Descubra a história do Edifício Flatiron, o icônico arranha-céu que, com seu formato singular, tornou-se um emblema da paisagem e do espírito inovador de Nova York.
No início do século XX, o Edifício Flatiron surgiu em Nova York. Originalmente chamado Fuller Building, sua forma triangular única rapidamente o destacou. A silhueta, que lembra a proa de um navio, transformou-o em um dos símbolos mais reconhecíveis da cidade. Este artigo explora a gênese e o impacto cultural deste marco arquitetônico.
O surgimento do Fuller Building
Nova York fervilhava no começo do século XX. A urbanização e a prosperidade impulsionavam uma “corrida aos arranha-céus”. Empresas buscavam prestígio com edifícios altos e impressionantes. Neste cenário, a Fuller Company de Chicago, sob o comando de Harry S. Black, planejou sua nova sede. O objetivo era criar um novo distrito comercial ao norte de Wall Street. O edifício seria nomeado Fuller Building, em homenagem a George A. Fuller, fundador da empresa.
O local escolhido era singular: um terreno triangular na confluência da Quinta Avenida, Broadway e as Ruas 22 e 23. Popularmente, o lote já era chamado “Flat Iron” (ferro de engomar) devido à sua forma. Daniel H. Burnham, da D.H. Burnham & Co., auxiliado por Frederick Dinkelberg, foi o arquiteto comissionado. Concluído em 1902, o público o apelidou de “Flatiron Building”. A forma do lote ditou uma arquitetura dramática e memorável, diferente dos edifícios retangulares da época. A escolha de um arquiteto de Chicago e um design vertical arrojado representaram uma declaração de modernidade.
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A metáfora náutica: Design e a icônica “proa”
O design do Flatiron é uma resposta direta ao terreno triangular. Burnham maximizou o uso do “lote de formato estranho”. O vértice norte, onde as fachadas convergem, tem apenas cerca de 2 metros de largura. Esta extremidade afilada, com 87 metros de altura, é crucial para sua analogia náutica.
Estilisticamente, o Flatiron combina o Beaux-Arts com a Escola de Chicago. O Beaux-Arts é visto na organização tripartida da fachada (base, corpo, capitel) e na rica ornamentação com calcário e terracota. Burnham o concebeu como um “palazzo renascentista vertical”. A influência da Escola de Chicago aparece na expressão estrutural e na forte verticalidade. Ele se elevava diretamente da rua, diferente de outros arranha-céus.
Seu vértice norte, a “proa”, define sua identidade. A Comissão de Preservação de Marcos Históricos de Nova Iorque, em 1966, comparou-o a “um grande navio a navegar pela Avenida”. H.G. Wells, em 1906, irou “a proa do Edifício Flat-iron… a sulcar o tráfego”. Alfred Stieglitz o viu “mover-se… como a proa de um monstruoso navio a vapor oceânico”. O edifício é coberto de ornamentos, criando uma tensão entre forma moderna e decoração tradicional. A analogia da “proa de navio” sugere movimento e progresso, alinhando-se à energia de Nova York.
Construindo o arranha-céu
A construção do Flatiron em Nova York demonstrou o brilhantismo da engenharia da época. Utilizou uma estrutura de esqueleto de aço, um conceito revolucionário. Isso permitiu altura e estabilidade no terreno estreito. A construção foi rápida, com um novo piso erguido a cada semana.
O perfil esbelto gerou desafios, especialmente contra as forças do vento. Os engenheiros Purdy e Henderson implementaram um robusto sistema de contraventamento em aço. Ele foi projetado para ar ventos quatro vezes superiores ao esperado. Isso respondia aos receios sobre a estabilidade do edifício.
Apesar da engenharia sólida, o Flatiron enfrentou ceticismo. Muitos temiam seu colapso. Ganhou o apelido “Burnham’s Folly” (A Loucura de Burnham). Jornais especulavam sobre um “perigoso efeito de túnel de vento”. O New York Tribune o chamou de “fatia de tarte mesquinha”. O The New York Times o considerou uma “monstruosidade”. Havia queixas sobre escritórios apertados e falta de banheiros femininos. Contudo, a estrutura provou ser forte. A controvérsia aumentou sua notoriedade, transformando-o de “loucura” em um ícone.