Estudo revela que quase metade da Geração Z não vê problema em chegar atrasado ao trabalho, desafiando padrões tradicionais de pontualidade valorizados por gerações anteriores.
Para Steve Jobs, cada minuto contava. Diferente do que pensa a geração Z, o criador da Apple era conhecido por sua disciplina rigorosa com o tempo.
Reuniões começavam pontualmente e atrasos não eram tolerados. Hoje, no entanto, quase metade da Geração Z vê isso de forma bem diferente: para muitos jovens profissionais, chegar dez minutos atrasado não é nem mesmo considerado um atraso.
Um novo conceito de pontualidade — 10 minutos? Sem problema.
Uma pesquisa publicada pela revista Fortune revelou que 46% dos trabalhadores da Geração Z não consideram problemático chegar até dez minutos depois do horário estabelecido.
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Em contraste, 70% dos profissionais da geração dos Baby Boomers acreditam que qualquer atraso é inaceitável.
A diferença entre os grupos vai além da idade: trata-se de visões opostas sobre o que significa profissionalismo.
Para muitos jovens, o horário fixo perdeu força diante de um mundo mais flexível. “Por que se estressar com alguns minutos se o trabalho está sendo feito?”, argumentou uma designer de 23 anos.
Ela contou que começa o expediente respondendo e-mails ainda no trem, o que, segundo ela, já conta como trabalho.
É uma postura moldada por experiências com home office, horários flexíveis e foco em produtividade em vez de presença física.
O tempo como valor absoluto
Steve Jobs, se estivesse vivo e ativo na Apple, certamente não aprovaria essa mudança. Famoso por sua intensidade, ele tratava o tempo como um recurso precioso.
Pontualidade, para Jobs, era mais do que um hábito — era um reflexo de compromisso.
O ex-presidente da Pixar e Disney, Ed Catmull, relembrou um episódio marcante: durante negociações com a Lucasfilm, um executivo chegava sempre atrasado como estratégia de poder.
Jobs, imível, simplesmente começava sem ele. Era a forma de mostrar que o tempo da equipe valia mais do que qualquer jogo de ego.
Jobs também eliminava rituais considerados inúteis. Aboliu apresentações em PowerPoint e instituiu as quartas-feiras sem reuniões na Apple.
Cada minuto deveria ser aproveitado ao máximo — um conceito que pode parecer extremo para os jovens de hoje.
Choque de gerações no relógio
Enquanto os Boomers defendem a pontualidade como pilar da ética profissional, os Millennials e a Geração X mostram posições intermediárias.
Apenas 39% dos Millennials, por exemplo, consideram inaceitável um atraso de dez minutos. Já a Geração Z parece liderar uma verdadeira revolução cultural no ambiente de trabalho.
Para muitos deles, o antigo modelo das 9h às 17h já não faz sentido. Se o trabalho rende das 10h às 18h, por que manter regras fixas?
Especialmente em setores como tecnologia, mídia e design, o mais valorizado é a entrega — e não a hora que o funcionário a pela porta.
Nesse contexto, horários flexíveis significam confiança. Imposições rígidas podem soar como desconfiança ou até mesmo desatualização. Mas há quem veja nisso um risco silencioso.
O impacto de chegar atrasado
Psicólogos, como Neel Burton, alertam que atrasos constantes podem revelar desorganização e até baixa inteligência emocional. No ambiente corporativo, isso não apenas irrita colegas, como pode comprometer a imagem profissional.
Mesmo em empresas mais modernas, como a GitLab e a Basecamp — que adotam modelos de trabalho assíncrono e colaboram entre fusos horários —, a clareza nos compromissos continua essencial.
Quando alguém promete estar em uma reunião às 14h, essa promessa precisa ser cumprida, mesmo que o trabalho aconteça de forma distribuída.
Nas escolas, por exemplo, o excesso de atrasos já foi associado a queda no desempenho e aumento das chances de evasão. No mercado, o resultado pode ser semelhante: falta de pontualidade nem sempre a impune, mesmo em culturas mais flexíveis.
Liberdade, mas com responsabilidade
A tendência de horários mais abertos veio para ficar. Com a ascensão do trabalho remoto e das ferramentas digitais, cada vez mais profissionais esperam autonomia total.
Para a Geração Z, esse é o novo normal. O desafio está em equilibrar essa liberdade com as expectativas de confiabilidade que ainda movem muitas empresas.
A pontualidade, por mais simples que pareça, continua sendo um sinal de respeito, seriedade e preparo. Steve Jobs sabia disso. E, goste ou não, a Geração Z ainda terá que lidar com essa percepção — especialmente em ambientes onde convivem com profissionais mais antigos, que seguem fiéis ao relógio.
Conclusão: o tempo continua valendo
A disputa entre gerações sobre o valor do tempo está longe de terminar. De um lado, a visão moderna que prioriza entregas e bem-estar. Do outro, a tradição que associa pontualidade à competência e respeito.
No fim, essa diferença não é apenas sobre relógios ou minutos, mas sobre confiança. Enquanto empresas buscam formas de adaptar suas rotinas, profissionais de todas as idades precisam encontrar um meio-termo.
Porque, mesmo em tempos de trabalho remoto e flexibilidade, o tempo continua sendo um ativo valioso — para Jobs, para as empresas e para quem quer construir uma carreira sólida.