A MSGás recebeu aval da ANP para importar gás natural da Bolívia e Argentina, amplia fontes de suprimento e participa de projeto internacional que pode tornar MS rota estratégica do gás.
Com potencial para se transformar em um importante eixo de integração energética na América do Sul, o estado do Mato Grosso do Sul deu um o decisivo rumo à diversificação do seu abastecimento de gás natural. A MSGás, concessionária estadual de distribuição de gás canalizado, recebeu autorização da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para importar até 150 mil metros cúbicos diários do insumo, provenientes da Bolívia e da Argentina.
A operação será viabilizada por meio dos pontos de entrada em Corumbá (MS) e Uruguaiana (RS), reforçando a importância logística da região no cenário energético nacional.
Diversificação do fornecimento é prioridade para a MSGás
Até agora, a companhia contava com a Petrobras como única fornecedora em contratos firmes. A nova permissão marca o início de uma nova fase para a MSGás, que busca mitigar riscos operacionais e ampliar a competitividade no setor.
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Além do novo modelo de importação, a empresa já atua com contrato interruptível firmado com a Tradener e tem experiências no mercado spot por meio da Edge.
Outro foco estratégico é o estímulo à produção e uso de biometano no estado, uma fonte renovável e promissora para o futuro da matriz energética local.
As perspectivas de longo prazo para o gás natural em Mato Grosso do Sul vão além das importações pontuais. Um projeto de grande porte está em fase de estudos e pode posicionar o estado como elo entre três países: Brasil, Argentina e Paraguai.
O chamado Gasoducto Bioceânico pretende ligar os campos de gás não convencional da formação de Vaca Muerta, na Argentina, até o Brasil, ando pelo território paraguaio. A ideia é construir mais de mil quilômetros de dutos para escoar o gás até o mercado brasileiro.
Parceria entre governos fortalece projeto regional
Em fevereiro, autoridades dos três países reforçaram o compromisso com a integração energética. O governador do Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, se reuniu com o ministro da Indústria e Comércio do Paraguai, Francisco Javier Giménez.
O encontro resultou na criação de um grupo técnico binacional para avaliar a viabilidade do Gasoducto Bioceânico e seu impacto para o desenvolvimento regional.
O Paraguai, que vê na iniciativa uma oportunidade para se consolidar como rota alternativa à Bolívia, busca ampliar sua influência na logística do gás sul-americano.
Investimentos robustos serão necessários para conectar o novo duto ao Gasbol
Estudo da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) projeta que, apenas no território brasileiro, será necessário construir cerca de 400 km de gasoduto para conectar a rede vinda do Paraguai ao Gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol), em Mato Grosso do Sul.
O investimento estimado para esse trecho é de R$ 6,12 bilhões — valor que não inclui os custos das obras em solo paraguaio e argentino.