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Medidas de deportação adotadas por Trump ameaçam reduzir mão de obra na construção civil dos EUA e dificultam plano de construir 35 mil casas íveis até 2028

Escrito por Débora Araújo
Publicado em 06/06/2025 às 13:59
Medidas de deportação adotadas por Trump ameaçam reduzir mão de obra na construção civil dos EUA e dificultam plano de construir 35 mil casas íveis até 2028
Imagem gerada por inteligência artificial

Deportações nos EUA podem comprometer meta habitacional em Utah. Setor de construção civil alerta para escassez de mão de obra e aumento nos custos de novas moradias.

As recentes medidas de deportação do governo do presidente Donald Trump nos Estados Unidos podem afetar diretamente a disponibilidade de mão de obra na construção civil. O estado de Utah é um dos que pode sofrer os primeiros impactos, colocando em risco a meta do governador Spencer Cox de construir 35 mil casas iniciais até 2028.

Segundo dados de 2023 do Departamento de Serviços de Força de Trabalho de Utah, cerca de 135 mil pessoas atuam na construção civil no estado. Estima-se que pelo menos 12 mil desses trabalhadores estejam no país sem status migratório regular. A estimativa tem como base um levantamento realizado pelo Instituto de Políticas Migratórias, com sede em Washington, a partir de dados censitários e de renda.

Novas regras de deportação de Trump aumentam risco de escassez de mão de obra

Mudanças recentes adotadas pela gestão de Trump podem acelerar o processo de deportação de trabalhadores sem documentação, mesmo que não tenham condenações criminais. Entre as mudanças está a permissão de “prisões colaterais”, ou seja, detenções de pessoas sem status legal encontradas durante ações voltadas a outros alvos.

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Outra medida em vigor é a Lei Laken Riley, sancionada em janeiro de 2025. A legislação determina que indivíduos sem status legal acusados de determinados crimes — mesmo que não condenados — devem ser detidos e deportados. Isso inclui delitos como furtos simples ou pequenos furtos, o que pode afetar imigrantes que, até então, não estariam sujeitos a remoção imediata.

Especialistas alertam para aumento nos custos da construção

De acordo com Steve Waldrip, conselheiro sênior do governador de Utah para estratégia e inovação habitacional, a remoção desse segmento da força de trabalho pode pressionar ainda mais os preços no setor. Ele afirma que há risco real de desequilíbrio na cadeia produtiva.

“Acredito que há uma preocupação de que, se perdermos esse segmento de nossa força de trabalho na construção civil, sentiremos que os preços já estão muito altos”, disse Waldrip.

Um estudo conduzido por pesquisadores das universidades de Utah, Amherst College e Universidade de Wisconsin-Madison está atualmente em processo de revisão científica. A pesquisa analisou os efeitos do programa Comunidades Seguras, implementado entre 2008 e 2013, que compartilhou dados biométricos com o Departamento de Segurança Interna dos EUA para identificar imigrantes sem status regular sob custódia local.

Estudo aponta que introdução do programa de Trump levou a uma queda na construção e aumento nos preços de imóveis

O estudo revelou que a introdução do programa resultou em escassez de trabalhadores na construção civil, especialmente entre imigrantes sem documentação. Isso levou à redução no ritmo de obras, à diminuição da oferta de moradias e à elevação dos preços de construção em diversas regiões analisadas.

Em algumas localidades, os construtores reduziram o tamanho das casas como forma de equilibrar os custos. Segundo Dayin Zhang, um dos autores do estudo, o impacto variou conforme a proporção da força de trabalho local composta por imigrantes em situação irregular.

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Os pesquisadores também constataram que as deportações em grande escala não aumentaram consideravelmente o número de empregos para trabalhadores nascidos nos EUA. Os salários subiram pouco e muitas vagas de baixa qualificação permaneceram em aberto. Segundo Zhang, a ausência de mão de obra para funções iniciais afeta toda a cadeia de produção no setor habitacional.

“Se você não tem pessoas estruturando a casa ou instalando o drywall, você não tem trabalho para inspetores ou eletricistas”, disse ele.

Meta habitacional de Utah pode ser prejudicada

A meta de construir 35 mil casas íveis até 2028 foi estabelecida como parte do plano do governo de Utah para ampliar o o à moradia. No entanto, segundo Waldrip, o aumento dos custos pode inviabilizar os objetivos traçados.

“O preço faz parte do preço inicial. Se ficarmos muito altos, deixa de ser um preço inicial”, explicou.

As casas iniciais são voltadas a famílias que compram seu primeiro imóvel. O custo elevado da construção, aliado à escassez de mão de obra, pode tornar esse tipo de moradia inível para grande parte da população.

Crise no setor de construção nos EUA

A situação em Utah pode se repetir em outros estados com alta presença de trabalhadores sem documentação na construção civil. As medidas de deportação podem gerar efeitos em cadeia sobre oferta, preços e prazos de entrega de projetos habitacionais.

Apesar da expectativa de que o setor se ajuste com o tempo, a substituição de milhares de trabalhadores experientes por novos profissionais pode levar anos. A construção civil nos EUA depende, em boa parte, de mão de obra imigrante para funções essenciais no canteiro de obras.

Segundo especialistas, o debate em torno das políticas migratórias deverá levar em consideração os efeitos econômicos das deportações, em especial sobre setores como o da habitação, que dependem diretamente da força de trabalho estrangeira.

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Débora Araújo

Débora Araújo é redatora no Click Petróleo e Gás, com mais de dois anos de experiência em produção de conteúdo e mais de mil matérias publicadas sobre tecnologia, mercado de trabalho, geopolítica, indústria, construção, curiosidades e outros temas. Seu foco é produzir conteúdos íveis, bem apurados e de interesse coletivo. Para sugestões de pauta, correções ou contato direto: [email protected]

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