Gigante automotiva Nissan enfrenta uma reestruturação dramática em sua força de trabalho, com planos de demitir milhares de funcionários em uma tentativa de recuperação de sua saúde financeira global.
A Nissan, uma das maiores montadoras do mundo, está atravessando uma fase de crise financeira e anunciou, nesta segunda-feira (12), que cortará 20 mil postos de trabalho, número bem superior aos 9 mil inicialmente previstos.
Essa reestruturação, que afetará tanto o Japão quanto o exterior, é resultado de uma série de decisões e eventos que agravam a situação da montadora, que já enfrenta sérios desafios no mercado global.
Em novembro de 2024, a Nissan revelou que planejava cortar cerca de 9 mil empregos, uma medida que surgia após uma queda expressiva de 94% em seu lucro no primeiro semestre daquele ano, provocada por vendas fracas em mercados chave como Estados Unidos e China.
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Porém, com o agravamento da crise, a montadora revisou suas previsões e anunciou que os cortes de pessoal chegarão a 20 mil postos de trabalho, ou cerca de 15% de sua força de trabalho total.
Em um cenário de incertezas, a montadora não quis comentar oficialmente sobre a magnitude desses cortes.
A expectativa é que os impactos no mercado de trabalho sejam severos, afetando diversas regiões, incluindo unidades de produção e outras áreas istrativas.
Os fatores que levaram à crise da Nissan
O cenário crítico enfrentado pela Nissan não é um fenômeno isolado, mas uma consequência de uma série de erros estratégicos e desafios externos.
O principal culpado pela deterioração da situação financeira da marca é, sem dúvida, a combinação entre concorrência acirrada, decisões corporativas equivocadas e problemas estruturais internos.
A empresa alertou os acionistas, no mês ado, que deverá registrar um prejuízo líquido significativo devido aos altos custos de reestruturação, que podem ultraar 750 bilhões de ienes (cerca de US$ 5 bilhões) no exercício fiscal de 2024-2025.
Esse anúncio de prejuízo se soma à sequência de más notícias para a Nissan.
A montadora já havia informado que reduziria sua capacidade de produção em 20% e havia revisado para baixo suas projeções de lucro no final de 2024, uma medida que refletia as dificuldades para se manter competitiva frente aos principais rivais no setor automotivo global.
A forte concorrência nos Estados Unidos e na China foi um dos fatores mais impactantes, já que ambos os mercados, fundamentais para o crescimento da Nissan, registraram queda nas vendas, o que resultou em uma perda significativa de participação no mercado.
Além disso, a montadora enfrenta um endividamento crescente, o que agrava ainda mais sua capacidade de investimento em inovação e produção.
A tentativa frustrada de fusão com a Honda
Em 2024, a Nissan tentou reverter sua situação ao um acordo com a Honda Motor para fundir as marcas sob uma única holding.
A proposta de união parecia promissora e poderia criar uma das maiores montadoras do mundo, com potencial de competir de maneira mais eficaz com gigantes do setor.
Contudo, as divergências sobre o desequilíbrio de poder entre as duas marcas rapidamente emergiram, e a fusão foi dissolvida poucos meses após o anúncio inicial.
Esse fracasso na fusão, apesar das expectativas iniciais, deixou a Nissan em uma situação ainda mais vulnerável.
A dissolução da parceria resultou em um agravamento da crise, que agora coloca a empresa no ponto mais baixo de sua história, com a maior perda de valor desde 1999.
Ainda assim, a aliança estratégica entre Nissan e Honda, voltada para veículos elétricos e baterias, permanece em vigor e poderá gerar novas oportunidades no futuro, mas a confiança entre as duas montadoras foi seriamente abalada.
A crise interna e o legado de Carlos Ghosn
Outro ponto crítico na trajetória recente da Nissan é o impacto da saída do ex-presidente Carlos Ghosn, que foi preso e destituído em 2018 após um escândalo financeiro.
A crise de governança que se seguiu à sua saída afetou diretamente a imagem e o desempenho da empresa, agravando ainda mais os desafios para a montadora.
As disputas internas e a falta de uma liderança estável dificultaram a recuperação da Nissan, que perdeu não só a confiança dos consumidores, mas também a capacidade de inovar e competir no mercado global.
O impacto das tarifas de Trump e as perspectivas para o futuro
Outro fator que não pode ser ignorado é a política comercial de tarifas do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que impactou severamente a indústria automotiva mundial.
Embora as tarifas tenham afetado muitas montadoras globais, no caso da Nissan, os efeitos foram devastadores.
Isso se deve, principalmente, ao fato de a montadora ter uma grande dependência do mercado americano e de suas fábricas nos Estados Unidos.
A empresa também enfrenta um desafio relacionado à falta de uma linha sólida de veículos híbridos, que se tornou um ponto crucial de competitividade no cenário atual, especialmente com o crescente foco em sustentabilidade e carros elétricos.
Sem uma oferta forte nesse segmento, a Nissan corre o risco de perder ainda mais mercado para concorrentes como Toyota e Honda, que já dominam esse nicho.
A dívida crescente da Nissan
O endividamento da Nissan tem sido uma preocupação constante.
A montadora enfrenta vencimentos de dívidas de até US$ 1,6 bilhão em 2025, valor que aumentará significativamente nos próximos anos, chegando a US$ 5,6 bilhões em 2026.
Esse crescimento nas obrigações financeiras é o maior registrado pela empresa desde 1996, segundo dados da Bloomberg.
Essa situação de endividamento crescente coloca uma pressão adicional sobre a Nissan, que precisa urgentemente de estratégias eficazes para reduzir seus custos e aumentar sua rentabilidade.
A empresa terá de enfrentar a difícil tarefa de reconstruir sua imagem e recuperar a confiança dos investidores e consumidores.
O futuro da Nissan: desafios e perspectivas
A nomeação de Iván Espinosa como novo diretor executivo da Nissan em abril de 2025 gerou esperanças de uma possível recuperação.
Ele agora enfrenta o desafio de reverter a situação da montadora e precisa esclarecer as especulações sobre novos cortes de empregos e possíveis fechamentos de fábricas.
A Nissan tem um futuro incerto pela frente, mas a sobrevivência da montadora depende de sua capacidade de se adaptar ao novo cenário do mercado automotivo, cada vez mais voltado para a sustentabilidade e inovação tecnológica.
Além disso, o fortalecimento de parcerias estratégicas, como a aliança com a Honda, pode ser uma chave para sua recuperação.
O impacto da crise da Nissan no Brasil
Embora a crise da Nissan tenha atingido sua matriz no Japão, o impacto de suas dificuldades financeiras também é sentido em outros mercados, como o Brasil, onde a montadora enfrenta desafios similares.
Com a queda nas vendas e a necessidade de reestruturação, a Nissan pode ter de rever sua estratégia de produção e comercialização no mercado brasileiro, o que pode resultar em demissões e fechamento de unidades locais, afetando a economia e o emprego no país.
A situação da Nissan levanta a questão sobre como outras montadoras poderão reagir a esse cenário de crise global.
Afinal, com um mercado automotivo em constante transformação, o futuro das montadoras tradicionais está em jogo. E você, o que acha?
A Nissan conseguirá se reerguer ou estamos vendo o começo do fim de uma grande era no setor automotivo?