Banco de investimentos avalia fundamentos e recomenda cautela no setor de óleo e gás, diante da nova dinâmica de preços e indicadores financeiros
Em relatório publicado em 25 de março de 2025, o Goldman Sachs revisou sua posição sobre as ações da PetroRio (PRIO3) e da Brava Energia, com base em fatores técnicos e nas novas projeções para o setor de energia.
O banco retirou as recomendações de compra para ambas, ando a adotar uma visão neutra e sugerindo maior seletividade na alocação de capital no segmento.
Revisão das recomendações se baseia em múltiplos indicadores financeiros
O relatório, conforme divulgado por veículos como Exame Invest e Reuters, indicou que a decisão se baseou em uma combinação de fatores econômicos, operacionais e financeiros.
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Entre os principais, estão a valorização significativa das ações nos meses anteriores, reduzindo o potencial de valorização futura. O rendimento do fluxo de caixa livre está abaixo da média setorial, especialmente em comparação a pares internacionais.
As expectativas para crescimento de produção e reservas são menos otimistas. A nova estimativa para o preço do petróleo Brent, revista para US$ 80, está abaixo da previsão anterior de US$ 92 para o segundo semestre de 2025.
Essa reavaliação, de acordo com o Goldman Sachs, não decorre de falhas operacionais específicas, mas sim de uma análise relativa de desempenho frente ao setor.
PetroRio: fundamentos sólidos, mas avaliação sugere cautela
No caso da PetroRio, o banco reconhece avanços operacionais consistentes, como o crescimento de 13% na produção média diária registrado no quarto trimestre de 2024.
No entanto, segundo dados da Agência Estado, o fluxo de caixa livre continua inferior ao observado em outras produtoras globais.
A empresa ainda enfrenta desafios logísticos em ativos da Bacia de Campos, adquiridos em 2023. Os investimentos de expansão no valor de US$ 750 milhões, realizados em 2024, ainda estão em fase de maturação operacional.
As projeções de caixa para 2025 foram classificadas como conservadoras por analistas do BTG Pactual. Por isso, a recomendação neutra não reflete uma leitura negativa, mas sim um convite à análise mais criteriosa dos fundamentos da companhia.
Brava Energia: acompanhamento técnico reforçado após mudança na estrutura acionária
A Brava Energia também foi incluída na reavaliação após o Goldman Sachs informar à CVM, em 21 de fevereiro de 2025, que ou a deter instrumentos equivalentes a 6,54% do capital social da companhia.
A análise técnica destacou crescimento de receita inferior ao do setor, com alta de 4,2% ao ano, conforme balanço do 3º trimestre de 2024. O retorno sobre capital investido (ROIC) ficou em 5,1%, frente aos 7,8% registrados em 2023.
As pressões regulatórias aumentaram, principalmente em relação à agenda ambiental e à transparência operacional. Os custos médios de produção seguem acima da média do setor, segundo análise da XP Investimentos.
Dessa forma, o banco sugere uma leitura mais técnica e ponderada, em vez de decisões com base apenas no histórico de valorização.
Redução na projeção do Brent altera dinâmica para empresas do setor
A projeção do preço do petróleo Brent foi revista pelo Goldman Sachs em relatório citado pela Reuters em 19 de março de 2025, contribuindo para a reavaliação das empresas do setor de energia.
A estimativa foi reduzida para US$ 80 por barril, abaixo da projeção anterior de US$ 92.
A capacidade ociosa de produção permanece elevada em países da OPEP+, com destaque para Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. A produção norte-americana também avançou, especialmente no Texas.
As perspectivas de desaceleração econômica global diminuem a expectativa de crescimento da demanda. Além disso, as tensões comerciais entre grandes economias, como China e Europa, elevam os riscos logísticos no setor.
Essa conjuntura afeta diretamente a precificação de ações de empresas produtoras de petróleo.
Postura recomendada aos investidores é de análise seletiva
Conforme a atualização da carteira recomendada de abril de 2025 do Goldman Sachs, a recomendação é de seletividade ao considerar investimentos no setor de óleo e gás.
A orientação não reflete risco elevado, mas destaca a importância de acompanhar fluxos de caixa consistentes. Investidores devem buscar empresas com valuation compatível com o desempenho entregue.
A análise deve considerar também o comprometimento com práticas ESG, incluindo transparência, governança e sustentabilidade. A eficiência operacional continua sendo um diferencial importante.
O banco reitera que os investidores devem basear suas decisões de alocação em fundamentos financeiros e no contexto setorial, e não apenas no comportamento de curto prazo dos preços.
Expectativas para o setor até o fim de 2025
Segundo relatório da Agência Internacional de Energia (AIE) publicado em março de 2025, o setor de petróleo continuará sendo impactado por variáveis estruturais e conjunturais.
A volatilidade do Brent segue influenciada por instabilidade geopolítica. As decisões da OPEP+ quanto à produção devem manter influência relevante sobre os preços.
A transição energética se intensifica, exigindo inovação tecnológica e adaptação por parte das petroleiras. Exigências ambientais e sociais têm se tornado mais rigorosas, aumentando os custos de conformidade.
A inovação na extração e no refino de petróleo com menor impacto ambiental também tende a diferenciar empresas mais bem preparadas.
A resiliência e capacidade de adaptação serão essenciais para empresas que desejam manter competitividade no médio e longo prazo.