Fragmento de madeira da Grande Pirâmide, sumido por mais de 70 anos, é reencontrado por acaso em caixa de charutos na Escócia e surpreende com datação mais antiga que o monumento
Um pedaço de madeira de cedro, retirado da Grande Pirâmide de Gizé em 1872 e dado como desaparecido por décadas, foi redescoberto em um local improvável: uma caixa de charutos na Universidade de Aberdeen, na Escócia.
O objeto integra um trio de artefatos históricos conhecidos como “Relíquias de Dixon”, retirados da pirâmide por dois britânicos com autorização oficial.
Descoberta no século XIX
A remoção das peças ocorreu em 1872, conduzida pelo engenheiro estrutural Waynman Dixon e pelo médico James Grant.
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Ambos atuaram com aval do recém-criado Serviço de Antiguidades Egípcias, responsável por conter o comércio ilegal de relíquias. As peças foram localizadas na chamada Câmara da Rainha, uma das três principais da pirâmide.
Entre os itens, estavam uma bola, um gancho e o tal fragmento de madeira de cedro, com cerca de doze centímetros de comprimento. Após a morte de Grant em 1895, o pedaço de madeira foi doado por sua filha à Universidade de Aberdeen. Pouco depois, desapareceu dos registros oficiais da instituição.
O reencontro inesperado
A redescoberta só aconteceu em 2020, pelas mãos da arqueóloga egípcia Abeer Eladany. Durante uma revisão das coleções asiáticas da universidade, ela encontrou uma caixa de charutos antiga, decorada com uma bandeira do Egito. O conteúdo chamou sua atenção.
Ao checar os registros da universidade, Eladany percebeu que o objeto era o fragmento de cedro perdido. A peça havia sido arquivada incorretamente, fora das coleções egípcias, e ficou esquecida por mais de 70 anos.
“Sou arqueóloga e trabalhei em escavações no Egito, mas nunca imaginei que seria aqui no nordeste da Escócia que encontraria algo tão importante para a herança do meu próprio país“, declarou em nota à revista Smithsonian.
Surpresa na datação
Após a redescoberta, o fragmento ou por uma análise de datação por carbono. O resultado foi surpreendente: a madeira é de um período entre 3341 e 3094 a.C., pelo menos 500 anos antes da construção da pirâmide, que ocorreu entre 2580 e 2560 a.C., sob o reinado do faraó Khufu.
Neil Curtis, chefe de museus da universidade, comentou que a data levantou novas hipóteses. Entre elas, a possibilidade de que a madeira viesse de uma árvore muito antiga, com anéis de crescimento extensos.
Outra explicação considerada é o uso de madeira preservada por séculos, o que não seria incomum em uma região com escassez de árvores. Também é possível que o uso do fragmento tivesse um valor simbólico, conectando o faraó a eras anteriores.
O valor das Relíquias de Dixon
Com a peça finalmente identificada, cresce o interesse acadêmico nas chamadas Relíquias de Dixon. Os outros dois objetos, a bola e o gancho, permanecem no acervo do Museu Britânico. Já o fragmento de madeira voltou a ser parte da história da arqueologia egípcia.
Embora sua função original ainda seja incerta, há indícios de que poderia ter sido parte de uma ferramenta de medição usada durante a construção da pirâmide.
Na época em que Dixon e Grant realizaram suas escavações, os métodos arqueológicos eram bastante primitivos. Em muitos casos, relatos apontam o uso de explosivos para abrir caminhos dentro das estruturas. Hoje, essas práticas foram substituídas por técnicas mais seguras e sofisticadas.
Novos mistérios da pirâmide
A Grande Pirâmide de Gizé, construída como túmulo para o faraó Khufu, segue envolta em mistério. Além da Câmara da Rainha, abriga a Câmara do Rei e a Grande Galeria. Em 1993, uma missão robótica localizou um pedaço maior da mesma madeira de cedro, em um ponto profundo da pirâmide.
Já em 2017, outro avanço chamou atenção: cientistas descobriram uma cavidade desconhecida, batizada de “Grande Vazio”, usando tecnologia de raios cósmicos. A função desse espaço ainda não foi determinada.
Mesmo depois de milênios, a pirâmide continua a surpreender e revelar segredos que instigam pesquisadores do mundo todo. E, como mostrou a redescoberta da madeira de cedro, às vezes o ado está mais perto do que se imagina — até mesmo em uma prateleira esquecida na Escócia.
Com informações de Aventuras na História.