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Ghawar: o campo de petróleo na Arábia Saudita que sozinho produziu mais de 70 bilhões de barris e é quase do tamanho de um estado brasileiro

Escrito por Débora Araújo
Publicado em 06/06/2025 às 11:34
Ghawar o campo de petróleo na Arábia Saudita que sozinho produziu mais de 70 bilhões de barris e é quase do tamanho de um estado brasileiro
Imagem gerada por inteligência artificial

Descubra como o campo de petróleo Ghawar, na Arábia Saudita, já produziu mais de 70 bilhões de barris e é maior do que muitos estados brasileiros. Entenda sua importância estratégica global.

O campo de petróleo Ghawar está situado na província oriental da Arábia Saudita, estendendo-se por aproximadamente 280 quilômetros de comprimento e 30 quilômetros de largura. Com uma área total de 8.400 km², ele é maior do que o estado do Distrito Federal no Brasil e praticamente do tamanho do estado do Espírito Santo. Explorado pela Saudi Aramco, a maior empresa petrolífera do mundo, o Ghawar é reconhecido como o maior campo de petróleo do mundo em produção acumulada. Desde que começou a operar em 1951, o campo já foi responsável pela produção de mais de 70 bilhões de barris de petróleo, número que o coloca em uma posição única na história da indústria energética global.

Por que Ghawar é considerado estratégico para o mundo?

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A relevância do Ghawar vai além de seu tamanho. Este campo responde por uma parcela expressiva da produção de petróleo da Arábia Saudita, país que lidera a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e que influencia diretamente os preços internacionais da commodity.

Durante décadas, o Ghawar foi um dos principais pilares da estabilidade econômica saudita e da segurança energética global. Estima-se que, em seu auge, o campo chegou a produzir cerca de 5 milhões de barris por dia, aproximadamente 6% da demanda mundial de petróleo.

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Produção recorde e reservas estimadas

Segundo relatórios publicados pela própria Saudi Aramco e pela Agência Internacional de Energia (IEA), Ghawar já foi responsável por mais de 50% da produção total de petróleo da Arábia Saudita em diversas décadas. Até pouco tempo, muitos especialistas estimavam que o campo tinha capacidade para produzir 5 a 6 milhões de barris diários. No entanto, um relatório financeiro divulgado em 2019 revelou que sua capacidade atual gira em torno de 3,8 milhões de barris por dia — ainda assim, um número impressionante.

Estudos geológicos apontam que as reservas remanescentes de Ghawar ainda ultraam os 40 bilhões de barris recuperáveis, embora esse número seja constantemente revisado com base em novas tecnologias de extração e perfuração.

Um campo de petróleo maior que muitos estados brasileiros

Com seus mais de 8.000 km², o campo Ghawar é territorialmente maior do que o estado de Sergipe (com 21.910 km², mas proporcionalmente comparável em termos de produtividade por área) e quase do tamanho do Espírito Santo, que tem 46.095 km². Para se ter uma ideia, o campo de petróleo de Tupi (Pré-sal), no Brasil, possui cerca de 2.000 km² — menos de um quarto da área de Ghawar.

Essa escala colossal é um dos principais fatores que justificam sua dominância no setor energético global. O Ghawar é uma estrutura geológica em forma de anticlinal (dobra em forma de arco), o que facilita a concentração de grandes volumes de hidrocarbonetos em reservatórios altamente porosos e permeáveis.

O campo foi descoberto em 1948, em plena era de ouro das explorações na Península Arábica, e ou a ser desenvolvido e explorado sistematicamente a partir de 1951. A empresa estatal Saudi Aramco, na época uma t venture com a norte-americana Standard Oil, foi a responsável pela infraestrutura inicial que permitiria transformar Ghawar no coração energético do reino.

O crescimento do campo andou de mãos dadas com o desenvolvimento do próprio país, que, à época, ainda era uma monarquia tribal incipiente. Com os recursos advindos da exploração de Ghawar, a Arábia Saudita pôde investir em infraestrutura, educação, saúde e, sobretudo, em influência geopolítica.

A geologia por trás da riqueza

Ghawar está localizado em uma bacia sedimentar rica em formações de carbonatos, com características ideais para armazenar grandes volumes de petróleo leve, de alta qualidade. A rocha-reservatório principal é a formação Arab-D, composta por calcários e dolomitos com excelente porosidade.

profundidade média dos poços no campo gira em torno de 2.000 a 2.800 metros. Por ser um reservatório bem estruturado, o petróleo pode ser extraído com maior eficiência do que em campos mais fragmentados ou de difícil o, como os do pré-sal brasileiro.

