Funcionários da Eletronuclear em Angra dos Reis iniciam greve por reajuste salarial, reivindicando direitos dos trabalhadores e protestando contra medidas da empresa.
Pela primeira vez desde sua fundação, a Eletronuclear enfrenta uma greve por tempo indeterminado de seus funcionários, marcada para começar às 0h do dia 8 de abril, terça-feira.
A paralisação, que atinge principalmente a Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA), localizada em Angra dos Reis (RJ), foi anunciada após anos de ime nas negociações salariais entre a estatal e os trabalhadores.
Segundo o Sindicato dos Eletricitários de Angra e Paraty, liderado por Cássio Tilico, a pauta principal é o não pagamento da data-base, que acumula três anos de atraso.
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Reajuste salarial é principal ponto de tensão
A reivindicação salarial é o centro da mobilização. O sindicato denuncia que a Eletronuclear deixou de aplicar os reajustes previstos pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) nos últimos dois anos.
De acordo com Tilico, os trabalhadores têm direito a um aumento de 6,76% referente ao IPCA de 2022 e 3,69% relativos ao período 2023/2024. Como a data-base vence novamente em maio, um terceiro percentual será adicionado à dívida.
“Já tentamos negociações com a empresa. Ela é autossuficiente e pode negociar, pois sobrevive da própria produção. No entanto, afirma que não pode pagar e usa como justificativa a situação de Angra 3. Se a obra de Angra 3 está parada, não se pode retirar receita de Angra 1 e 2 para pagar empréstimos. O trabalhador não pode ser penalizado por um investimento do governo”, afirma o presidente sindical.
Trabalhadores denunciam retirada de direitos e demissões
Além da questão salarial, os trabalhadores protestam contra medidas istrativas que, segundo o sindicato, podem comprometer os direitos já conquistados.
Uma das denúncias é a intenção da Eletronuclear de revogar 25 instruções normativas, o que abriria caminho para mudanças nas condições de trabalho sem consulta prévia aos empregados ou às entidades representativas.
Outra crítica é a retirada da participação sindical da comissão de dispensa coletiva. “Agora, por exemplo, a empresa anunciou que vai demitir 90 pessoas, que já entrarão em aviso prévio”, alerta Tilico.
A base da Eletronuclear em Angra dos Reis tem cerca de 1.250 funcionários, enquanto a sede no Rio de Janeiro conta com mais 550 colaboradores.
Operação das usinas da Eletronuclear será mantida em nível mínimo legal
Com a greve em curso, a operação da usina de Angra 2 será mantida com o efetivo mínimo necessário, conforme determina a legislação e os protocolos internos da empresa.
Tilico assegura que 90% dos serviços da central ficarão paralisados, representando um impacto significativo no cotidiano da estatal, embora sem comprometer, segundo ele, a segurança nuclear.
Resposta da Eletronuclear: proposta de reajuste parcial e plano de desligamentos
Em nota oficial, a Eletronuclear confirmou ter sido notificada sobre a paralisação e afirmou que, até o momento, não há previsão de greve na unidade do Rio de Janeiro.
A empresa afirma que apresentou proposta de reajuste salarial de 3,69% com base no IPCA e que lamenta o ime gerado pelas entidades sindicais.
A estatal argumenta que os sindicatos exigem a inclusão de cláusulas que, na visão da diretoria, “confeririam participação no poder de gestão da empresa”, o que violaria a Lei das Sociedades por Ações (Lei 6.404/1976) e as normas de governança interna.
Sobre as demissões, a Eletronuclear rebate a informação de cortes em massa e esclarece que 133 desligamentos estão ocorrendo de forma voluntária como parte de um plano de ajuste de custos, e que outros 90 trabalhadores aposentados também serão desligados ao longo de 2024.
A empresa destaca que tais medidas visam garantir a sustentabilidade financeira e a manutenção dos postos de trabalho ativos.
Negociação agora está nas mãos da Justiça do Trabalho
Apesar do ime, a direção da Eletronuclear afirma que permanece aberta ao diálogo com os sindicatos e mantém sua proposta de reajuste integral pelo IPCA. No entanto, como as partes não chegaram a um consenso, o caso foi encaminhado à Justiça do Trabalho, onde seguirá em análise.
A greve, inédita na história da Eletronuclear, revela o desgaste acumulado nas relações entre a istração da estatal e seus funcionários.
Em meio a questionamentos sobre transparência, direitos trabalhistas e gestão de recursos públicos, o desfecho da paralisação promete impactar não somente o futuro dos trabalhadores da empresa, mas também o andamento do setor nuclear brasileiro.
O Brasil sofre com a falta de uma Projeto de Estado para as areas de energia. Empresa Estatal não foi feita para atender acionistas mas sim a sociedade e ao Brasil. È preciso o governo sentar com a classe trabalhadora e ouvir os anseios e necessidades no dia e assim sairmos desse imblóglio istrativo