Decisão garante operação da planta de gás natural North West Shelf por mais 40 anos; ambientalistas alertam para impacto climático.
Em uma decisão que pode redefinir o panorama energético da Austrália nas próximas décadas, o governo australiano aprovou a proposta da Woodside Energy para prolongar a operação da planta de gás natural North West Shelf até o ano de 2070.
O anúncio oficial marca o fim de um longo e complexo processo de revisão regulatória que durou seis anos e envolveu centenas de contestações e forte resistência de grupos ambientais.
A extensão da licença, que anteriormente expiraria em 2030, permitirá que a maior e mais antiga usina de gás natural liquefeito (GNL) da Austrália continue operando por mais 40 anos, o que deve ter impacto direto tanto no mercado global de energia quanto nas metas climáticas do país.
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Decisão vem após seis anos de imes e revisões
A aprovação só foi possível após um árduo processo de análise ambiental, que contou com a avaliação de aproximadamente 800 recursos apresentados por organizações ambientalistas, cidadãos e outras partes interessadas.
A iniciativa, considerada um dos projetos energéticos mais significativos da Austrália Ocidental, estava em pauta desde 2018, quando a Woodside Energy protocolou o pedido de extensão.
Durante esse período, o governo federal adiou por duas vezes a decisão final, especialmente diante da eleição geral de maio, optando por uma abordagem cautelosa devido ao embate entre as necessidades energéticas e as preocupações ambientais.
Em resposta às críticas e temores relacionados à poluição e às mudanças climáticas, o Ministro do Meio Ambiente, Murray Watt, declarou que a aprovação inclui “condições rigorosas” com foco no controle das emissões atmosféricas.
“A aprovação para a extensão do projeto incluiria condições rigorosas, especialmente no que diz respeito ao impacto dos níveis de emissão de poluentes no ar.”
Estima-se que, ao longo da nova vida útil do projeto, possam ser emitidas até 4,3 bilhões de toneladas métricas de carbono, volume que preocupa ambientalistas e especialistas em clima.
Importância estratégica da planta para o setor de gás natural
Situada na península de Burrup, a planta North West Shelf tem papel estratégico na exportação de gás natural liquefeito, sobretudo para os mercados asiáticos.
O local também representa um importante polo de emprego e desenvolvimento regional, abrigando infraestrutura de ponta para a produção, liquefação e exportação de gás.
A extensão permitirá à Woodside conectar novos campos de gás offshore, como o projeto Browse, anteriormente estagnado. Essa medida visa compensar a queda gradual na produção dos campos de gás originais da plataforma continental noroeste.
Reações do mercado e parcerias envolvidas
O mercado financeiro reagiu positivamente ao anúncio. As ações da Woodside Energy subiram cerca de 4% na tarde seguinte à divulgação da aprovação, consolidando os ganhos acumulados ao longo do dia de negociação.
O projeto North West Shelf é operado pela Woodside, mas envolve também grandes players internacionais, como BP, Chevron, Shell, além das japonesas Mitsui & Co. e Mitsubishi Corp., e a chinesa CNOOC. Essa composição reforça o peso econômico e geopolítico da planta na matriz energética global.
Pressão ambiental continua
Apesar da vitória da Woodside, a pressão ambientalista permanece. Diversas ONGs e coalizões ecológicas alertam que a extensão contradiz os compromissos internacionais assumidos pela Austrália no Acordo de Paris e enfraquece os esforços internos para reduzir as emissões até 2030.
Críticos argumentam que o projeto representa um retrocesso em um momento em que outras nações aceleram a transição para fontes renováveis de energia.
Especialistas defendem que o país deveria priorizar o desenvolvimento de tecnologias limpas e descarbonização da indústria.
A decisão de estender a vida da planta de gás natural North West Shelf reflete o dilema enfrentado por muitos países exportadores de combustíveis fósseis: equilibrar o crescimento econômico e a segurança energética com a urgência climática.