam a controlar ervas daninhas ao consumir suas sementes.
Com esses insetos ausentes ou em menor número, as ervas tiveram mais espaço para crescer.
“Usar inseticida no plantio não parece ser a melhor abordagem na Pensilvânia“, afirmou Tooker. “As pragas de insetos no início da temporada tendem a ser raras. Então, aplicar sempre o produto pode não ser necessário — e ainda trazer efeitos colaterais.”
Culturas de cobertura fazem diferença
O uso de culturas de cobertura se mostrou eficiente na redução do crescimento de ervas daninhas, mesmo nos cenários com aplicação preventiva de inseticidas. Isso indica que práticas simples de manejo, como manter o solo coberto entre safras, podem ajudar a equilibrar o ecossistema do campo.
Elizabeth Rowen, professora da Universidade da Califórnia em Riverside e autora principal do estudo, destacou a importância dessa diversidade de estratégias. Segundo ela, muitas ervas daninhas estão se tornando resistentes ao glifosato, um dos herbicidas mais usados no mundo.
“As sementes de muitas plantações foram criadas para resistir ao glifosato, o que permite seu uso para eliminar ervas daninhas“, explicou Rowen. “Mas isso também contribui para o surgimento de ervas resistentes, o que dificulta o controle.”
Nesse cenário, o papel dos insetos predadores ganha ainda mais importância. Eles auxiliam no controle natural das ervas, consumindo suas sementes. Mas o uso constante de inseticidas pode reduzir a população desses aliados invisíveis.
Manejo Integrado pode ser mais eficiente
Os dados levantados reforçam a eficiência do MIP — Manejo Integrado de Pragas. Em vez de aplicar produtos químicos por precaução, o MIP sugere que os produtores avaliem a presença real das pragas antes de decidir pela aplicação. Essa estratégia pode reduzir os impactos negativos e economizar recursos.
John Tooker acredita que essa mudança de mentalidade pode trazer benefícios diretos para os agricultores, especialmente em grandes propriedades.
“Muitos produtores fazem o manejo de forma antecipada porque os campos são enormes e não querem voltar lá depois“, disse Tooker. “Mas nossa pesquisa mostra que monitorar os campos e aplicar os produtos na hora certa pode evitar o uso desnecessário de inseticidas e fungicidas.“
Resistência crescente preocupa especialistas
Outro ponto de atenção citado por Elizabeth Rowen é a crescente resistência das ervas daninhas aos herbicidas. Isso faz com que o uso de soluções combinadas — como MIP, culturas de cobertura e preservação dos insetos benéficos — seja cada vez mais importante.
Ela destacou que, em muitos casos, os insetos não são apenas vilões. Eles também atuam como aliados do agricultor quando não são eliminados por produtos químicos aplicados em excesso.
As descobertas foram publicadas no periódico científico PeerJ e devem ajudar produtores e agrônomos a reavaliar suas práticas de manejo. Em um cenário onde ervas daninhas resistentes se tornam um problema cada vez maior, encontrar estratégias sustentáveis será essencial para manter a produtividade e a saúde do solo.