Novo estudo com inteligência artificial revela que as misteriosas listras de Marte são formadas por poeira seca, e não por água.
Desde a década de 1970, imagens de Marte mostram encostas com listras escuras e claras. Durante anos, cientistas acreditaram que essas marcas poderiam ser sinais de água salgada e, talvez, de vida. Agora, uma nova pesquisa indica que o fenômeno tem outra origem.
Observações iniciais e teorias sobre água
As primeiras imagens dessas faixas surgiram nas décadas de 1970 com as sondas orbitais Viking da NASA. As fotografias mostravam marcas longas e estreitas, se estendendo por centenas de metros em terrenos inclinados.
A partir daí, formaram-se hipóteses de que fluxos de água salgada poderiam ser responsáveis pelas listras. Se isso fosse comprovado, indicaria a existência de ambientes potencialmente habitáveis em Marte, mesmo com suas temperaturas congelantes.
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Durante muito tempo, a possibilidade de água chamou a atenção.
Alguns pesquisadores sugeriam que pequenas quantidades de salmoura poderiam escorrer pelas encostas, formando os padrões observados.
A ideia alimentava o debate sobre a possibilidade de vida no planeta vermelho.
Novas imagens com alta resolução
Mais recentemente, imagens detalhadas capturadas pela câmera CaSSIS, a bordo do Orbitador de Gás Traço ExoMars da Agência Espacial Europeia (ESA), revelaram mais detalhes sobre as misteriosas faixas perto do Monte Olimpo, o maior vulcão de Marte.
As imagens mostravam as listras surgindo e desaparecendo com o tempo. Algumas permaneciam por anos, enquanto outras sumiam em poucos meses. Além disso, as cores e o brilho das faixas variavam com as estações.
Essas características aumentavam o mistério, já que as listras apareciam em encostas de ambos os hemisférios do planeta. O padrão dava a impressão de que enormes vassouras haviam varrido a superfície marciana.
A contribuição da inteligência artificial
Agora, um novo estudo das universidades de Berna e Brown oferece uma explicação diferente. Publicada na revista Nature Communications, a pesquisa aponta que as listras não são causadas por água, mas por processos secos envolvendo poeira e vento.
Para chegar a essa conclusão, os cientistas utilizaram um algoritmo de aprendizado de máquina. O programa analisou mais de 86.000 imagens de satélite capturadas pelo Mars Reconnaissance Orbiter (MRO) da NASA. A tecnologia permitiu mapear quase 500.000 listras em Marte, criando o maior banco de dados já produzido sobre essas formações.
Imagens de múltiplos orbitadores
Além das imagens do MRO, a equipe usou registros de outras câmeras em órbita de Marte, como o próprio CaSSIS e o HiRISE, também do MRO. Combinando décadas de observações, os cientistas conseguiram monitorar as mudanças nas listras ao longo do tempo, analisando variações de cor, brilho e extensão.
As correlações obtidas com centenas de milhares de registros forneceram uma nova visão sobre o tema. Sem indícios claros de água, os pesquisadores concluíram que processos secos explicam a formação dessas faixas nas encostas marcianas.
Como as listras se formam
O estudo indica que as listras surgem quando camadas finas de poeira deslizam de terrenos íngremes. Vários fatores podem iniciar o movimento: queda de pequenas rochas, impactos de meteoroides ou rajadas de vento. Esses eventos geram ondas de choque que fazem a poeira escorregar.
Para ressaltar os detalhes nas imagens, o contraste capturado pela câmera CaSSIS é ampliado. As imagens são ajustadas entre os níveis mínimos e máximos de brilho em cada cor, antes de serem combinadas e publicadas.
Mesmo com as novas descobertas, a missão ExoMars da ESA segue investigando o ado de Marte e sua possível habitabilidade.
O Orbitador de Gás Traço continua enviando imagens detalhadas e analisando a atmosfera marciana.
O equipamento fornece o melhor inventário de gases atmosféricos já obtido e mapeia a superfície em busca de locais ricos em água.
O objetivo central das missões ExoMars permanece: entender a história da água em Marte e descobrir se o planeta já abrigou vida.
Estudo pubicado em Nature Communications.