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Navios descartam lixo no mar, e praias do Brasil recebem garrafas da Nongfu Spring. Saiba mais sobre essa crise ambiental
Nos últimos meses, um fenômeno tem chamado a atenção de ambientalistas e frequentadores de praias no Brasil: garrafas plásticas de uma marca chinesa estão aparecendo em diversos pontos do litoral.
A água engarrafada Nongfu Spring, amplamente consumida na China, vem se tornando um símbolo da poluição marinha causada pelo descarte irregular de lixo por navios mercantes.
O aumento do lixo estrangeiro nas praias do Brasil
O problema do lixo marinho não é novidade, mas a frequente presença de embalagens estrangeiras, em especial as da marca Nongfu Spring, tem intrigado pesquisadores. O Brasil, com um litoral de mais de 7.000 km de extensão, vem registrando um aumento significativo de resíduos plásticos em suas praias.
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Além disso, relatos apontam que esses detritos são encontrados em diversas regiões, de Fernando de Noronha (PE) até o Chuí (RS), ando por paraísos tropicais como Jericoacoara (CE) e Ilha do Mel (PR).
O professor Alexander Turra, especialista em poluição marinha do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP), afirma que muitos desses resíduos são resultado do descarte ilegal de lixo por navios mercantes.
“Os tripulantes muitas vezes jogam embalagens plásticas no mar para evitar o acúmulo de lixo a bordo e também para reduzir os custos de descarte nos portos”, explica Turra.
Como o lixo dos navios chega às praias brasileiras?
Grande parte do comércio mundial depende do transporte marítimo, e a China desempenha um papel central nesse setor. Dessa forma, navios mercantes de bandeira chinesa e de outros países asiáticos cruzam os oceanos diariamente, transportando mercadorias para diversas partes do mundo.
Durante essas viagens, o descarte inadequado de lixo no mar acaba sendo levado pelas correntes marítimas até as praias do Brasil.
De acordo com pesquisadores, o lixo plástico descartado no oceano pode percorrer milhares de quilômetros antes de chegar às costas brasileiras.
Além disso, além das embalagens da Nongfu Spring, outros produtos de origem asiática, como embalagens de alimentos e produtos de limpeza, têm sido encontrados em praias brasileiras.
“As correntes oceânicas transportam esse lixo de um continente para outro. No caso do Brasil, a corrente do Atlântico Sul pode estar trazendo esses resíduos de navios que operam nas rotas comerciais entre a Ásia e a América do Sul”, explica Turra.
Consequências ambientais e econômicas do lixo nas praias
O impacto ambiental desse lixo estrangeiro é alarmante. Além de prejudicar a paisagem natural e a vida marinha, o acúmulo de plástico nos ecossistemas costeiros pode ter consequências severas para a biodiversidade.
Por exemplo, animais marinhos, como tartarugas e aves, frequentemente ingerem plástico, confundindo-o com alimento. Isso pode causar sufocamento, bloqueio do sistema digestivo e até a morte dos animais.
Outro problema é o impacto no turismo. Afinal, praias paradisíacas, que atraem milhares de visitantes todos os anos, estão sendo contaminadas pelo lixo.
Isso afeta não apenas a experiência dos turistas, mas também a economia local, que depende do setor turístico para gerar empregos e renda.
Medidas para conter o descarte ilegal de lixo por navios
Embora haja resoluções internacionais que proíbam o descarte de lixo no mar desde 1972, a prática continua sendo comum. No entanto, a fiscalização é limitada, tornando difícil punir os infratores.
Cobrança de taxas fixas nos portos
Atualmente, os portos cobram tarifas proporcionais ao volume de lixo coletado. Com uma taxa fixa, os navios não teriam incentivos financeiros para descartar lixo no mar.
Monitoramento de resíduos
O acompanhamento do volume de produtos embarcados nos portos e a comparação com a quantidade de lixo entregue nos portos de destino ajudariam a identificar navios que descartam lixo ilegalmente.
Tecnologia para gestão de resíduos a bordo
Equipar navios com compactadores e sistemas de reciclagem pode reduzir a quantidade de lixo descartado no mar.
Repressão à shadow fleet
A frota sombra, composta por navios que operam fora das regulamentações internacionais, é um dos principais vetores de poluição marinha. Portanto, aumentar a fiscalização sobre esses navios pode reduzir o descarte ilegal de lixo.
Responsabilização das empresas
Fabricantes de produtos plásticos e fornecedores de navios devem se comprometer a garantir que suas embalagens tenham destinação correta, evitando que virem poluição marinha.
A presença de lixo estrangeiro, especialmente de embalagens da Nongfu Spring, nas praias brasileiras é um reflexo de um problema global.
O descarte inadequado de resíduos por navios mercantes está afetando ecossistemas costeiros e ameaçando o turismo no Brasil.
Diante desse cenário, a solução exige ação conjunta de governos, empresas e instituições internacionais para aumentar a fiscalização, promover boas práticas de descarte e responsabilizar os envolvidos.
Somente com medidas eficazes e um compromisso real com a sustentabilidade será possível reduzir o impacto do lixo marinho e proteger as praias do Brasil para as gerações futuras.
