Robôs-gatos estão sendo usados como garçons no Japão, melhorando a experiência dos clientes e otimizando o atendimento em restaurantes
No coração de Tóquio, uma nova tendência está conquistando restaurantes e clientes. Robôs em forma de gato deslizam entre as mesas, equilibrando bandejas e anunciando entregas com um alegre “Miau”. O fenômeno, longe de ser ficção científica, reflete a mudança no setor de serviços do Japão.
Esses robôs-gatos foram implantados pela Skylark Holdings Co., maior rede de restaurantes com serviço de mesa do país. A empresa já conta com cerca de 3.000 dessas máquinas para auxiliar os funcionários.
Mas essa não é uma iniciativa isolada. Outras companhias também estão investindo em autômatos para suprir a escassez de trabalhadores.
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Demografia e escassez de mão de obra
O Japão enfrenta um problema demográfico crônico. Segundo o Recruit Works Institute, o país deve ter um déficit de 11 milhões de trabalhadores até 2040. Projeções governamentais indicam que, em 2065, 40% da população terá 65 anos ou mais.
Com poucos jovens entrando no mercado de trabalho e uma política migratória restrita, empresas estão buscando alternativas.
Os robôs de serviço surgiram como solução. Antes vistos como mera curiosidade, agora são essenciais. Eles trabalham ao lado dos humanos, ajudando restaurantes a manter um atendimento eficiente.
Também permitem que empresas empreguem trabalhadores mais velhos ou estrangeiros, que poderiam ter dificuldades com o ritmo ou idioma.
Crescimento do mercado de robôs
O mercado de robôs de serviço no Japão está em expansão. A empresa de pesquisa Fuji Keizai estima que, até 2030, a indústria valerá mais de ¥400 bilhões (cerca de R$ 13,6 bilhões.). Esse crescimento é impulsionado pela necessidade de mão de obra e pelos avanços tecnológicos.
Os robôs são equipados com sensores 3D, permitindo que naveguem por espaços lotados transportando pratos pesados. Seu design simpático agrada os clientes, mas sua maior vantagem é operacional: trabalham sem folgas ou salários.
Robôs na saúde e cuidados com idosos
Além dos restaurantes, a automação está ganhando espaço em outra área: os cuidados com idosos. Com o envelhecimento da população, cresce a demanda por cuidadores. No entanto, o setor enfrenta um grave déficit de profissionais. Em dezembro de 2024, havia somente um candidato para cada 4,25 vagas disponíveis na enfermagem.
Os robôs estão ajudando a suprir essa lacuna. Eles são utilizados em lares de idosos para monitorar pacientes, auxiliar na mobilidade e realizar tarefas repetitivas. Em algumas instalações, lideram sessões de alongamento e atuam como monitores de sono, alertando a equipe sobre alterações nos sinais vitais.
Avanço da IA
Entre os mais avançados está o AIREC, um robô humanoide criado pela Universidade Waseda. Movido a inteligência artificial, ele pode ajudar pacientes a rolar na cama, sentar-se e calçar meias.
O projeto recebe financiamento do governo, sendo liderado pelo professor Shigeki Sugano. “Dada a nossa sociedade envelhecida e altamente avançada e o declínio da natalidade, precisaremos do e de robôs para cuidados médicos e de idosos, e em nossas vidas diárias“, disse ele à Reuters.
Na instituição Zenkoukai, em Tóquio, robôs já fazem parte da rotina. Os profissionais de saúde acreditam que assistentes robóticos mais sofisticados podem melhorar o atendimento, se respeitarem as necessidades individuais dos pacientes.
“Se tivermos robôs equipados com IA que possam compreender as condições de vida e as características pessoais de cada receptor de cuidados , pode haver um futuro para eles fornecerem diretamente cuidados de enfermagem”, disse Takaki Ito, um cuidador na Zenkoukai.
Porém, ele fez um alerta, “não acho que robôs possam entender tudo sobre cuidados de enfermagem. Robôs e humanos trabalhando juntos para melhorar os cuidados de enfermagem é um futuro que espero.”
Aceitação do público
Para que essa revolução continue, é essencial a aceitação do público. Se as pessoas rejeitarem o atendimento robótico, as empresas precisarão reconsiderar seus investimentos.
O Japão é um campo de testes global para a automação. Diferente de outros países, onde robôs geram preocupação com a perda de empregos, os japoneses têm uma relação mais positiva com a tecnologia. Desde animes até robôs reais, a cultura popular ajudou a normalizar sua presença no dia a dia.
Esse fator cultural facilita a transição dos robôs para o mercado de trabalho. Em restaurantes, eles são vistos como aliados dos garçons, reduzindo sua carga de trabalho. Em lares de idosos, são considerados uma solução necessária. Para que a automação se expanda para outros países, pode ser necessária uma mudança na percepção sobre o papel dos robôs na sociedade.
Com informações de ZME Science.