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Estudo com mais de 9 mil crianças mostra como o estresse infantil altera conexões cerebrais e influencia o desempenho cognitivo no futuro

Publicado em 11/04/2025 às 22:25
Desempenho cognitivo, Cérebro, Substância Branca
Imagem ilustrativa. Foto: IA

Estudo aponta que experiências adversas precoces têm efeitos duradouros na estrutura cerebral, aumentando o risco de problemas cognitivos e emocionais

Pesquisadores do Mass General Brigham descobriram uma ligação direta entre experiências adversas na primeira infância e alterações no desenvolvimento cerebral durante a adolescência. O foco do estudo foi a substância branca, responsável por conectar diferentes regiões do cérebro.

Resultados indicam que conexões menos desenvolvidas estão ligadas a desempenho cognitivo inferior. O estudo também apontou que certos fatores sociais podem ajudar a reduzir os impactos negativos.

A substância branca funciona como uma rede de comunicação dentro do cérebro. Ela permite que diferentes áreas trabalhem juntas para sustentar pensamentos e comportamentos.

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Essas conexões continuam se desenvolvendo durante toda a infância. O ambiente no qual uma criança cresce pode influenciar diretamente esse processo.

Sofia Carozza, PhD, e Amar Dhand, MD, PhD, lideraram a pesquisa. Ambos fazem parte do Departamento de Neurologia do Brigham and Women’s Hospital, que integra o sistema Mass General Brigham.

Eles quiseram entender como experiências precoces afetam o cérebro adolescente e, consequentemente, o desempenho cognitivo.

Estudo com mais de 9 mil crianças

Os pesquisadores usaram dados do estudo Desenvolvimento Cognitivo do Cérebro Adolescente (ABCD). Esse levantamento é financiado pelos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos e abrange 21 centros de pesquisa no país.

Foram analisados dados de 9.082 crianças, com idade média de 9,5 anos. Cerca da metade das participantes eram meninas.

A base de dados incluía informações sobre atividade cerebral, estrutura do cérebro, habilidades cognitivas, ambiente de vida, humor e saúde mental. Entre os fatores ambientais analisados estavam riscos pré-natais, privação econômica, adversidades interpessoais, dificuldades na vizinhança e elementos de apoio social.

Os cientistas usaram imagens de difusão do cérebro para medir duas características da substância branca: anisotropia fracionada (AF), que estima a integridade das conexões, e contagem simplificada, que calcula sua força.

Com isso, compararam os resultados com fatores ambientais da infância e com habilidades cognitivas das crianças, como linguagem e cálculo mental.

Os resultados evidenciaram que experiências adversas na infância estão ligadas a diferenças amplas nas conexões da substância branca. Essas mudanças apareceram em várias regiões do cérebro, especialmente nas áreas relacionadas à aritmética mental e à linguagem receptiva.

Carozza destacou que os efeitos das adversidades não se concentram apenas em um ou dois pontos do cérebro. “Os aspectos da substância branca que demonstram uma relação com o ambiente em que vivemos no início da vida são muito mais presentes no cérebro do que pensávamos. Em vez de ser apenas um ou dois tratos importantes para a cognição, todo o cérebro está relacionado às adversidades que alguém pode enfrentar no início da vida”, afirmou.

Essas diferenças nas conexões cerebrais explicam, em parte, por que crianças que aram por adversidades tendem a ter desempenho cognitivo mais baixo na adolescência. No entanto, os pesquisadores também observaram algo positivo.

Fatores de proteção fazem diferença no desempenho cognitivo

Alguns elementos do ambiente social funcionam como proteção para o cérebro em desenvolvimento. Entre eles, estão o apoio dos pais e uma forte coesão na vizinhança. Esses fatores ajudaram a reduzir os efeitos negativos observados na substância branca.

Carozza comentou a importância de garantir um ambiente estável durante a infância. “Estamos todos inseridos em um ambiente, e características desse ambiente, como nossos relacionamentos, vida doméstica, vizinhança ou circunstâncias materiais, podem moldar o desenvolvimento de nossos cérebros e corpos, o que, por sua vez, afeta o que podemos fazer com eles”, disse Carozza.

“Devemos trabalhar para garantir que mais pessoas possam ter a vida doméstica estável e saudável que o cérebro espera, especialmente na infância.”, concluiu.

Apesar dos avanços, os autores ressaltam limites do estudo. Os dados são observacionais e as imagens cerebrais foram coletadas somente uma vez. Por isso, não é possível afirmar relações de causa e efeito com certeza.

Para confirmar os resultados, seriam necessários estudos que acompanhem as crianças por mais tempo, coletando imagens cerebrais em diferentes fases. Mesmo assim, os achados lançam luz sobre como o ambiente infantil pode influenciar o desenvolvimento cognitivo mais tarde.

Com informações de SciTechDaily.

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Romário Pereira de Carvalho

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