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IA esclarece mistério de Marte: listras formadas por poeira seca, não água

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 02/06/2025 às 09:00
Marte
Foto: Reprodução

Novo estudo com inteligência artificial revela que as misteriosas listras de Marte são formadas por poeira seca, e não por água.

Desde a década de 1970, imagens de Marte mostram encostas com listras escuras e claras. Durante anos, cientistas acreditaram que essas marcas poderiam ser sinais de água salgada e, talvez, de vida. Agora, uma nova pesquisa indica que o fenômeno tem outra origem.

Observações iniciais e teorias sobre água

As primeiras imagens dessas faixas surgiram nas décadas de 1970 com as sondas orbitais Viking da NASA. As fotografias mostravam marcas longas e estreitas, se estendendo por centenas de metros em terrenos inclinados.

A partir daí, formaram-se hipóteses de que fluxos de água salgada poderiam ser responsáveis pelas listras. Se isso fosse comprovado, indicaria a existência de ambientes potencialmente habitáveis em Marte, mesmo com suas temperaturas congelantes.

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Durante muito tempo, a possibilidade de água chamou a atenção.

Alguns pesquisadores sugeriam que pequenas quantidades de salmoura poderiam escorrer pelas encostas, formando os padrões observados.

A ideia alimentava o debate sobre a possibilidade de vida no planeta vermelho.

Novas imagens com alta resolução

Mais recentemente, imagens detalhadas capturadas pela câmera CaSSIS, a bordo do Orbitador de Gás Traço ExoMars da Agência Espacial Europeia (ESA), revelaram mais detalhes sobre as misteriosas faixas perto do Monte Olimpo, o maior vulcão de Marte.

As imagens mostravam as listras surgindo e desaparecendo com o tempo. Algumas permaneciam por anos, enquanto outras sumiam em poucos meses. Além disso, as cores e o brilho das faixas variavam com as estações.

Essas características aumentavam o mistério, já que as listras apareciam em encostas de ambos os hemisférios do planeta. O padrão dava a impressão de que enormes vassouras haviam varrido a superfície marciana.

A contribuição da inteligência artificial

Agora, um novo estudo das universidades de Berna e Brown oferece uma explicação diferente. Publicada na revista Nature Communications, a pesquisa aponta que as listras não são causadas por água, mas por processos secos envolvendo poeira e vento.

Para chegar a essa conclusão, os cientistas utilizaram um algoritmo de aprendizado de máquina. O programa analisou mais de 86.000 imagens de satélite capturadas pelo Mars Reconnaissance Orbiter (MRO) da NASA. A tecnologia permitiu mapear quase 500.000 listras em Marte, criando o maior banco de dados já produzido sobre essas formações.

Imagens de múltiplos orbitadores

Além das imagens do MRO, a equipe usou registros de outras câmeras em órbita de Marte, como o próprio CaSSIS e o HiRISE, também do MRO. Combinando décadas de observações, os cientistas conseguiram monitorar as mudanças nas listras ao longo do tempo, analisando variações de cor, brilho e extensão.

As correlações obtidas com centenas de milhares de registros forneceram uma nova visão sobre o tema. Sem indícios claros de água, os pesquisadores concluíram que processos secos explicam a formação dessas faixas nas encostas marcianas.

Como as listras se formam

O estudo indica que as listras surgem quando camadas finas de poeira deslizam de terrenos íngremes. Vários fatores podem iniciar o movimento: queda de pequenas rochas, impactos de meteoroides ou rajadas de vento. Esses eventos geram ondas de choque que fazem a poeira escorregar.

Para ressaltar os detalhes nas imagens, o contraste capturado pela câmera CaSSIS é ampliado. As imagens são ajustadas entre os níveis mínimos e máximos de brilho em cada cor, antes de serem combinadas e publicadas.

Mesmo com as novas descobertas, a missão ExoMars da ESA segue investigando o ado de Marte e sua possível habitabilidade.

O Orbitador de Gás Traço continua enviando imagens detalhadas e analisando a atmosfera marciana.

O equipamento fornece o melhor inventário de gases atmosféricos já obtido e mapeia a superfície em busca de locais ricos em água.

O objetivo central das missões ExoMars permanece: entender a história da água em Marte e descobrir se o planeta já abrigou vida.

Estudo pubicado em Nature Communications.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail [email protected].

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