Nepal começa a usar plástico reciclado nas ruas para torná-las mais sustentáveis. Projeto reduz lixo e melhora infraestrutura urbana. Veja como funciona
Nas ruas do Nepal, o lixo plástico começa a ganhar um novo destino. Em vez de ser descartado ou queimado, a a fazer parte da estrutura do asfalto. Sacos plásticos, pacotes de macarrão, embalagens de biscoitos. Tudo isso, triturado e misturado ao pavimento. A prática, apesar de incomum à primeira vista, já foi testada em outros países da Ásia, Europa, África e América.
A novidade está ganhando força em Pokhara, cidade com 600 mil habitantes e capital da província de Gandaki. Lá, a técnica tem apoio da organização Green Road Waste Management, que defende o uso de resíduos sintéticos como forma de construir estradas mais baratas e duráveis. A ideia é simples: usar o lixo plástico nas ruas para melhorar a infraestrutura.
O lixo plástico como parte da estrada
O lixo plástico não é jogado por cima do asfalto. Ele é triturado e incorporado ao material que forma a estrada. Essa mistura, segundo defensores da prática, pode oferecer vantagens. Além de reduzir o volume de resíduos, permite reaproveitar plásticos que normalmente não são reciclados com facilidade.
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Todos os anos, o mundo produz mais de 400 milhões de toneladas de plástico. Grande parte disso são embalagens descartáveis. Ao mesmo tempo, milhões de quilômetros de estradas são construídos ou reformados. Para alguns especialistas e empreendedores, unir esses dois fatos parece fazer sentido.
Exemplo internacional
O modelo adotado no Nepal não é inédito. Ao longo dos últimos cinco anos, outros países já realizaram testes ou adotaram a técnica em diferentes níveis. Filipinas, Tailândia, África do Sul, Países Baixos, Estados Unidos, Singapura e Índia aparecem na lista.
Na Índia, por exemplo, quase 40 mil quilômetros de estradas rurais foram construídos com lixo plástico. Nos últimos dois anos, foram cerca de 13 mil quilômetros. Em Singapura, a ideia recebeu apoio do setor de Obras Públicas.
Agora, é o Nepal que começa a explorar esse caminho. Segundo reportagem da AFP, o país asiático já aplicou a técnica em uma estrada em Pokhara. A Green Road Waste Management lidera o movimento e pretende expandir o uso de lixo plástico nas ruas asfaltadas para mais regiões.
Projetos em andamento
O fundador da organização, Bimal Bastola, afirma que cerca de dez projetos foram concluídos até o momento, totalizando pouco mais de 1,5 quilômetro de vias. A quantidade ainda é modesta, mas representa um começo promissor.
Cada quilômetro de estrada usa, em média, duas toneladas métricas de plástico triturado. A ideia, segundo Bastola, é avançar para projetos em parceria com o governo. “Tentamos colaborar de perto com o escritório de estradas“, disse à AFP.
Interesse do governo
O governo do Nepal observa o avanço da iniciativa com grande interesse. Arjun Nepal, engenheiro do Departamento de Estradas da capital, afirmou que o país está disposto a realizar testes. Um dos primeiros deve ocorrer ainda este ano em um cruzamento de Katmandu.
Apesar da disposição, o governo exige que a técnica atenda a padrões de qualidade. Antes de qualquer expansão, os resultados precisam ser medidos. Só assim será possível decidir se a prática pode ser adotada em larga escala.
Vantagens destacadas do lixo plástico
Bastola defende o modelo e vê vários benefícios. Segundo ele, a técnica permite reutilizar até os plásticos de menor valor, aqueles que normalmente não servem para reciclagem convencional. “Vimos possibilidades em usar esses plásticos como matéria-prima, substituindo parcialmente o alcatrão na construção de estradas“, afirma.
O plástico não substitui completamente o alcatrão, mas é usado para recobrir os componentes do pavimento. Isso, segundo Bastola, traz vantagens extras. “Evita a infiltração de água e aumenta a vida útil da via“, disse.
Estudos indicam que estradas com esse tipo de pavimento podem durar mais do que as convencionais. Além disso, o uso de plástico reduz a necessidade de outros materiais, o que também representa economia.
Avaliações em andamento
Apesar dos resultados promissores, o modelo ainda é tratado com cautela em alguns países. O Banco Mundial, por exemplo, reconhece o potencial da técnica, mas destaca que são necessários mais estudos. Os dados disponíveis ainda não são suficientes para confirmar a eficácia total do método.
Mesmo assim, a experiência do Nepal se soma às de outras nações como Butão e Bangladesh. Todas buscam soluções para o excesso de resíduos e os custos da infraestrutura.
Por enquanto, o pavimento com lixo plástico no asfalto avança em ritmo experimental. Mas o interesse crescente pode indicar novos caminhos para o futuro das estradas.
Com informações de Xataka.