Uma lente minúscula, sem fio ou bateria, que revela o ambiente mesmo no breu total. Conheça a descoberta que promete revolucionar a forma como vemos à noite
Parece ficção científica, mas não é. Cientistas da China, em parceria com pesquisadores dos Estados Unidos, estão desenvolvendo uma lente de contato que permite ver no escuro, usando nada mais que o calor do ambiente. A lente capta luz infravermelha e transforma essa radiação invisível em imagem visível para o olho humano. E o mais surpreendente: funciona mesmo com os olhos fechados.
É isso mesmo que você leu. Essa tecnologia ainda está em fase experimental, mas já deixou o mundo da ciência empolgado. A ideia de ter visão noturna sem precisar de óculos, binóculos ou equipamentos pesados pode virar realidade nos próximos anos.
Como essa lente funciona na prática
O segredo está numa película extremamente fina, estamos falando de nanômetros de espessura, que os pesquisadores conseguiram aplicar sobre uma lente de contato comum. Essa camada contém materiais semicondutores que detectam a radiação infravermelha, ou seja, o calor emitido por objetos, pessoas ou qualquer fonte térmica.
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Essa radiação, que normalmente não conseguimos ver, é convertida em luz visível pela própria lente. É como se ela criasse uma imagem “fantasma” do que está ao redor, só que baseada em temperatura. Tudo isso sem precisar de fio, bateria ou qualquer aparelho externo.
“Nossa pesquisa abre a possibilidade de que dispositivos vestíveis não invasivos proporcionem às pessoas uma supervisão visual”, afirma o autor principal, Tian Xue, neurocientista da Universidade de Ciência e Tecnologia da China.
Funciona até com os olhos fechados?
Sim! E essa é uma das partes mais curiosas da pesquisa. A radiação infravermelha tem a capacidade de atravessar tecidos moles, como a pele e as pálpebras. Então, mesmo que você esteja com os olhos fechados, a lente continua captando o ambiente ao seu redor. Pode parecer coisa de filme futurista, mas os primeiros testes em laboratório mostram que funciona de verdade.
Onde essa tecnologia pode ser usada?
As possibilidades são enormes. Um bombeiro entrando em um prédio escuro e cheio de fumaça poderia usar essas lentes para encontrar vítimas. Um médico talvez consiga detectar inflamações ou alterações térmicas durante uma cirurgia com muito mais precisão. Motoristas, seguranças, caminhoneiros, militares , todo mundo pode se beneficiar de uma lente que dá visão térmica, sem depender de equipamentos volumosos.
Os cientistas também acreditam que a lente pode ser usada por pessoas com deficiência visual, criando novas formas de percepção do espaço. E como ela é feita com materiais biocompatíveis, o risco de rejeição ou irritação nos olhos é bem baixo.
“Está claríssimo: sem as lentes, o indivíduo não consegue ver nada, mas com elas, pode enxergar claramente o piscar da luz infravermelha”, destaca Xue. “Também descobrimos que, quando a pessoa fecha os olhos, ela é ainda mais capaz de receber essas informações piscantes, porque a luz infravermelha próxima penetra na pálpebra com mais eficácia do que a luz visível, o que reduz as interferências da luz comum”, pontua o pesquisador.
Mas já está pronta pra vender?
Ainda não. A lente está nos laboratórios e, por enquanto, só funciona com fontes de luz infravermelha específicas, como LEDs. A equipe está trabalhando para aumentar a sensibilidade da lente e permitir que ela funcione com qualquer tipo de radiação térmica, inclusive aquela emitida naturalmente por corpos humanos ou superfícies quentes.
Além disso, ainda faltam testes clínicos em humanos. Por enquanto, os experimentos estão sendo feitos com simulações e modelos em ambientes controlados. Mas o progresso é rápido, e empresas de tecnologia médica e defesa já demonstraram interesse em financiar os próximos os.
Do laboratório para o mundo real
Ver no escuro sempre foi um sonho antigo da humanidade. Desde os tempos em que nossos ancestrais dependiam da luz do fogo para se proteger de predadores, a busca por enxergar além da escuridão é algo que move a inovação.
Agora, com essas lentes infravermelhas, talvez estejamos diante de um salto que muda tudo. E o melhor: sem precisar carregar um monte de equipamentos ou usar capacetes futuristas. Basta colocar uma lente no olho e pronto, você a a enxergar o que ninguém mais consegue ver.
Claro que ainda falta muito até isso virar um produto ível e confiável. Mas uma coisa é certa: a ciência está cada vez mais transformando o impossível em cotidiano.