A empresa estatal Saudi Aramco é a única operadora do Ghawar e detém total controle sobre sua produção e reservas. Sua transparência, no entanto, foi alvo de críticas por anos — até que, em 2019, a empresa abriu parte de seu capital ao público e foi obrigada a publicar informações detalhadas sobre sua capacidade de produção.

Com isso, ficou evidente que, embora Ghawar ainda seja gigantesco, seu pico de produção já ou. Ainda assim, seu papel como maior campo de petróleo do mundo segue sendo crucial na formulação de políticas da OPEP e nas decisões de mercado internacional.

Impacto ambiental e desafios para o futuro

Assim como outros megacampos petrolíferos, Ghawar enfrenta o desafio de equilibrar sua importância econômica com os impactos ambientais. A Arábia Saudita tem sido pressionada por organismos internacionais a diversificar sua matriz energética e reduzir sua dependência do petróleo. O país lançou o ambicioso plano Saudi Vision 2030, que inclui investimentos em energia renovável e tecnologia verde.

Ainda assim, Ghawar deve continuar operando nas próximas décadas, especialmente com a aplicação de novas tecnologias de recuperação avançada (EOR – Enhanced Oil Recovery), como a injeção de gás e CO₂ para aumentar a extração de petróleo residual.

  • Sozinho, Ghawar produziu mais petróleo do que qualquer outro país no mundo, com exceção da própria Arábia Saudita, EUA e Rússia.
  • A produção acumulada de Ghawar ultraa 70 bilhões de barris — mais do que toda a produção histórica do Brasil somada.
  • Seu nome foi mantido em sigilo estratégico por anos, sendo frequentemente omitido dos relatórios públicos da Saudi Aramco até a década de 2000.
  • Ghawar é uma referência de estudo para engenheiros de petróleo em universidades ao redor do mundo.

Comparação com outros megacampos mundiais

Campo de PetróleoLocalizaçãoProdução Acumulada (barris)Área Aproximada (km²)
GhawarArábia Saudita+70 bilhões8.400
BurganKuwait+60 bilhões1.000
SafaniyaArábia Saudita+35 bilhões6.500 (offshore)
Tupi (Lula)Brasil (Pré-sal)+15 bilhões (estimado)2.000
RumailaIraque+17 bilhões1.800

Ghawar ainda é o maior campo de petróleo do mundo?

Sim. Mesmo com declínio natural da produção, o campo de petróleo Ghawar continua sendo o maior do mundo em produção acumulada, e seu volume remanescente ainda o coloca como ativo estratégico global. Contudo, novos campos gigantes surgiram ou ganharam destaque com o avanço da exploração offshore, como o próprio pré-sal brasileiro.

Além disso, o crescimento das fontes alternativas de energia e a transição energética global colocam em dúvida até quando o petróleo de Ghawar manterá sua dominância. Ainda assim, enquanto o mundo depender da commodity, o nome Ghawar continuará reverberando nos bastidores do poder global.

Ghawar, uma potência subterrânea com influência global

O campo de petróleo Ghawar não é apenas uma façanha geológica ou uma fonte colossal de petróleo — é também um símbolo do poder que a energia fóssil ainda exerce sobre a política e a economia mundial. Maior que muitos estados brasileiros e com uma produção histórica que ultraa 70 bilhões de barris, Ghawar segue sendo a peça central da estratégia energética da Arábia Saudita.

Em um mundo que caminha para a descarbonização, Ghawar representa tanto o legado do século XX quanto os desafios do século XXI. E mesmo com a queda gradual da produção, o maior campo de petróleo do mundo continua ativo, influente e cercado de importância estratégica incomparável.

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Débora Araújo

Débora Araújo é redatora no Click Petróleo e Gás, com mais de dois anos de experiência em produção de conteúdo e mais de mil matérias publicadas sobre tecnologia, mercado de trabalho, geopolítica, indústria, construção, curiosidades e outros temas. Seu foco é produzir conteúdos íveis, bem apurados e de interesse coletivo. Para sugestões de pauta, correções ou contato direto: [email protected]

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