Diretora do FMI aponta instabilidade nos mercados e risco ao crescimento mundial, mas descarta recessão; novo cenário pressiona países e investidores diante da mudança no comércio global.
Os aumentos nas tarifas dos EUA, promovidos pela istração Trump, estão gerando instabilidade econômica em escala internacional. A avaliação é da diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, que alertou sobre os impactos dessa política nos mercados financeiros e no crescimento econômico mundial.
Embora reconheça que os novos impostos sobre as importações possam desacelerar a economia global, Georgieva descartou a possibilidade de uma recessão mundial neste momento. Segundo ela, o maior risco está no aumento da incerteza, especialmente diante do que chamou de “reinício do sistema de comércio global”, que coloca pressão adicional sobre países e investidores.
Política tarifária de Trump afeta cadeias de abastecimento e causa volatilidade
Desde que reassumiu a presidência dos Estados Unidos, Trump tem adotado uma postura firme em relação às tarifas sobre produtos importados, especialmente vindos da China. O objetivo declarado é proteger a indústria nacional e estimular a produção interna. No entanto, o FMI alerta que essa estratégia pode ser custosa para a economia global, devido à complexidade das cadeias de produção internacional.
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De acordo com Georgieva, “as tarifas causam incerteza, o que pode ser dispendioso”. Um único produto pode ser impactado por impostos aplicados em dezenas de países, o que eleva os custos para empresas e consumidores. Isso, por sua vez, contribui para a instabilidade nos mercados financeiros.
Em Wall Street, por exemplo, têm sido registradas oscilações significativas, tanto diárias quanto intra-horárias. Essas flutuações refletem a apreensão dos investidores em relação aos desdobramentos da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China.
FMI recomenda redução de barreiras comerciais
Apesar das críticas à política tarifária dos Estados Unidos, a diretora-geral do FMI reconheceu que há preocupações legítimas por parte do governo Trump. Ela destacou que muitos países mantêm barreiras tarifárias e não tarifárias que distorcem o comércio global.
O FMI recomenda que os países busquem reduzir esses obstáculos, retomando o processo de liberalização comercial que avançou de forma consistente após a Segunda Guerra Mundial, mas que está praticamente estagnado há uma década.
“As distorções comerciais têm alimentado percepções negativas de um sistema multilateral que se considera não ter conseguido criar condições equitativas”, afirmou Georgieva.
Perspectivas para a economia mundial
As últimas projeções do FMI, divulgadas em janeiro, apontam para um crescimento de 3,3% da economia global em 2025 e 2026, ligeiramente acima dos 3,2% registrados em 2024. A inflação, que subiu após a pandemia de covid-19, deve continuar em queda, ando de 5,7% em 2024 para 4,2% neste ano e 3,5% em 2026.
No entanto, o próprio FMI reconhece que essas estimativas podem sofrer alterações, especialmente diante do agravamento das disputas comerciais entre os Estados Unidos e a China. Em publicação recente, o economista-chefe da entidade, Pierre-Olivier Gourinchas, alertou que as políticas defendidas por Trump podem pressionar a inflação no curto prazo.
Escalada nas tarifas entre EUA e China preocupa analistas
Desde o início de seu novo mandato, Trump tem mantido uma política agressiva em relação à China. A cada nova rodada de aumentos nas tarifas dos EUA, o governo chinês responde com medidas equivalentes sobre produtos norte-americanos. Esse cenário contribui para o acirramento das tensões comerciais e reforça a possibilidade de impactos duradouros no comércio internacional.
Embora Trump tenha recuado em algumas ameaças tarifárias, não há sinais de que a política vá mudar no curto prazo. A guerra comercial entre os dois maiores parceiros comerciais do mundo está em um ponto de tensão, e especialistas alertam que os desdobramentos podem afetar as economias de diversos países, inclusive o Brasil.
Fonte: Euronews