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Funcionários da Eletronuclear entram em greve histórica por reajuste salarial e direitos trabalhistas

Escrito por Ruth Rodrigues
Publicado em 07/04/2025 às 20:47
Funcionários da Eletronuclear em Angra dos Reis iniciam greve por reajuste salarial, reivindicando direitos dos trabalhadores.
Funcionários da Eletronuclear em Angra dos Reis iniciam greve por reajuste salarial, reivindicando direitos dos trabalhadores. Foto: IA

Funcionários da Eletronuclear em Angra dos Reis iniciam greve por reajuste salarial, reivindicando direitos dos trabalhadores e protestando contra medidas da empresa.

Pela primeira vez desde sua fundação, a Eletronuclear enfrenta uma greve por tempo indeterminado de seus funcionários, marcada para começar às 0h do dia 8 de abril, terça-feira.

A paralisação, que atinge principalmente a Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA), localizada em Angra dos Reis (RJ), foi anunciada após anos de ime nas negociações salariais entre a estatal e os trabalhadores.

Segundo o Sindicato dos Eletricitários de Angra e Paraty, liderado por Cássio Tilico, a pauta principal é o não pagamento da data-base, que acumula três anos de atraso.

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Reajuste salarial é principal ponto de tensão

A reivindicação salarial é o centro da mobilização. O sindicato denuncia que a Eletronuclear deixou de aplicar os reajustes previstos pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) nos últimos dois anos.

De acordo com Tilico, os trabalhadores têm direito a um aumento de 6,76% referente ao IPCA de 2022 e 3,69% relativos ao período 2023/2024. Como a data-base vence novamente em maio, um terceiro percentual será adicionado à dívida.

“Já tentamos negociações com a empresa. Ela é autossuficiente e pode negociar, pois sobrevive da própria produção. No entanto, afirma que não pode pagar e usa como justificativa a situação de Angra 3. Se a obra de Angra 3 está parada, não se pode retirar receita de Angra 1 e 2 para pagar empréstimos. O trabalhador não pode ser penalizado por um investimento do governo”, afirma o presidente sindical.

Trabalhadores denunciam retirada de direitos e demissões

Além da questão salarial, os trabalhadores protestam contra medidas istrativas que, segundo o sindicato, podem comprometer os direitos já conquistados.

Uma das denúncias é a intenção da Eletronuclear de revogar 25 instruções normativas, o que abriria caminho para mudanças nas condições de trabalho sem consulta prévia aos empregados ou às entidades representativas.

Outra crítica é a retirada da participação sindical da comissão de dispensa coletiva. “Agora, por exemplo, a empresa anunciou que vai demitir 90 pessoas, que já entrarão em aviso prévio”, alerta Tilico.

A base da Eletronuclear em Angra dos Reis tem cerca de 1.250 funcionários, enquanto a sede no Rio de Janeiro conta com mais 550 colaboradores.

Com a greve em curso, a operação da usina de Angra 2 será mantida com o efetivo mínimo necessário, conforme determina a legislação e os protocolos internos da empresa.

Tilico assegura que 90% dos serviços da central ficarão paralisados, representando um impacto significativo no cotidiano da estatal, embora sem comprometer, segundo ele, a segurança nuclear.

Resposta da Eletronuclear: proposta de reajuste parcial e plano de desligamentos

Em nota oficial, a Eletronuclear confirmou ter sido notificada sobre a paralisação e afirmou que, até o momento, não há previsão de greve na unidade do Rio de Janeiro.

A empresa afirma que apresentou proposta de reajuste salarial de 3,69% com base no IPCA e que lamenta o ime gerado pelas entidades sindicais.

A estatal argumenta que os sindicatos exigem a inclusão de cláusulas que, na visão da diretoria, “confeririam participação no poder de gestão da empresa”, o que violaria a Lei das Sociedades por Ações (Lei 6.404/1976) e as normas de governança interna.

Sobre as demissões, a Eletronuclear rebate a informação de cortes em massa e esclarece que 133 desligamentos estão ocorrendo de forma voluntária como parte de um plano de ajuste de custos, e que outros 90 trabalhadores aposentados também serão desligados ao longo de 2024.

A empresa destaca que tais medidas visam garantir a sustentabilidade financeira e a manutenção dos postos de trabalho ativos.

Negociação agora está nas mãos da Justiça do Trabalho

Apesar do ime, a direção da Eletronuclear afirma que permanece aberta ao diálogo com os sindicatos e mantém sua proposta de reajuste integral pelo IPCA. No entanto, como as partes não chegaram a um consenso, o caso foi encaminhado à Justiça do Trabalho, onde seguirá em análise.

A greve, inédita na história da Eletronuclear, revela o desgaste acumulado nas relações entre a istração da estatal e seus funcionários.

Em meio a questionamentos sobre transparência, direitos trabalhistas e gestão de recursos públicos, o desfecho da paralisação promete impactar não somente o futuro dos trabalhadores da empresa, mas também o andamento do setor nuclear brasileiro.

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alms
alms
09/04/2025 10:39

O Brasil sofre com a falta de uma Projeto de Estado para as areas de energia. Empresa Estatal não foi feita para atender acionistas mas sim a sociedade e ao Brasil. È preciso o governo sentar com a classe trabalhadora e ouvir os anseios e necessidades no dia e assim sairmos desse imblóglio istrativo

Ruth Rodrigues

Formada em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), atua como redatora e divulgadora científica.

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